domingo, 5 de junho de 2016

Resenha: Reportagem na TV: como fazer, como produzir, como editar




Por Giselle Silva, Lília Santos e Thailor Gonçalves

O primeiro capítulo fala sobre o trabalho em equipe a partir do caso do avião da Tam que se envolveu em um acidente em São Paulo, no dia 17 de julho de 2007. Os autores descrevem como seus colegas de trabalho da redação onde trabalhavam se mobilizaram para noticiar o acontecido. Na época, segundo eles, em função de dificuldades técnicas e de recursos, enfrentaram extrema dificuldade para chegar ao local do acontecimento e noticiá-lo com presteza. Foi necessário fazer uma edição do telejornal ao vivo, direto do local do acidente, mesmo sem tempo necessário para produção de reportagens.

A partir desse relato, o livro expõe uma questão: “O que diferencia o jornalismo?” E responde: “A notícia”. Segundo os autores, é o jornalista quem se responsabiliza em tornar um fato em notícia a partir de seus conhecimentos e critérios de noticiabilidade.

A seguir, fala-se da importância do trabalho em equipe e explica um modelo de organograma de uma redação de televisão.

A produção do conteúdo jornalístico de TV se divide em factuais (pautas quentes) e matérias produzidas (pautas frias). As factuais são o registro de acontecimentos recentes de última hora que não foram planejados. Já as produzidas são assuntos pesquisados e produzidos antecipadamente.

O livro também discute a respeito do “interesse público” e “interesse do público”. O autor argumenta que o interesse público é aquilo que a sociedade precisa saber, por exemplo, a posse do presidente em exercício Michel Temer. Já o interesse do público é tudo que desperta a curiosidade, mas que não irá interferir na vida da população – a separação de Joelma e Chimbinha, da banda Calypso, por exemplo.

Os autores explanam também sobre edição Apontam diferenças básicas entre o papel do repórter e o editor. Descreve o cuidado que o jornalista deve ter na hora de fazer uma reportagem do dia a dia e uma especial. Revelam que não se deve abusar dos efeitos especiais gráficos, que servem para chamar atenção do telespectador para um ou outro detalhe, sempre tendo o cuidado de não alterar a veracidade das informações.

O mito de que na ilha de edição acontecem mágicas é derrubado pelos autores. É preciso uma visão geral do editor e repórter sobre material bruto, antes mesmo de começar a escrever e definir o que irá entrar em cada parte, para levar o telespectador acompanhar o conteúdo até o final. O detalhe para o tratamento de edição de uma reportagem especial para uma matéria do dia a dia precisa ser diferenciado, é preciso criar artes, vinhetas, uma linguagem visual atraente e adequada ao conteúdo produzido.

A TV trabalha com dois sentidos: a visão e audição. No que diz respeito ao áudio, alguns cuidados são necessários, como por exemplo, usar offs com trilhas brancas, ou seja, discretas. Por outro lado, músicas com letras são bem vindas para dar um respiro às reportagens. O som ambiente e o background são de extrema importância, pois ele dá vida a matéria, mas também pode atrapalhar a atenção do telespectador.

Para a produção de reportagens televisivas, os autores deixam claro que este tipo informação não se faz com poucas cabeças pensando. Eles dizem que, para que tudo ocorra bem, é preciso que a equipe trabalhe em harmonia para organizar a história com começo, meio e fim. O trabalho pode ter várias áreas de produção e fica mais fácil quando todas as cabeças pensantes, dentro de suas especificidades e planejamento, estão envolvidas desde o princípio.

Quando o assunto é denunciar, fazer uma matéria investigativa, o livro descreve como o fascínio pelo jornalismo pode ser uma arma útil, pois essa tarefa envolve inquietação, desvendar segredos, adrenalina, sussurros. Fazer uma reportagem investigativa é tarefa arriscada, um serviço de inteligência, cruzamento de dados e constatação dos fatos.

Os autores discutem que a sociedade perde em não entender por que tantos casos são denunciados sem que ocorra de fato uma condenação aos criminosos envolvidos neles. Ainda citam o caso da menina Isabella Nardoni que, por causa das especulações da mídia, o juiz de do caso, Maurício Fossen, decretou a prisão dos acusados. Mas alerta para os excessos, pois em matérias televisivas, o sensacionalismo e o exagero podem tomar proporções ainda maiores.

O livro ainda chama a atenção para os cuidados no fazer jornalístico. Isso porque, às vezes, o profissional toma o lugar que pertence a outro poder: a punição dos acusados. A consequência é a reclamação ou inquietação da sociedade para os exageros de dossiês, escutas telefônicas, documentos sigilosos apresentados pela imprensa que por muitas vezes, são baseadas em suposições do que fatos concretos.

A discussão chega nas perguntas: existe a possibilidade de fazer jornalismo investigativo sem usar uma câmera escondida? Existe a opção de usar a câmera escondida e viver na fronteira da lei?

A justificativa de usar essas ferramentas e táticas são consideradas apropriadas quando a informação é de interesse público e quando se é o único recurso para se conseguir as informações necessárias para a reportagem. Mas até onde podemos ir em uma matéria investigativa? A melhor resposta ainda continua sendo o bom senso do repórter em saber seus limites éticos e avaliar seus riscos.

O livro relata sobre um caso no qual uma senhora idosa, comerciante, vai até uma delegacia de polícia para reportar o recebimento de uma nota de 50 reais falsa. Ela relata o acontecido a um policial, que despreza o ocorrido, alegando que caso tomasse as providências necessárias para investigar a situação, faria muito trabalho para não dar em nada. A autoridade policial, ainda, orienta que a senhora passe a nota adiante ou assuma o prejuízo.

O autor resolve que essa era uma matéria em potencial, mas se depara com o desafio de preparar um material para TV sem imagem da senhora, nem do policial. Um conflito ético também passa pela cabeça do jornalista, que se pergunta se tratava-se de um caso isolado, fruto de um momento de desleixo. Diante disso, parte, no dia seguinte, rumo a algumas delegacias da cidade com uma nota falsa e repete a mesma reclamação da senhorinha. A constatação: nas 10 delegacias visitadas a resposta foi a mesma que a idosa recebera.

Utiliza-se esse fato para ilustrar a importância do que ele chama de “repórter sem rosto”. Propõe que o leitor imagine que a mesma apuração fosse feita por um profissional que aparece na TV, aquele que empunha o microfone durante as reportagens. Ressalta-se que a integridade física do repórter é mais importante que o trabalho, afinal de contas, ele tem família o aguardando em casa.

A seguir, exemplifica-se com outra reportagem, Cocaína na fronteira, vencedora do Prêmio Embratel 2008. Ela conta os bastidores da realização da matéria, os desafios encontrados numa cidade onde a marca é a ausência do poder público e a presença do tráfico de drogas feito pelas Forças Revolucionárias da Colômbia, as Farc. O texto da reportagem é integralmente publicado no livro.

Afirma-se que se deve partir do seguinte princípio para se revelar a imagem de alguém pego em flagrante, por meio de câmera escondida, no cometimento de um crime: se a pessoa tiver consciência da irregularidade da ação ou se tratar de um diretor ou gerente e tiver poder de decisão no esquema.

Ainda acrescenta-se que é preciso avaliar, na hora de decidir mostrar ou não o rosto dos envolvidos, aquilo que é permitido por lei, “e o que é menos arriscado, na tentativa de diminuir as chances de um processo” (p. 105). Uma pessoa que foi gravada sem que tivesse o conhecimento prévio disso pode entrar na justiça contra o profissional que fez a gravação e contra o veículo.

Para que um repórter possa levantar suas próprias pautas é imprescindível que tenha boas fontes. Elas podem passar informações privilegiadas, documentos, dicas etc. No entanto, há que se tomar cuidado com os dados obtidos por meio delas. “Fonte não tem que ser honesta, tem é que ter informação” (p. 106). A responsabilidade por informações inverídicas divulgadas em uma reportagem é do jornalista, não da fonte. É dever do profissional checar tudo o que é passado e identificar possíveis interesses escusos por trás das informações passadas.

O jornalista bem preparado é aquele que reúne um bom conhecimento teórico e experiência profissional. É aquele que reconhece a importância de se preparar bem teoricamente, conhecer técnicas e acumular conhecimento e informações, mas que não despreza a vivência prática.

Outro aspecto fundamental para o sucesso de um trabalho jornalístico é a união do vigor do jovem jornalista e a experiência e expertise de um profissional que goza de longa trajetória. Uma traz a vivacidade, o desejo quase desenfreado de fazer. O outro, a sabedoria, a esperteza e a ciência do que rende e do que não rende, daquilo que vai dar certo e do que não adianta insistir.

Grandes coberturas são aquelas que se caracterizam pela magnitude do acontecimento, ou seja, pelo quanto os fatos que as envolvem impactam a vida das pessoas, e pelo apelo junto ao público. Como exemplos, são citados a visita do Papa Bento XVI ao Brasil, em 2007, e o sequestro das jovens Eloá e Nayara, em 2008, pelo ex-namorado de Eloá, Lindemberg Faria, ocorrido na Grande São Paulo.

Sobre o caso acontecido em São Paulo, o texto trata da questão ética que envolve a atuação da imprensa. O modo como a maioria das emissoras de TV abordou o sequestro foi posto em voga pelos autores. Destacou-se a postura da Rede TV!, por meio do programa “A Tarde é Sua”, que entrevistou o sequestrador ao vivo, desprezando a orientação da polícia militar de São Paulo de não fazer entradas ao vivo.

Acerca da visita do Papa, abordou-se sobre o modo como se daria a abordagem da visita. No caso do SBT, havia a preocupação de se levar em consideração o contexto social e religioso da época e o que estava por trás da visita. A igreja Católica vivia mudanças (como a instituição de mais diáconos nas comunidades, em vez de padres), sofria com a perda de fiéis, que rumavam às igrejas evangélicas e com escândalos de pedofilia.

A televisão lança mão de dois sentidos humanos para a emissão do seu conteúdo: a visão e a audição. Por meio deles, o jornalismo televisivo está comprometido em passa informações com clareza e credibilidade. E os sentidos desempenham papel fundamental para que o jornalismo de TV cumpra a sua função de informar corretamente.

Os profissionais que trabalham nesse veículo devem se preocupar com o modo como utilizam a voz, um de seus principais recursos. Outrora, no início da TV no Brasil, que desenvolveu-se sob os moldes do rádio, os profissionais utilizavam a voz empostada, quase interpretada.

Atualmente, com os avanços na tecnologia e as mudanças sociais, vivemos um tempo onde os jornalistas de televisão adotam um tom informal, próximo, coloquial. Assemelha-se a uma conversa.  No Jornal Nacional, da TV Globo, o editor-chefe e apresentador William Bonner não raramente chama a apresentadora da previsão do tempo, Maria Júlia Coutinho, por um apelido carinhoso: Maju.

“A voz é a nossa primeira forma de comunicação” (p. 128). Aqui, os autores dão dicas de como cuidar da voz e preservar uma das principais ferramentas de trabalho do telejornalista. Eis algumas delas:

- Hidrate-se. Beba muita água;

- Não fume;

- Procure não ingerir bebidas alcoólicas;

- Evite hábitos nocivos à voz, como falar ou rir alto, pigarrear, tossir ou gritar constantemente;

- Não sussurre;
- Evite ambientes com ar condicionado;

Entre outros.

O aquecimento vocal é vital para driblar dificuldades vocais. Há exercícios que podem ajudar a se expressar melhor. Exercícios de articulação ajudam a falar com mais clareza, de modo a ser melhor compreendido quando se fala. São exercícios para “destravar” a articulação.

O sotaque é a marca de determinada região geográfica ou social. Se ele prejudicar a atuação do profissional, existem exercícios que podem ajudar a suavizá-los. São fundamentais para alterar o sentido do texto. São eles: modulação da voz, a ênfase, a pausa, a velocidade da fala e os gestos. Quando usados e combinados corretamente, contribuem para dar sentido ao texto jornalístico.

Serviço

Reportagem na TV: como fazer, como produzir, como editar

Autores: Alexandre Carvalho, Fábio Diamante, Sérgio Utsch e Thiago Bruniera

Editora Contexto

Disponível pelo menor preço na loja virtual do Extra Hipermercados, por R$ 23,92: http://goo.gl/woZOpD




3 comentários:

  1. Gostei da indicação de lugar e preço pra comprar. Risos.

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  2. Bom dia preciso da vossa ajuda como faço para propor a minha situação corrente é muito urgente que vos peço ajuda.o meu n.tm.e 925794002 sou uma pessoa muito doente .Com a maxima atenção aguardo resposta os meus agradecimentos .Ana paula jacinto mendes.

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