O céu e inferno de Samuel Wainer
Por: Nayra Andrade
De
um simples judeu do bairro Bom Retiro, em São Paulo, para um dos repórteres que
mais chamou a atenção dos magnatas comunicadores. Samuel Wainer, jornalista
fundador do jornal "Última Hora", teve sua biografia contada em Minha razão de
viver: memórias de um repórter. A obra é um emaranhado de memórias transcritas por sua filha, Pikny
Wainer, anos após sua morte.
A
iniciação no jornalismo e suas relações estreitas com Getúlio Vargas são
expostas nessa emocionante viagem ao passado que remete tanto o nosso atual
cenário político. Em suas memórias, Wainer traça um excitante panorama da
história política do Brasil, retratado por alguém que viveu por diversas vezes à sombra
do poder. O jornalismo, na época em que viveu o digníssimo jornalista Wainer,
servia de escada para a política. Um momento conturbado na democracia
brasileira.
Sua
verdadeira razão de viver é encontrada
quando da vida ao seu próprio jornal “Última Hora”, apoiando o governo
getulista, seu céu e seu inferno.
Um
dos principais feitos de Wainer no jornal foi quebrar o silêncio sobre Getulio
Vargas na imprensa. Por ser o único que cobria o dia-a-dia do presidente, constantemente
estava à frente dos demais jornais no período. O jornalista precisou lidar com perseguições
de Carlos Lacerda e Assis Chateubriand.
A
narrativa ainda detalha que Wainer algumas vezes se deixou levar por sua
posição e cometeu alguns erros e sofreu manipulações, mas não se envergonha de
sua história.
O
momento político retratado na obra, e o período em que vivemos atualmente não
se difere. Perseguições políticas são levantadas. Apoiadores e protestantes contra
o governo existem há anos, e fazem parte dos brasileiros. O favorecimento ainda
persiste no meio jornalístico, julgamentos
a amizade de Wainer e Vargas não são cabíveis. Os jornais continuam levantando
suas bandeiras políticas descaradamente em suas páginas e sempre haverá o lado
contra e o a favor, e cada um perseguindo o outro.
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