sexta-feira, 17 de junho de 2016

“Minha Razão de Viver: Memórias de um Repórter”


Resenha: Livro “Minha Razão de Viver: Memórias de um Repórter”

Por: Rúbia Costa/ RA: 11224226

O menino judeu, nascido em Bessarábia, uma das repúblicas da ex-União Soviética, deixou o país de origem por uma perseguição ao povo judaico, para escrever sua história nas páginas dos jornais do Brasil. O livro “Minha Razão de Viver: Memórias de um Repórter” (Rio de Janeiro: Record,1988) traz autobiografia do jornalista Samuel Wainer.

A obra organizada pelo também jornalista Augusto Nunes, guia os leitores pelas memórias de Wainer, que foram gravadas em fitas transcritas décadas depois, pela filha Pinky Wainer. Suas lembranças vão de momentos decisivos na história internacional e, principalmente, nacional. Samuel descreve ocasiões vividas desde a partilha da Palestina, em 1948, acompanhando o trabalho de colegas de profissão que faziam a cobertura do acontecimento, pelos Diários Associados, até o suicídio do então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, em agosto de 1954.

Vargas e Wainer tornaram-se amigos, durante o segundo governo dele, nos anos 50. Essa amizade proporcionou a Samuel conhecer o jogo político por trás da cortina.  Ainda neste período, foi fundado por ele o jornal “Última Hora”, que teve papel fundamental nos momentos que antecederam o suicídio de Getúlio Vargas, até após  a morte dele, com gritos e manifestações populares pelo presidente, em frente ao prédio do noticioso.

Os desdobramentos do poder e relações políticas da época, são convergentes em alguns pontos com o cenário político de hoje: Getúlio Vargas e Dilma Rousseff governaram para o povo. Os dois buscaram políticas que trouxessem melhores condições de vida para classes mais pobres. A petista seguiu com os programas “Minha Casa, minha vida”, “Prouni”, “Fies”, ”Bolsa Família”, frutos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O populista Vargas deu início a modernização do país, provocando êxodo rural e emergindo o operariado. Essas medidas não agradaram a elite brasileira nos dois períodos.

Também como governo de Getúlio passou por crise e cobranças, no segundo mandato de Dilma esses fatores estiveram presentes. Nos anos 50, durante o segundo governo de Vargas, a classe operária cobrou melhores salários e direitos sociais, fazendo greves e manifestações pelo país. A petista passou pela cobrança da população, em decorrência do aumento do desemprego e agravo da crise econômica.

As pressões das relações políticas e influência da notícia no jogo do poder foi vivenciada pelos dois, nos seguintes aspectos: o jornalista Carlos Lacerda acusava Getúlio de corrupção, publicando notícias falsas sobre ele. Assim como, a revista Veja que em várias ocasiões veiculou capas e manchetes desmoralizando a gestão de Dilma. A perda de apoio no congresso e a troca de lado dos vice-presidentes, Café Filho e o atual presidente em exercício, Michel Temer.

Em Minha Razão de Viver, é possível enxergar o interesse político em busca do poder. A influência das notícias na construção da verdade para cada cidadão e como os personagens da história são tão similares e simbióticos.


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