Jornalismo Literário - Felipe Pena
Grupo: Danilo Silveira, Igor Lucas, Karla Cristina, Mirianne Torres,
Rafaela Gouvêa, Vanessa Alves
CAPÍTULO
I
Mirianne Torres
Conclusão
Conclusiva
O
livro começa com a fábula dos cotovelos; No conto um jornalista vai fazer uma
matéria sobre a diferença entre os ambientes do céu e o inferno. Indo aos dois
locais ele percebe uma exata semelhança entre os locais e a forma como as
pessoas são tratadas e belas em ambos os locais, inclusive uma peculiaridade;
nos dois ambientes os moradores têm os cotovelos virados.
E
por isso, o jornalista pensou que em ambos ambientes as pessoas passassem fome,
por não conseguirem se alimentar por terem em comum àquela deficiência. Mas, ao
contrário dos moradores do inferno, os do céu tinham a solidariedade de
alimentar uns aos outros e assim não passavam fome.
Na
história o autor da obra, Felipe Penna, atenta para a cegueira ética na
humanidade, que está muito além da solidariedade e fraternidade que é observada
na maioria das vezes como a moral da história.
Além da redação: A estrela de sete pontas
O
autor acusa os profissionais da notícia de “prisioneiros das lógicas”, para ele
jornalistas sérios buscam alternativas uma delas é o Jornalismo Literário. Não se
trata de uma fuga do limbo do jornalismo comercial, mas sim, uma forma de
exercer a literatura no jornalismo com textos com conteúdos mais interessantes,
mais profundos e complexos. Esses critérios são chamados de Estrela de sete pontas.
·
Primeira: é potencializar os recursos jornalístico - Isso não significa disser
que o autor deixou de lado o jornalismo diário, apenas preserva alguns critérios e hábitos que juga ser
fundamental para o exercício da profissão como uma apuração rigorosa e
abordagem ética e a clareza no que está sendo contado.
·
Segunda: rompimento com a periodicidade e a atualidade - Nada de deadline. O importante é proporcionar
uma visão mais ampla dos fatos.
·
Terceira: Contextualizar a informação de forma mais abrangente – Está
intricadamente ligada à segunda ponta da estrela. Nesse contexto é fundamental
é necessário que haja um árduo processo de apuração para adequar local, tempo e
espaço dessa informação.
·
Quarta: Exercitar a cidadania – Nunca esquecer o dever e compromisso que
essa profissão tem com a sociedade.
·
Quinta: Romper com o lead - Embasado pela teoria do sociólogo Gaye Tuchman;
o rompimento com o lead tira do
jornalista a obrigação de ser objetivo e o propõe um desafio de experimentar
uma nova forma ou uma forma diferente do patrão.
·
Sexta: Evitar os definidores primários: Evitar ao máximo fontes oficiais.
O jornalismo Literário busca personagem e histórias que fogem do círculo
vicioso de fontes oficiais, ele busca histórias de pessoas ou coisas comuns que
de tão comum são diferentes.
·
Sétima: Perinidade - Uma obra de jornalismo literário tem que ter
profundidade, tem que permitir ao leitor pensar, refletir sobre aquela
história, tem que ser uma construção sistêmica do enredo, tem que ser uma teia
de complexidade e indeterminação.
O
autor defende que quem escreve quer ser lido, quer ser lembrado por sua obra
perdure por toda a eternidade assim, como uma música favorita das pessoas têm
lembram-se da melodia, da letra, da banda, da época e até mesmo de uma pessoa
querida. Esse mesmo sentimento e lembranças têm que acontecer com o livro seja o
enredo, cenário, narrativas verbais com a mesma precisão de uma música.
Divisão de gêneros: A missão
possível
A necessidade de
classificar as coisas vez com que o ser humano criasse o gênero. Isso porque
temos a necessidade de ter o controle de todas as coisas. Entretanto, não há
uma forma mais eficiente de estudarmos as coisas se não por esse método. Penna
defende a seguinte ideia sobre textos, literária ou não:
[...]
o objetivo fundamental da divisão de gênero é fornecer um mapa para análise de
estratégias do discurso, tipologia, função, utilidades e outras categorias. Ou
seja, propor uma classificação a priori
com base em critérios a priori. (PENA,
2013, p.19)
A
definição foi se modificando ao longo do tempo. Primeiro com Patão que propôs uma
divisão baseando-se entre a literatura e realidade. Essa divisão se dividiu em três partes:
discurso em mimético, expositivo ou misto.
Penna afirma que foi nessa área que o gênero ganhou consistência. Por
seu agrupamento de obras conversões estratégico ou normatização das relações
entre leitor e autor.
A primeira tentativa de classificação no
jornalismo foi feita por Samuel Buskeley quando tentou separar as notícias de
comentários no jornal Daily Courant.
Mas para que de fato essa mudança fosse efetivada pelos jornais demorou quase
duzentos anos e até nos dias atuais tem resistência de alguns editoriais.
Desde
1959, a Universidade de Navarro, Espanha, a investigar a sistematização os
estudos dos gêneros jornalísticos. No Brasil, Luiz Beltrão e o professor José
Marques de Mello criaram alguns critérios:
A- Finalização
do texto;
B- Estilo;
C- Modo
de escrita;
D- Natura
do tema;
E- Articulação
interculturais (Cultura);
Marques
de Mello levou em conta a geografia, o contexto sociopolítico, os modos de
produção e as correntes de pensamento. Mesmo assim a literatura era o exemplo
mais exato sobre gênero. Ela varia os gêneros líricos, épicos, dramáticos, por
exemplo.
No
séc. XVIII, o modelo triplo não fazia mais tanto sentido assim e começou a ser
questionado. Foi dessa forma que milhares de classificação caíram por terra e
outras tantas surgiram.
No
séc. XIX, o escritor Victor Hugo foi um grande crítico do modelo grego. E muito
se deve a obra: Cromvell. E a partir dai surgiu um gênero dominante:
romances. Que foram sendo customizados e adequados ao longo do tempo. A partir
do séc. XX elas passaram a ser reconhecida pela linguagem e não mais pelo
texto. Por isso os teóricos formalistas russos consideraram o romance no âmbito
da diversidade, pois mudava constantemente impossibilitando uma análise, já que
variava do mais simples ao mais complexo seus enunciados.
Mickhail Bashting foi responsável por deixa os
estudos para a condição discursiva, rebatizado de gênero discursivo sendo
dividido por sua função seja ela técnica, cientifica, cotidiana, etc. Tzvertan
Todorov definiu por níveis essenciais: Semântica, sintática, pragmático e verbal.
Diante de tudo que foi apresentado a definição
e defesa param se estabelecer o jornalismo literário é: ao longo da história
muitos tentaram juntar e defini-lo como gênero, mas com tantas mudanças ao
longo do tempo fica impossível estabelecer uma definição. Por isso é proposto
uma aproximação conceitual, apontando subdivisão de acordo com o momento
histórico.
Jornalismo
literário tem vários significados, mas os dois mais latentes foram criados na
Espanha. Periodismo de creacícon: texto literário, apenas
veiculado em jornais. Periodismo
informativo de creacíon: informação e estratégia narrativa.
No
Brasil o jornalismo literário também tem é classificada de varias formas. No
séc. XX alguns escritores é uma face da história do jornalismo, onde se editar,
cronistas, articuladores e autores de folhetins. Para outras a referencia que
se tem é de critica literária veiculadas a jornais. Já em 1960 reconhece o
movimento New Journalism incluído
biografias, romances-reportagem e ficções-jornalísticas.
Penna
define o jornalismo literário: “[...] acredito que o conceito está
fundamentalmente ligado a uma questão linguística. Como diria Nietzsche, a
linguagem é inseparável do pensamento, cuja a natureza é restritamente
retórica.” (PENNA, 2013, p.19)
Por
isso a definição como música o autor define como uma transformação expressiva e
informacional, pois é o que as duas manifestações culturais em comum.
CAPÍTULO II
Mirianne Torres
A
literatura na história do Jornalismo
O desenvolvimento do jornalismo e
da literatura de folhetim
Novamente
o autor usa como contextualização do paragrafo uma história, onde o pai tenta
explicar para o filho ensinamentos bíblicos, mas o garoto não consegue ter uma
compressão do que o pai está a narrar. Por isso, o pai pede a um viajante que
conte novamente a história. É o que o viajante faz, mas dessa vez ele não conta
de forma mecânica, ele contextualiza com nomes, fatos históricos e datas
permitindo assim uma melhor compreensão do garoto.
O
jornalismo tem o mesmo papel do viajante. Ele contextualiza as situações de
outras áreas e explica para aquelas pessoas que não conhece ou sabe pouco sobre
assuntos diversos. Penna define:
Para
mim, a natureza do Jornalismo está no medo. O medo do desconhecimento, que leva
o homem a querer exatamente o contrário, ou seja, conhecer. E, assim, ele
acredita que pode administrar sua vida de forma mais estável e coerente,
sentindo-se um pouco mais seguro para enfrentar o cotidiano aterrorizante de
seu meio ambiente. (PENA, 2013, p.25)
Penna
cita César Aguillera Castilho que defende que a comunicação começou antes de
mesmo dos homo sapiens com a fala. Se
baseando nos estudos do Pesquisador Carleton S. Coon que estabelece uma
evolução física e mental para que o ser humano pudesse ter esse salto
comunicativo. Mas isso não descarta a linguagem verbal, que é fundamental para
que a não verbal aconteça, pois precisamos delas para entender os gestos e
olhares que temos e encontramo-nos outros para decifra-los.
Bill
Kovach e Tom Rosenstiel, assim como a democracia ateniense defendem que os
relatos orais, que de são a primeira grande mídia da humanidade, possa se
considerados pré-jornalismo, pois quanto mais democrática uma sociedade maior é
a tendência de se consumir informação.
Burke
exalta outros tipos de comunicação oral eficazes no séc. XVI: púlpitos das
igrejas, acadêmico, canto, boato, nas tabernas, banhos públicos, clubes, cafés
e bares são exemplos disso. Além da já existente escrita que circulava em
jornais, o advento do jornalismo moderno para época que necessitava da
oralidade para lidar com as fontes. E, mais tarde para lidando com as novas
tecnologias: o rádio e TV.
As
transformações do espaço público foram divididas cronologicamente. Bernard
Miége, por exemplo, define: o jornalismo de opinião, impressa comercial, mídia
de massa e comunicação generalizada. Já Ciro Marcondes Filho define os períodos:
pré-jornalismo (1631-1789); Primeiro Jornalismo (1789-1930); Segundo Jornalismo
(1930-1900), Terceiro Jornalismo (1900-1960); Quarto Jornalismo (1960 a
diante).
O
primeiro (conteúdo literário e politico; texto critica; produção artesanal
semelhante a um livro, economia do jornal não estabelecida) e o segundo
(profissionalização do jornalismo; criação de reportagens e manchetes, início
da publicidade, economicamente estável), ocorreu no séc. XVIII e séc. XIX. Por
isso, uma relação próxima com a literatura, principalmente na linguagem e
conteúdo de alguns jornais.
Feuilleton no
primeiro momento foi considerada uma critica a literatura e assuntos diversos,
mas a partir das décadas de 1830 1840 passou a ser reconhecida por um
jornalismo popular, algo romântico. E foi por meio isso que se deu a lógica
mercadológica.
Os
folhetins passaram a ser reconhecido como herdeiros do romance realista ou algo
que se assemelha a esses preceitos. Apesar do realismo não ser considerado um
gênero, pois sua maior preocupação era mais parecida com o jornalismo.
Mesmo
assim, algumas características mantinham-se na mesma estrutura de folhetins:
Como a linguagem fácil, permitindo uma maior compreensão entre os leitores. E
para manter a fidelidade e vendagem dos folhetins no final de cada capítulo
havia sempre um fato marcante que não se resolvia para que no próximo dia garantisse
a vendagem de novos exemplares para saber o fim da história.
Isso
permitia que o público se envolvesse com a história de tal forma que já nessa
época eles decidiam o final de cada personagem, para isso o público enviava
cartas para os jornais dando opiniões.
Grandes
obras surgiram nessa época grandes obras que ficaram eternizadas como: La
Presse, Os miseráveis, Os três mosqueteiros, entre outros. Países como
Inglaterra, Portugal e Rússia também se destacaram por ter grandes escritores
produzindo esses folhetins.
No
Brasil o seu maior expoente foi Machado de Assis, mas também José de Alencar,
Manuel Antônio de Almeida, Manuel de Macedo, Raul Pompeia, Aloisio de Azevedo,
Euclides da Cunha e Visconde de Taunay.
Os
folhetins democratizou a cultura com o número crescente de exemplares vendidos
e o acesso à literatura. Grandes críticos da comunicação em massa reconheceram
o valor social dessa vertente literária que permitia pessoas de diferentes
classes sociais, diferentes culturas a terem acesso ao mesmo conteúdo.
Alguns autores e obras
Aqui
estão alguns nomes e obras importantes para a literatura mundial:
·
Honoré de Balzac-Obras: A comédia humana; A mulher de trinta anos;
Eugénia Grandet; O pai Goriot; As ilusões perdidas.
·
Victor Hugo- Obras: Napoleão, o pequeno; Os castigos; As contemplações; A lenda dos
séculos; Os miseráveis; O ano terrível; Noventa e três; Atos e palavras.
·
Charles Dickens: Obras: Oliver Twist; Barnady Rudge, Loja de
antiguidades; Nicholas Nickelby; Notas americanas; Martin Chuzzlewit; Contos de
Natal; Assim são Dombey e filho; A casa sombria; Tempos difíceis.
·
Machado de Assis-Obra: Memórias póstumas de Brás Cuba; Dom
Casmurro; Ressurreição; A mão e a luva; Helena; Iaiá Garcia; Quincas Borba;
Esaú e Jacó; Memória de aires.
·
José de Alencar: A viuvinha; O Guarani;
Lucíola; Iracema.
CAPÍTULO III
Karla Cristina
A Crítica a literatura
Conforme o autor fazer uma crítica não é tão simples como parece, é muito mais complexo, pois envolve juízo de valores, moral, contexto e outras partes difíceis de avaliar.
Felipe Pena fala que a atividade que o crítico exerce influencia a sociedade e a própria construção das obras literárias. Mas deixa bem claro que em alguns casos sua opinião pode ser ignorada, pelo fato de um determinado público não concordar, cujo gosto pode entrar em conflito com as opiniões apresentadas.
Ele ainda relata que os críticos acabam seguindo um parâmetro produzido pelos críticos avalizados. “Eles acabam determinando o que será classificado como cânone, ou seja, uma obra que permanecerá na história cultural”. Ele ainda nos mostra dois tipos de se identificar uma crítica literária.
1. São as críticas produzidas nas universidades por professores, intelectuais e estudantes de mestrados doutorados e, letras. E em áreas afins, como psicologia, comunicação, história, antropologia e ciências sociais.
2. São as publicações diárias em jornais, revistas e demais publicações midiáticas.
Esses tipos de criticas podem ser feitos tanto por jornalistas ou por integrantes de universidade, mas também não esta descartada a possibilidade de ser exercida por profissionais com visibilidade na opinião pública. Temos como exemplo o cantor e compositor Chico Buarque que ganhou o prêmio Jabuti, e o ex-presidente José Sarney que teve obras publicadas em diversos países.
Nas universidades a critica acaba se voltando mais para o ensaio do que propriamente para o juízo de valor. “Há uma tendência em valorizar a interpretação, pois os próprios estudantes ficam limitados pelas normas acadêmicas, que recomendam evitar os adjetivos e aplicar uma metodologia supostamente cientifica”. Relata Pena ao se referir à forma de fazer crítica dos universitários.
No século passado para se fazer critica, os critérios eram bem rigorosos, e de fato se fazia um juízo de valores. Mas na atualidade as resenhas que não julgam, mas apenas analisam as obras e exaltam sua qualidade é o que está prevalecendo. E para um critico fazer critica é nada mais nada menos que apreciar e admirar a obra, e buscar o verdadeiro sentido da existência da obra e mostrar as qualidades e os defeitos existentes nela.
O autor mostra três componentes básicos da critica, análise, interpretação e julgamento. A análise se refere ao método utilizado para apreciar uma obra, são os instrumentos para identificar suas qualidades e seus problemas. A interpretação utiliza o instrumento para atribuir significado à obra. Já o julgamento segundo Fábio Lucas ainda não é a critica, apenas a explicação. O julgamento tem o papel de valorização e orientação à opinião do público referente à obra.
Os Cadernos Literários na imprensa
Felipe Pena relata que na década de 1950, as transformações estilísticas e gráficas dos jornais, a mudança já está consolidada. A objetividade e a concisão substituem as belas narrativas. A preocupação com a novidade e os fait divers assume a função principal na pauta. A literatura é apenas um suplemento. Hoje quem escreve nos suplementos nem sempre tem a formação adequada para opinar. E mesmo os que têm, podem acabar expondo seus próprios preconceitos e estereótipos.
Nas revistas especializadas há uma proximidade maior com a critica acadêmica, mas elas não podem ser consideradas suplementos. Mesmo em países de maior tradição literária a lógica jornalística acaba prevalecendo, embora determinadas publicações ainda consigam chegar perto do tão esperado equilíbrio.
É Importante, registrar que a colaboração nos suplementos literários também é sintoma de prestigio e reconhecimento intelectual. Ter um nome vinculado nas páginas dos jornais legitima tanto os autores quantos os críticos, abrindo espaço não só nas principais editoras, mas até mesmo em outras carreiras, como a politica ou o próprio jornalismo.
CAPÍTULO IV
Rafaela Gouvêa
O novo jornalismo
No capítulo IV, o autor começa explicar o conceito de Novo Jornalismo, falando um pouco de Wolfe, que foi o fundador do jornalismo literário, mas, antes dele, existiram alguns escritores que anteciparam o gênero, John Hersey, era um deles.
Mas, conforme o autor, o que vai proporcionar o advento do Novo Jornalismo contemporâneo na década de 1960, nos EUA, é a insatisfação de muitos jornalistas com as regras de objetividade do texto jornalístico, onde há uma prisão narrativa que recomenda iniciar a matéria respondendo as perguntas básicas do leitor. Então, Wolf percebeu essa insatisfação e começa a atacar os defensores da “cientificidade” dos jornais.
O autor usa as palavras de Wolf para explicar a ideia básica do Novo Jornalismo. A ideia é evitar o aborrecido tom bege pálido dos relatórios que caracteriza a tal “imprensa objetiva”, Em sua visão,os repórteres devem ser mais subjetivo,. A personalidade não pode ser apagada, sendo escravos do manual de redação. O texto deve ter o valor estético, utilizando-se sempre das técnicas literárias.
É utilizado pelo autor os recursos básicos de Wolf do Novo Jornalismo Reconstruir a história cena a cena, registrar diálogos completos, apresentar as cenas pelos pontos de vista de diferentes personagens, registrar hábitos, roupas, gestos e outras características simbólicas do personagem. O repórter deve ser engajado, entrevistando com exaustão, até conseguir tirar tudo que puder do personagem, com o máximo de profundidade possível.
No capitulo, também é abordado o Jornalismo Literário em geral. O Jornalismo Gonzo é citado como uma versão mais radical do Novo Jornalismo. O autor conta que ele foi criado e popularizado por Hunter Thompson, era repórter da revista Rolling Stone. Hunter se envolvia totalmente com o que estava descrevendo, sem medir as consequências. E junto com as suas ações exacerbadas com o entrevistado, vinha uma sucessão de drogas.
Conforme o autor, o Jornalismo Gonzo é um envolvimento profundo e pessoal do autor no processo da elaboração da matéria. O autor é o próprio personagem, toda a narrativa é a partir da visão do jornalista. As características do Jornalismo Gonzo também são: irreverência, sarcasmo, exageros e opinião.
Pena relata, também, o conceito de Novo Jornalismo Novo, que explora as situações do cotidiano, o mundo ordinário, as subculturas. O objetivo é assumir um perfil ativista, que questiona valores e propõe soluções. Segundo o autor, o novo jornalista novo, se envolve demais com sua matéria e seus entrevistados. Também é característica do movimento é o tom informal, declaratório, quase sem preocupações com a elegância estilística, explora a linguagem das ruas. Mais do que jornalistas, eles são ativistas.
No decorrer do capítulo o autor fala de vários escritores estrangeiros, como Tom Wolfe, Truman Capote, John Hersey, Gay Talese e Hunter Thompson. No final, o autor fala de dois escritores brasileiros, Norman Mailet e Joel Silveira.
Ele conta sobre algumas obras desses escritores e relata que Mailer disseminou uma nova forma de Jornalismo, que combinava fatos atuais e alfinetadas de abordagem política, com uma linguagem utilizada em romance.
O escritor Silveira, mandado por Assis Chateaubriand, escreveu uma matéria no Diário da Noite, o “trabalho sujo” era falar do casamento da filha do Conde Chiquinho, que os colunistas chamaram de “a festa do século” em contraposição do casamento de Nadir e José, que eram operários. Silveira usou toda acidez e malicia. O seu livro, A Milésima segunda noite da avenida paulista, foi fruto dessa matéria.
CAPÍTULO V
Danilo Silveira
A biografia
Segundo Pena (2013),
a biografia é um dos subgêneros mais vendido no mundo. De acordo com o autor,
esta narrativa é uma mistura de Jornalismo, Literatura e História, que é parte
do Jornalismo Literário, por ser a narrativa de um determinado personagem, qual
é o fio condutor da história. “Os acontecimentos, por mais importantes que sejam,
são apenas satélites. Tudo gira em torno da história de uma vida” (PENA, 2013,
p. 70).
Pena (2013) acredita
ser um problema, nos últimos anos, a maior parte das biografias serem escritas
por jornalistas. “Cada vez mais, os profissionais da imprensa enveredam pelo
Jornalismo não cotidiano, buscando narrativas de fôlego em que reconstroem
personalidades e identidades” (PENA, 2013, p. 71).
O autor afirma que o
jornalista é um fingidor, por usar do seu “referencial epistemológico”,
“espremido pelos deadlines” o sem formação adequada para conduzir a construção
da narrativa bibliográfica.
“Não acredito,
conforme defende a lógica jornalística, que seja possível construir histórias e
identidades com coerência e estabilidade num época em que a realidade se apresenta
em formas múltiplas e desconexas, deixando clara a sua complexidade. Não
acredito que seja possível escrever biografias como relatos cronológicos de
acontecimentos com significado e direção. Não acredito que seja possível
ignorar que os atuais espaços de produção, circulação e recepção desses textos
estejam inseridos numa teia de conexões permeado por conceitos como
indeterminação, caos, complementaridade e tolerância às ambiguidades” (PENA,
2013, p. 71).
Para Pena (2013), o
relato bibliográfico tenta reordenar a vida de forma cronológica, porque,
segundo o autor, tem a ilusão de formarem uma narrativa autônoma estável – com
princípio, meio e fim. O escritor acredita que atribuições dispersas a fases da
vida resultam em sucesso. “Associar a vida a um caminho ou estrada facilita a
compreensão, facilita a narração, facilita a venda” (PENA, 2013, p. 73).
Outro problema que o
autor encontra nas bibliografias é como mensurar a extensão da memória. “Será
que o tempo é de fato um objeto mensurável” (PENA, 2013, p. 77).
Sobre os biografados,
Pena (2013) acredita que o leitor não está satisfeito apenas na vida de uma
celebridade, conhecer sua intimidade ou idealizá-lo como herói. Para o autor, o
leitor quer ser espectador e personagem ao mesmo tempo. “Não é mais e nem menos
autêntico. É apenas um espaço de participação” (PENA, 2013, 80).
A ideia de “biografia
sem fim”, desenvolvida por Pena (2013), submete-se a organizar a biografia por
capítulos nominais que reflitam as muitas identidades de um personagem (que tenham
vida própria), com histórias sem ordem cronológicas e que ajudem a montar, por
notas de rodapé com suas fontes, a história. “O leitor é coautor e o biógrafo
apenas um mediador, aquele responsável pela reconstrução das histórias dos
outros” (PENA, 2013, p. 91).
CAPÍTULO VI
Vanessa Alves
O
autor inicia o capítulo com uma ilustração do que ele chama de
romance-reportagem. Ele explica que embora esse tipo de escrita tenha
características de romance é necessário entender que isso não significa
conteúdo ficcional, ou seja, um romance-reportagem se baseia em fatos reais e
autor não inventa nenhuma parte da história. Pena (2008) salienta a importância
da ligação com a realidade factual nesse tipo de narrativa. O uso de
estratégias ficcionais e adereços literários caracterizam essa forma de escrita
e lhe conferem a ideia de romance, mas é a sua ligação sempre de proximidade
com o fato que irá estabelecer o conceito de reportagem.
Entre
os exemplos que o autor cita de romance- reportagens estão os livros Lúcio Flávio, o passageiro da agonia, de
José Louzeiro e Corações sujos, de
Fernando Morais. Pena (2008) ressalta o trabalho de pesquisa minuciosa feito
pelos autores para a escrita dos livros e, por isso, o seu extremo compromisso
com a realidade dos fatos. O autor fala ainda sobre a abordagem objetiva do
tema por meio de ângulos subjetivos, reafirmando a natureza de
romance-reportagem pretendida pelos autores.
Felipe
Pena busca amparo na em Rildo Cosson para explicar ainda mais detalhadamente
esse modelo de escrita. Cosson, segundo Pena (2008), estabeleceu que o
romance-reportagem está entre os gêneros discursivos jornalístico e literário,
por isso, ele surge como um gênero autônomo que faz uso das propriedades dos
dois anteriores em sua composição. O autor ainda fala da dificuldade de
classificar o romance-reportagem por não ser possível separar as construções
ficcionais das narrativas dos fatos, mas salienta a necessidade de continuar a
busca por entender esse modelo de escrita.
Em
seguida Pena (2008) cita o papel da censura no surgimento do
romance-reportagem, dando como exemplo o período da ditadura militar vivida no
Brasil. Ele afirma, trazendo a ideia defendida pelo crítico Silviano Santiago,
que a censura não pode ser tomada como a explicação do surgimento do
romance-reportagem. O momento de repressão que o país viveu durante o regime
militar foi apenas um período de identificação de uma tendência, segundo
Santiago. Pena (2008) destaca que não há como distinguir o romance-reportagem e
uma possível vertente que seria o livro-reportagem, segundo o autor em ambos os
casos não é possível estabelecer um padrão de uso ou não uso da ficção.
Pena
(2008) volta a falar sobre a dificuldade de classificar os elementos presentes
no Jornalismo Literário, fazendo uma distinção entre este e o que ele chama de
Jornalismo Literário Avançado. Em ambos os casos se utiliza aspectos da
literatura e um aprofundamento da reportagem, no Avançado ainda podem ser
associados aspectos de outras áreas como a Psicologia Humanista, a Física
Quântica, a Teoria Gaia ou a Teoria Geral de Sistemas, todos esses conceitos
defendidos pelo crítico Edvaldo Pereira Lima.
Nesse
ponto, Pena (2008), fala sobre quatro conceitos. A Jornada do Herói, uma
estrutura narrativa organizada numa combinação de estudos mitológicos e
psicologia. A Escrita Total, método de produção de textos criativos. A
Narrativa de Transformação, uma proposta de utilização proativa do Jornalismo
Literário, do Jornalismo Literário Avançado e da Literatura da Realidade. E por
fim a Literatura de Realidade, que o sinônimo de Jornalismo Literário e
Literatura de Não Ficção.
O
autor termina o capítulo citando dois exemplos desse estilo de narrativa, que
ele categoriza como um dos mais difíceis de realizar, que o romance-reportagem
sobre a guerra. Pena (2008) fala do livro Os
sertões, de Euclides da Cunha e Dez dias que abalaram o mundo, do autor
norte-americano John Reed. Os dois livros são modelos de romance-reportagens
feitos durante a guerra e indicados pelo autor para a compreensão desse tipo de
trabalho noticioso.
CAPÍTULO VII
Igor Lucas Guilherme
A ficção
jornalística
A ficção jornalística usa a realidade como suporte, porém
não tem compromisso com ela. Já o romance reportagem busca retratar fielmente
os acontecimentos. De toda forma, a partir desses dois estilos, uma outra
realidade surge.Por meio das linguagens, cultura, política e sociedade, a
realidade é construída. “Estamos sempre construindo o cotidiano, inserindo
novos dados e novas interpretações que alteram nossa cognição sobre o mundo que
nos cerca” (PENNA, 2013, p.114). Exemplo é quando alguém conta um acontecimento
que presenciou, momento em que o fato é reconstruído ao ser filtrado e
transmitido pela linguagem.
Os jornalistas, na ficção jornalística, buscam a ruptura do
compromisso da realidade, da objetividade. Sobre a imprensa tradicional e a
ficção, o escritor Carlos Heitor Cony diz “ O jornalista na redação é como um
peixe no aquário, enquanto, ao escrever ficção, ele nada em pleno oceano”.
Sobre o realismo fantástico, Penna (2013) diz que o escritor que representa
esse estilo é Gabriel García Marquez, que em suas obras aborda os elementos
sociais com ficção. Assim como Mário Vargas Llosa e Tomás Eloy Martinez. “Até
nas histórias mais fantásticas, os autores estão sedimentados sobre os
acontecimentos do cotidiano. A ficção apenas confirma a triste realidade”
(PENNA, 2013 p.116).
O escritor Antônio Pastoriza é considerado um dos mais
expressivos na ficção. Segundo Pena (2013), o escritor evita ser identificado
pois assina com pseudônimos. “Garante que só escreve sobre o que leu nos
jornais, usando apenas o que chama de metáforas alegóricas ficcionais para,
segundo ele, tornar a realidade mais real” (PENNA, 2013, p 116).
A tênue fronteira entre ficção e realidade
A ficção fica no imaginário das pessoas por mais tempo que
as narrativas baseadas nos fatos reais. É o caso do cinema com as histórias de
Hollyhood. Na televisão, o fato é contado por meio do espetáculo. “A realidade
é projetada pela imagem e pela palavra de forma teatral, moldada em ilhas de
edição, onde os cortes e as sequências de plano são orientados pelo critério da
supervalorização” (PENNA, 2013, p.117). A mídia pode influenciar o imaginário.
Como exemplo é citado a morte de Marylin Monroe que se transformou em drama e
tragédia. Assim como as histórias sobre Elvis Presley, se morreu ou não. No caso
de um fato do Brasil, é exemplificado com o assassinato da atriz Daniela Perez,
em 1992. No qual, um casal se forma na ficção e na vida real o homem mata a
mulher.
A verdade é interpretada por várias faces e vozes. Pena
(2013) diz que para conferir a veracidade dos fatos é preciso questionar os
elementos que que compõe uma informação, documentos e fontes. De acordo com a
tese da professora Cristiane Costa, a rotina do jornalismo de redação possui
pontos positivos que influenciam os jornalistas que migram para a ficção e
literatura: Disciplina, escrita diária, clareza, concisão e contato com o
mundo. Mas também possui pontos negativos: estresse, longas jornadas de
trabalho e competividade (2005, p.200).
Alguns autores e obras.
Nesse capítulo, Pena retoma os escritores citados
anteriormente e amplia as informações sobre eles ao recomendar os seus livros.
Gabriel Garcia Marquez escreveu Cem anos de Solidão (1967) que é considerado o
mais célebre, O general em seu labirinto (1990). O amor nos tempos do cólera (1985),
Folhas Mortas (1955), Ningém escreve ao coronel (1961), Os funerais de mamãe
grande (1962).
Maio Vargas Llosa, que aos 22 anos se tornou conhecido com
o seu primeiro livro, Os chefes (1958). Posteriormente foi para a Europa, onde
ganhou dois prêmios de Literatura. Também escreveu Pantaleão e as Visitadoras
(1973) e A guerra do fim do mundo.
O brasileiro Carlos Heitor Cony escreveu “O Ventre” (1955),
Pessach: a travessia (1967), Pilatos (1973), A casa do poeta trágico (1997)
entre outros.
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