domingo, 19 de junho de 2016

Resenha do filme "Capote"

Por: Luciana Ferraz

A dramaturgia “Confidencial”, de 2006, dirigida por Douglas McGrath, conta a história de Trumam Capote (Toby Jones). O personagem é mergulhado na investigação de um crime real, que envolvera quatro pessoas da família Clutter. O objetivo inicial de Capote era a criação de uma reportagem especial para a revista a qual ele era repórter.

O caso da família Clutter chamou especial atenção de Capote, que teve acesso ao crime por meio de uma nota lida em um jornal, por se tratar de um fato bárbaro e cruel acontecido dentro da casa da própria família, em uma cidade interiorana e pacata do Kansas, nos Estados Unidos. A curiosidade e o desejo de contar o crime chocante, com detalhes e pormenores, fez com que Capote saísse de sua grande cidade com destino àquele interior.
Foram necessários mais de cinco anos para reunir todas as informações e confeccionar o livro, que recebeu o nome de “A Sangue Frio”. A princípio o que Capote planejava fazer era uma espécie de reportagem especial para a revista. Só depois de um tempo de hospedagem na pequena cidade, ele descobriu que a história era merecedora de muito mais. Por isso, ele escolheu construir um livro novela sobre o caso.

Capote foi a fundo. Não estava disposto a se contentar com informações ou dados rasos. Ele fez tudo o que pôde para saber todos os detalhes do crime sombrio. Na cidade pequena, ele estava ao lado de sua amiga escritora, Harper Lee (Sandra Bullock), que havia aceitado o desafio de se mudar, temporariamente, ao lado dele.

O escritor sabia que era profundamente difícil se adentrar numa história que envolvia um crime ainda em fase de pré-julgamento. O silêncio das autoridades e a pouca vontade e disposição dos moradores da cidade para falar sobre o ocorrido dificultavam a apuração de Capote. Sob duras penas e muita resistência, ele conseguiu se infiltrar na casa de uma importante autoridade que cuidava do caso e, assim, acabou ficou mais próximo das novidades e das investigações do crime.

Com custo e determinação, Capote consegue chegar até os autores do crime, Perry Smith e Dick Hickock. Demorou tempos até que ele conseguiu ganhar a confiança dos assassinos. Realizando visitas frequentes às celas dos bandidos Capote conseguiu o direito de ouvir todas as minúcias do fato, pela boca deles próprios. Muito mais do que a cena de um crime horrorizante, Capote conheceu e explorou os sentimentos, a história de vida e as sensações dos dois homens.

Foram diversas as visitas às celas dos dois criminosos. Em um dos momentos, Capote, que era homossexual, se viu apaixonado por um dos homens, Perry. Em certa ocasião, eles trocaram um beijo na prisão. O filme, porém, não deixou clara a profundidade do relacionamento que eles mantiveram. Mas, nada tirou o foco de Capote na realização de “A Sangue Frio”. Entretanto, a história e a confissão teve derradeiro fim no momento em que os assassinos foram condenados à morte.

O enredo é interessante, especialmente, para nós, estudantes de jornalismo, que podemos, entender a aplicabilidade do jornalismo investigativo. Uma prática árdua e que exige concentração, persistência e paciência. Foi dessa forma que Capote conseguiu se aprofundar em uma história desejosa, por muitos, de se manter às escondidas. O autor buscou, com insistência, por informações difíceis de serem sequer imaginadas. Foi atrás das fontes mais improváveis possíveis e também, se cobriu da coragem suficiente para levá-lo às revelações mais ocultas: o sentimento dos autores de um crime covarde.



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