Resenha do filme "Capote"
Por: Luciana Ferraz
A
dramaturgia “Confidencial”, de 2006, dirigida por Douglas McGrath, conta a
história de Trumam Capote (Toby Jones). O personagem é mergulhado na
investigação de um crime real, que envolvera quatro pessoas da família Clutter.
O objetivo inicial de Capote era a criação de uma reportagem especial para a
revista a qual ele era repórter.
O
caso da família Clutter chamou especial atenção de Capote, que teve acesso ao
crime por meio de uma nota lida em um jornal, por se tratar de um fato bárbaro
e cruel acontecido dentro da casa da própria família, em uma cidade interiorana
e pacata do Kansas, nos Estados Unidos. A curiosidade e o desejo de contar o
crime chocante, com detalhes e pormenores, fez com que Capote saísse de sua
grande cidade com destino àquele interior.
Foram
necessários mais de cinco anos para reunir todas as informações e confeccionar
o livro, que recebeu o nome de “A Sangue Frio”. A princípio o que Capote
planejava fazer era uma espécie de reportagem especial para a revista. Só
depois de um tempo de hospedagem na pequena cidade, ele descobriu que a história
era merecedora de muito mais. Por isso, ele escolheu construir um livro novela
sobre o caso.
Capote
foi a fundo. Não estava disposto a se contentar com informações ou dados rasos.
Ele fez tudo o que pôde para saber todos os detalhes do crime sombrio. Na
cidade pequena, ele estava ao lado de sua amiga escritora, Harper Lee (Sandra
Bullock), que havia aceitado o desafio de se mudar, temporariamente, ao lado dele.
O
escritor sabia que era profundamente difícil se adentrar numa história que
envolvia um crime ainda em fase de pré-julgamento. O silêncio das autoridades e
a pouca vontade e disposição dos moradores da cidade para falar sobre o
ocorrido dificultavam a apuração de Capote. Sob duras penas e muita
resistência, ele conseguiu se infiltrar na casa de uma importante autoridade
que cuidava do caso e, assim, acabou ficou mais próximo das novidades e das investigações
do crime.
Com
custo e determinação, Capote consegue chegar até os autores do crime, Perry
Smith e Dick Hickock. Demorou tempos até que ele conseguiu ganhar a confiança
dos assassinos. Realizando visitas frequentes às celas dos bandidos Capote
conseguiu o direito de ouvir todas as minúcias do fato, pela boca deles próprios.
Muito mais do que a cena de um crime horrorizante, Capote conheceu e explorou
os sentimentos, a história de vida e as sensações dos dois homens.
Foram
diversas as visitas às celas dos dois criminosos. Em um dos momentos, Capote,
que era homossexual, se viu apaixonado por um dos homens, Perry. Em certa
ocasião, eles trocaram um beijo na prisão. O filme, porém, não deixou clara a
profundidade do relacionamento que eles mantiveram. Mas, nada tirou o foco de
Capote na realização de “A Sangue Frio”. Entretanto, a história e a confissão
teve derradeiro fim no momento em que os assassinos foram condenados à morte.
O
enredo é interessante, especialmente, para nós, estudantes de jornalismo, que
podemos, entender a aplicabilidade do jornalismo investigativo. Uma prática
árdua e que exige concentração, persistência e paciência. Foi dessa forma que
Capote conseguiu se aprofundar em uma história desejosa, por muitos, de se
manter às escondidas. O autor buscou, com insistência, por informações difíceis
de serem sequer imaginadas. Foi atrás das fontes mais improváveis possíveis e
também, se cobriu da coragem suficiente para levá-lo às revelações mais
ocultas: o sentimento dos autores de um crime covarde.
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