sábado, 18 de junho de 2016

Memórias de um repórter-profeta

Thailor Gonçalves

Samuel Wainer junto a uma máquina que "rodava" uma edição do Última Hora
Foto: Reprodução / Internet

“Minha razão de viver – memórias de um repórter” é uma autobiografia do jornalista Samuel Wainer (1912-1980), organizado a partir de fitas de áudio deixadas pelo autor. O organizador da obra é Augusto Nunes.

A obra trata, como diz o subtítulo, de acontecimentos importantes da trajetória de Wainer. A relação com o poder, com o ex-presidente Getúlio Vargas e com o jornal Última Hora (da sua propriedade) é bastante explorada no livro.

Era chamado por Getúlio Vargas de “Profeta” e o jornal Última Hora era bastante tendencioso, servindo de panfleto eleitoral a Vargas. Inclusive, os fatos que marcaram o início da amizade entre os dois é um ponto de clímax do livro.

Estrangeiro, perseguido pela Ditadura Militar, instalada no Brasil em 1964, vendeu o Última Hora em 1972. Depois desse episódio, foi trabalhar no jornal Folha de S. Paulo.

As similaridades no cenário político que permeava a época da qual trata o livro e os dias atuais concentram-se no que diz respeito ao jogo de poder que fazem parte da vida política. A forma como os veículos de comunicação atuam na cobertura política, as relações entre jornalistas e políticos e o modo como os veículos trabalham a notícia na tentativa de dar mais destaque a um lado da história.

Sabemos que a imparcialidade é uma utopia no exercício do jornalismo, já que as convicções pessoais, orientações editoriais pautadas no desejo dos donos das empresas de comunicação e a necessidade de preservar a imagem dos seus patrocinadores e parceiros interferem nos processos de produção e veiculação das notícias.

Considerando esses fatores, percebe-se a similaridade entre os períodos – o retratado no livro e o atual.

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