- Grupo formado por: Paula Alves, Guilherme Mattos, Rafael Sampaio, Verônica Barbosa e Vitor Fórneas.
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CAPÍTULO I
Guilherme
Mattos
O
jornalismo literário, um dos grandes gêneros jornalísticos, ainda é pouco
compreendido. Poucos sabem informar com tamanha veemência, o conceito principal
do estilo literário. Com a finalidade de evidenciar e demonstrar outras
características da escola literária, o autor do texto compara a literatura com
a música. Durante a introdução, o escritor realiza algumas “brincadeiras” entre
o texto (escrito) e as letras de músicas (partituras), alegando que se ele
soube-se interpretar as partituras, ele cantaria, ao invés de se aventurar na
escrita.
Segundo
Pena (2006), as melodias possuem uma facilidade de fixação na memória das
pessoas, enquanto o texto, não tem o mesmo efeito. A realização de pequenas
pesquisas teria como resultado, a pouca assimilação perante informações
impressas, enquanto as canções ocupariam o pensamento de muita gente. O
jornalismo possui várias características, dentre elas, algumas bastante
específicas e conhecidas. Já a literatura, desenvolveu conceitos diferentes, e
a partir destas ideias, foram elaborados outros pontos de vista.
Podemos
pensar a literatura no jornalismo através da estrela de sete pontas. Assim,
cada lacuna estrelar tem um objetivo, como: potencializar os recursos do
jornalismo (desenvolve novas estratégias profissionais), ultrapassar os limites
do acontecimento cotidiano (romper com a periodicidade e atualidade / o
jornalista deve ultrapassar estes limites), visão ampla (contextualizar a
informação da forma mais abrangente possível), exercitar a cidadania (como a
abordagem do jornalista vai contribuir para a formação do cidadão, para o bem
comum, para a sociedade), rompe com as correntes do lead (aplicação de técnicas
literárias para a construção de narrativas), definição dos entrevistados de
plantão (é preciso ouvir o cidadão comum, criar alternativas de fontes),
perenidade (objetivo principal é a permanência).
Para
os intelectuais, a divisão dos assuntos facilitaria a discussão dos mesmos,
pois a compreensão dos temas seria maior. Entender e discutir um conteúdo
amplo, demandaria um vasto conhecimento.
Mas, com a separação dos argumentos, teríamos um imenso entendimento
sobre eles, pois dedicaríamos nosso tempo, somente para aquelas questões. Durante
toda a história, os estudiosos tentavam separar os gêneros, mas sem grandes
sucessos contínuos, conseguiam delimitar apenas naquele momento.
Falou-se
muito em jornalismo e literatura, mas estes dois gêneros podem ser
identificados como se fossem um só?! Os teóricos diriam que sim, porém, é muito
complicado afirmar a interpretação dos mesmos. Desde sempre, os pensadores
tentavam dividir os gêneros, mas as divergências de ideias, sempre aconteciam.
Quando acreditavam que a divisão estava concretizada, a linguagem e os próprios
gêneros, evoluíam, resultando assim, em outras pesquisas referentes aos novos
“formatos”.
A
separação de gêneros no jornalismo aconteceu quando se separou um jornal
impresso em: notícia e comentário. Por isso a dificuldade em dividir e
classificar os gêneros. Pois os produtos são relativos e transitórios,
possuindo dinamicidade e transformação. E mais uma vez, não estamos levando em
consideração nem o jornalismo, nem a literatura, mas sim, a melodia.
O jornalismo e a literatura possuem suas características, e
a união dos dois assuntos não parece ser tarefa das mais simples. As discussões
entre estudiosos, intelectuais, pesquisadores, jornalistas e professores ainda
vai perdurar por muito tempo. Devido às transformações. Estes conceitos não são
estáticos, estão sempre em mutação, fazendo com que suas teorias e explicações,
continuem evoluindo.
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CAPÍTULO
II – O DESENVOLVIMENTO DO JORNALISMO E DA LITERATURA FOLHETIM
Verônica Barbosa
No
início do capítulo narra-se um história de como Deus havia criado as coisas no
mundo. Um narrativa de pai para seu
filho de 8 anos. Porém, a forma como o
pai contava, influenciava para que não o garoto não compreendesse e indagasse
os questões dos fatos. Com a chegada de um caixeiro viajante, o mãe solicitou
que ele explicasse a história para o garoto, de maneira que ele
entendesse. A narrativa do caixeiro
começou a fazer sentido para a criança, pois não era contada superficialmente. O viajante revelou as fontes, contextualizou
os personagens, citou datas, descreveu lugares e apresentou as causas de todos
os eventos. Os caixeiros eram quem traziam as informações dos sobre os
vilarejos distantes. Mas naquela época não se tinha definido o nome para tal
ação, que hoje conhecemos como jornalismo.
As
opiniões sobre quando surgiu o jornalismo se divergem. Para uns, ela surgiu junto a primeira
comunicação humana. Para outros quando
suas características modernas já poderiam ser identificadas. Para o autor deste livro, o jornalismo está
mais próximo da primeira versão e tem como natureza o medo do desconhecido, que
leva o homem a querer exatamente o contrário, conhecer.
Algumas
características são destacadas: é preciso que se façam relatos e reportem as
informações a outros membros da comunidade. Para o Castilho, citado pelo autor,
a aquisição da fala pelo homo sapiens não exclui a possibilidade de ter havia
antes outro tipo de comunicação. Castilho destaca ainda as linguagens não
verbas como forma de se comunicar: os olhos, os gestos, o corpo, a postura.
O
autor cita ainda, Kovach e Resentiel que concluem que, quanto mais democrática
for uma sociedade mais ela vai dispor de notícias e informações. E esse
democracia dependia dos requintes da oralidade dos discursos. Mesmo após a invenção da escrita, a
comunicação oral continuou poderosa, como é até hoje.
Na
divisão cronológica da história do jornalismo temos: a imprensa artesanal, de
poucas tiragens, imprensa comercial (mercado noticioso), mídia de massa
(tecnologia, marketing e espetáculo), e comunicação generalizada (informações
com bases socioculturais e realidade virtual).
Folhetins
No
séculos XVIII e XIX, escritores de prestígios tomaram conta dos jornais e
descobriram um novo espaço público para publicar suas obras. Esses escritores
não apenas comandavam as redações como também, determinam a linguagem e os
conteúdos dos jornais. O estilo era bem
peculiar: estilo discursivo, marca
fundamental da confluência entre o jornalismo e a literatura. A partir dos anos
1840 ocorreu a eclosão do jornalismo popular, principalmente na França e na
Grã- Bretanha, tendo como nova lógica o capitalismo. E publicar narrativas literárias em jornais
proporcionava um aumento nas vendas e possibilitava uma diminuição nos preços,
e aumentava o número de leitores por dia. Com isso, os anunciantes pagavam mais
caro pelo espaço publicitário e isso consolidava a lógica capitalista dos
jornais.
Os
folhetins tinham características especificas:
era dirigido a um vasto público, e todas as classes, eram utilizados
recursos de homogeneização cultural, tinha o plot, ponto de virada do roteiro,
onde a ação sempre era interrompida no momento culminante, como acontece nas
telenovelas. Para quem perdesse algum folhetim, os escritores usam o recurso da
repetição, lembra sempre o que aconteceu no capítulo anterior. As mudanças na
trama seguiam os desejos do públicos que emitiam suas opiniões por cartas
enviadas aos jornais. E para completar, é preciso dizer que os estereótipos,
exageros dramáticos ou repetições não significavam baixa qualidade literária.
Havia força na narrativa central e na construção dos personagens.
Fale
ressaltar que boa parte dos autores de folhetim tiveram destaue na literatura
universal como os Frances Honoré de Balzac, Victor Hugo – autor de os
miseráveis, Alexandre dumas, autor de Os três mosqueteiros. Na Inglaterra, Charles Dickens e Walter
Scott. Em Portugal Camilo Castelo Branco e Júlio Diniz. No Brasil tivemos o fundador da academia de
letras, Machado de Assis, com Dom Casmurro, Memorias póstumas de Brás Cuba;
José de Alencar, Raul Pompéia, Alóiso de Azevedo. Mas o primeiro folhetim do
Brasil foi feito por Manuel Antônio de Almeida, com Memórias de um sargento de
milícias, no Correio Mercantil.
Os
romances de folhetim significou uma democratização sem precedentes da
Literatura e um nivelamento quase absoluto do público leitor. E no XIX a influência da Literatura no
Jornalismo se tornou mais visível. Casou a necessidade dos jornais venderem
mais e a vontade de serem lidos, dos autores. A solução foi obvia: publicar
romances em capítulos na imprensa diária. E assim surge o folhetim.
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CAPÍTULO
III - A CRÍTICA LITERÁRIA
Verônica Barbosa
A
ação crítica de uma obra não á tão simples. Ela envolve juízo de valores,
moral, contexto, momento histórico e outros componentes difíceis de
avaliar. O crítico exerce uma atividade
que influencia a sociedade e a própria construção da obra literária. Atualmente
podemos identificar dois tipos de críticas literárias: aquelas produzidas por professores,
intelectuais e estudantes de mestrando e doutorado em letras. As outras são
escritas diariamente nos jornais, revistas e podem ser exercidas por
jornalistas, músicos, atores, políticos.
Nas
universidades, a crítica é mais voltada para o ensaio do que para o juízo de
valor. Os alunos ficam limitados as
normas acadêmicas e evitam adjetivos aplicando um metodologia supostamente
cientifica.
Na
imprensa a situação é diferente. Até o século passado a crítica em jornais era
exercida com rigor e, de fato, fazia juízos de valor. Hoje prevalecem apenas
resenhas que não julgam e apena analisam as obras e exaltam suas qualidades.
A
crítica é um ato de criação. Produz um discurso artístico na medida em que
articula conceitos e sensibilidades. E para estimar uma obra o crítico deve
explicar seu valor, mostrando suas virtudes e seus defeitos.
A
crítica tem três componentes básicos: análise, interpretação e julgamento. A
interpretação utiliza instrumentos para atribuir significado à obra. O
julgamento faz a valoração e orienta a opinião do público, que pode concordar
ou não, fazendo uma nova leitura do texto. E a analise passa pelas influencias
culturais, históricas e sociais.
Na
virada do século, a presença da literatura no jornalismo começou a diminuir,
com a transformação de estilo e gráficas dos jornais. As informações passam a ser mais objetivas e
concisas. E a Literatura passa a ser apenas um suplemento, que tem apenas a
função de acrescentar alguma coisa nos jornais e estão submetidos as regras básicas
do discurso jornalístico. E assim a Literatura deu lugar a lógica de valor
–noticia, dando destaque para os lançamentos e as novidades.
Vale
ressaltar que a colaboração nos suplementos literários é sinônimo de prestígio
e reconhecimento intelectual. Isso legitima tanto autores quanto críticos,
abrindo espaço não só na editorias como também no jornalismo.
Cada
jornal caracterizam esse suplemento de uma forma: na Folha, as críticas estão no Caderno “Mais”
junto à ciências e cultura. No “O Globo” no caderno “Prosa e Verso” com
conteúdo constituídos de resenhas escritas por acadêmicos ou jornalistas. O Estado de São Paulo, não possui
suplemento mais um grande seção de livros.
O que pode ser observado e comparado são os suplementos literários no
Brasil saem aos finais de semana (ócio e lazer), enquanto na França, os
cadernos literários sem em dias úteis (rotina de trabalho e estudo).
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CAPÍTULO
IV – O NOVO JORNALISMO
Vitor
Ramos Fórneas
O
autor inicia o capitulo utilizando do estilo do Novo Jornalismo que foi
idealizado pelos norte americanos. Esse estilo do jornalismo literário
americano foi desenvolvido por Tom Wolfe em 1973. Porém, para o professor
Carlos Rogé o termo apareceu pela primeira vez em 1887 com o objetivo de desqualificar
o editor da Pall Mall Gazette, WT
Stead.
Para
alguns historiadores, Daniel Defoe é considerado o primeiro jornalista
literário moderno. Ele ficou conhecido por uma serie de reportagens policiais
que misturava Literatura e Jornalismo. As técnicas utilizadas em seus romances
também eram incorporadas nelas.
Antes
do boom do manifesto de Wolf podemos destacar dois escritores que foram além do
seu tempo e já introduziram esse estilo. Estamos nos referindo a John Hersey e
Truman Capote. O primeiro escreveu Hiroshima
(1946) e retratou o desastre ocorrido através do ponto de vista de seis
personagens que sobreviveram ao desastre da bomba. Já Capote, em seu livro
intitulado A sangue frio descreveu
cada cena do assassinato de uma família da zona rural do Kansas, nos Estados
Unidos, após ficar cinco anos realizando a pesquisa. No entanto, o autor não
considera o trabalho como Jornalismo e sim como “romance de não ficção”.
A
insatisfação da maioria dos profissionais da imprensa com as regras de
objetividade do texto jornalístico proporcionou o advento do Novo Jornalismo
contemporâneo. Wolfe apresenta a ideia básico desse novo formato e destaca que
os repórteres devem ser o contrário do que é pedido. Ser subjetivo invés de
objetivo, entre outros.
Os
quatro recursos básicos do Novo Jornalismo são:
1- Reconstruir
a história cena a cena;
2- Registrar
diálogos completos;
3- Apresentar
as cenas pelos pontos de vista de diferentes personagens;
4- Registrar
hábitos, roupas, gestos e outras características simbólicas do personagem.
Isso
é um tanto quanto utópico, pois o texto jornalístico demanda certa agilidade e
não disponibiliza tempo suficiente para o detalhamento das fontes.
Ø A vertente Gozo
Jornalismo
que consiste no envolvimento profundo e pessoal do autor na elaboração da
matéria. Dessa forma podemos conceituar o Jornalismo Gonzo, criado por Hunter
Thompson. Uma das características desse repórter era a defesa de que é
necessário provocar ao máximo o entrevistado, pois assim a reportagem renderia
mais.
“A
principal característica dessa vertente é escancarar a questão da impossível
isenção jornalística tanto cobrada, elogiada e sonhada pelos manuais de
redação.”
Os
jornalistas André Pugliesi, do portal www.jornalistademerda.org,
e Arthur Veríssimo, da revista Trip, são os adeptos dessa vertente.
Ø O Novo Jornalismo Novo
Da
mesma maneira como o anterior este também propõe opor aos preceitos do
jornalismo que para alguns é considerado “velho”. Seu principal objetivo é
questionar os valores apresentados, propor soluções, e fazer com o que o
jornalista tenha um perfil ativista.
Concretizar
os ideais desse estilo é complicado, pois como disse Boyon “é preciso fazer uma
imersão completa e irrestrita, na tentativa de construir uma ponte entre a
subjetividade perspectiva e a realidade observada”. Aqui não temos preocupação
com a elegância estilística, mas sim de tentar aproximar o texto da realidade.
O tom é mais informal e declaratório.
Apesar
da narrativa literária não ser o valor essencial, o manifesto de Wolfe
juntamente com seus princípios não são abandonados.
Ø Alguns autores e obras
Após
destacar na explicação dos conceitos alguns autores. Nesta seção, Felipe Pena
enfatiza um autor brasileiro, e outro estrangeiro.
Aliar
ao texto jornalístico os fatos atuais, os aspectos autobiográficos, as opiniões
e alfinetadas politicas foram as inovações trazidas por Norman Mailer nos anos
de 1960 e 1970. Foi considerado por Robert Lowell como “o melhor jornalista da
América”.
Joel
Silveira, o Víbora, foi pioneiro do Jornalismo Literário no país. Via na grande
reportagem a possibilidade de ser uma válvula de escape para, naquela época, a
voz que ficara reprimida durante a ditadura do Estado Novo. Era uma pessoa que
não se intimidava com nada, visto quando cobriu a Segunda Guerra Mundial.
Seu
livro que teve maior repercussão foi A
milésima segunda noite da avenida Paulista. A reportagem que conta o
casamento da herdeira dos Matarazzo e da filha dos funcionários da própria
família é considerada um dos maiores escritos do brasileiro, pois se utilizou
toda acidez e malícia para retratar o enlace dos operários de Nadir Ramos e
José Tedeschi.
·
CAPÍTULO
V
Paula
Alves
No capítulo 5, Pena (2006) dedica-se a
tecer considerações sobre a biografia. Trata-se do subgênero do Jornalismo
Literário mais vendido no mundo. Para essa modalidade, o autor propõe uma nova
construção narrativa, a que chama de fractais biográficos ou teoria da biografia sem fim. Nas últimas
décadas, os jornalistas foram os maiores escritores das biografias. Um
problema, dado o compromisso que esse profissional assume com a realidade,
desprezando, muitas vezes, a complexidade do mundo contemporâneo.
Antes de explanar o conceito da
biografia sem fim, Pena (2006) reflete sobre dois temas: nossa relação com o
tempo e a memória, e a idolatria aos personagens relatados. No tocante à
memória, sua atuação dá-se de modo a fornecer “estabilidade diante da reordenação
espacial e temporal do mundo”, (PENA, 2006, p. 72). Recorre, a título de
referencial teórico, aos autores Jésus Martín-Barbero, latino-americano que
formulou a ideia de “boom de memória”, e a Pierre Bourdieu, professor francês
que discorreu sobre a ilusão biográfica.
O biógrafo, visando satisfazer o leitor
tradicional, encontra-se na missão de ordenar os acontecimentos de uma vida de
forma cronológica. É ele quem estabelece uma narrativa autônoma e estável. Os
fatos dispersos ganham significado, de modo a parecer um caminho ou uma
estrada. O autor coloca em questão os termos memória e esquecimento, um
movimento duplo e paradoxal. “Eles convivem e se relacionam em complexas teias
e conexão e interface” (PENA, 2006, p. 73).
O consumidor da memória quer comprar
estabilidade. A essa conclusão chegaram os professores de comunicação Micael
Herschmann e Elizabeth Rondelli. Na mídia, as construções desse gênero são
espetacularizadas. Assim, é possível ter saudade de um tempo não vivido, querer
voltar para um lugar onde nunca esteve. Ter atitude reflexiva sobre os próprios
estereótipos é, na visão do autor, respaldado pela professora carioca Diana
Damasceno, “uma necessidade e tortura para o biógrafo” (PENA, 2006, p.
75).
Quando os biógrafos re-interpretam o
passado, inevitavelmente rediscutem os conceitos de tempo e memória. O filósofo
francês Jacques Derrida defendia essa re-conceituação como abandono e da
linearidade temporal e uso da simultaneidade. Algo, do passado ou do futuro,
quando lembrado, torna-se discurso, articulado ao presente, simultâneo a este.
O engano acontece, assim, quando os biógrafos ou historiadores pensam estar
preenchendo as lacunas. Derrida expõe os dois tipos de memória: a interior e a
totalizadora. Esta, relativa ao sujeito. Aquela, diz respeito à escritura.
Santaela, autora de Cultura das Mídias, explica o medo e angústia que reside no homem
que está preso ao mundo moderno. Fugindo da improvável posteridade e do
complexo presente, ele refugia-se no passado. Nas, também, biografias, memórias
de outras pessoas. Jean Baudrillard refere-se ao fenômeno como “memorização
fanática”. Pena (2006) explica, levando em conta as contribuições do filósofo
alemão Norbert Elias, que o tempo é regulado socialmente, privilegiando a
sincronia e não a diacronia. O primeiro modelo prevalece na construção dos
relatos biográficos, sequencial e cronológico.
Na tentativa de explicar sobre os
biografados, o autor recorre inicialmente ao teórico Neal Gabler. Para ele, é
justificável a tendência de converter a realidade em encenação. Como exemplo,
tem-se o reality show Big Brother Brasil.
Ele destaca, porém, o caráter interpretativo presente nos personagens, apesar
da aura de realidade. “[tantas caracterizações] carregam o enredo da trama,
sustentando conflitos e gerando identificações por parte do público” (PENA,
2006, p. 81).
Nesse contexto de espetacularização, a
biografia dos indivíduos é superdimensionada, transformada em capítulo e
consumida como um filme. A proporção com que isso se aplica depende, e muito,
da capacidade de roubar a cena daquele que está em pauta. Em oposição,
encontra-se a identificação com os heróis. Na definição do sociólogo Ronaldo
Helal, a celebridade vive para si, o herói, para os outros.
Outrora, era preciso ler a biografia de
uma estrela para conhecer sua intimidade, hoje, com a intimidade exposta de
maneira veemente, a biografia é escrita diariamente na mídia. Com isso, o papel
do biógrafo é cheio de nuances, como qual linguagem empreender e quais
informações priorizar. Corre-se o risco “se a vida é um show e a mídia é um
palco, os roteiristas do espetáculo correm o risco de tornarem-se os bobos da
corte” (PENA, 2006, p. 91).
Finalizando, Pena (2006) disserta sobre
a teoria da biografia sem fim. Ele propõe uma organização do seguinte modo:
capítulos nominais (o judeu, o gráfico, por exemplo). No interior de cada
capítulo, as histórias são relacionadas em ordem diacrônica. O leitor, além de
liberdade, ganha interatividade, uma vez que ele pode ser co-autor por meio de
plataformas online, escrevendo sua própria história sobre o personagem. A
teoria foi aplicada na biografia de Adolpho Bloch, dono da revista e da TV
Manchete. Ela visa refletir a multiplicidade de identidades do biografado e
suprimir a concepção totalizante do escritor. “A biografia prova que a palavra
é mais perigosa que a espada e mais inebriante que o ópio. O biógrafo, então, d
deve ter consciência da falta de consciência, ou seja, ele deve saber que pode
se cortar com a própria pena, um objeto sádico, incorrigível, incontrolável”
(PENA, 2006, p.93).
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CAPÍTULO
VI – O ROMANCE-REPORTAGEM
Vitor
Ramos Fórneas
Neste
tipo de narrativa procura se aliar a narrativa romanesca com a jornalística,
onde o autor não pode inventar nada. Como conceitua Pena, “quem faz romance-reportagem
busca a representação direta do real por meio da contextualização e
interpretação de determinados acontecimentos”.
Rildo
Cosson, teórico da comunicação, escreveu um livro sobre isso e conceituou o
romance-reportagem como um gênero que passa pelos discursos literário e
jornalístico. No entanto, deixou claro que “não é jornalismo, uma vez que é
romance; não é literatura, uma vez que é reportagem”. Já para Davi Arrigucci
Jr. é um neonaturalismo que retoma o discurso social.
Ø Outras classificações
a- Jornalismo Literário:
baseia-se na observação e na redação inspirada na Literatura. A humanização é
uma de suas características.
b- Jornada do Herói:
narrativa que alia aos estudos mitológicos.
c- Escrita
Total: texto criativo que é ferramenta de sensibilização no Jornalismo
Literário Avançado.
d- Narrativa de Transformação:
visa ampliar a consciência das pessoas contribuindo com a transformação da
sociedade. Utiliza-se do Jornalismo Literário, do Literário Avançado e da
Literatura da Realidade.
e- Literatura
da Realidade: emprega a reportagem aos temas
considerados reais.
CAPÍTULO VII - A FICÇÃO
JORNALÍSTICA
Rafael
Sampaio
O
capítulo 7 do livro Jornalismo Literário, de Felipe Pena, “A ficção jornalística”, trata de forma simples os objetivos
centrais da ficção-jornalística, suas diferenças em relação ao
romance-reportagem, e, aborda também, conceitos em torno da construção da
‘realidade’.
Segundo
Felipe Pena, ficção-jornalística e romance-reportagem são desenvolvidos com
propósitos muito diferentes, mesmo tendo como base única, o fato em si.
Na
ficção-jornalística há o uso de inúmeros elementos, em sua maioria textuais,
que vão contar e encrementar a história. Apenas o fato central do história é
verdadeiro, ou seja, os outros acontecimentos descritos e retratados são pura
ficção. Essas ficcionalidades são construídas a partir do ponto de vista do
autor. Portanto, o texto parte de um prossuposto verídico, mas é camuflado com
informações falsas.
Já
o romance-reportagem busca retratar exclusivamente os acontecimentos, sem
‘inventar’ nenhum elemento complementar no texto. Essa busca quase que fiel do
relato do acontecimento é própria do jornalismo, mas, segundo Felipe Pena, é
ontologicamente impossível, uma vez que, quem escreve sobre um fato, mesmo que
tenha presenciado ele, já o escreve de acordo com seus conhecimentos prévios,
não só acadêmicos, mas também ‘conhecimentos de vida’, profissional e cultural.
A ‘visão’ para o fato possui direcionamentos. Trata-se apenas de uma
reconstrução possível.
Mas,
independentemente do texto produzido, uma nova realidade é formada, “ pois ela
sempre é socialmente constituída, seja pela linguagem, pela cultura ou pelas
forças políticas e sociais”.
De
acordo com Felipe Pena, “não existe um real acabado, definitivo, que seja a
expressão absoluta. Estamos sempre construindo o cotidiano, inserindo novos
dados e novas interpretações que alteram nossa cognição sobre o mundo que nos
cerca”.
O
autor conclui que escrever ficção é “romper com os limites de reportar os
fatos, mas sem deixar de usar os instrumentos jornalísticos”.
Felipe
Pena também evidencia os conflitos entre a ficção e realidade. Para ele, as
representação ficcionais da realidade chamam mais atenção do que a narrativa do
factual em si.
Um
bom exemplo que consta no livro é o de Hollywood e consumo moldado por ele.
Roupas e sapatos que entram na moda e acabam virando ‘febre’, isso por que um
ator ou atriz de renome internacional ou que possui um carisma para com o
público o usa na obra. Filmes, séries , que acabam ditando o certo e o errado.
A ideologia do corpo ideal. Enfim, os exemplos são inúmeros. Esse jogo de
representações não ocorre apenas no cinema, mas também nas outras mídias.
Essa
inúmeras representações feitas pelos meios de comunicação se dão através da
espetacularização do fato, que por sua vez, são medidos pela capacidade de
consumo que desperta no público em questão. A realidade aqui vêm da edição, do
texto e das imagens – mas tudo, é claro, através de um fato verdadeiro. Esses
manejos acabam por promover “quase uma dissolução de fronteiras entre o real e
o ficcional”.
Felipe
Pena conclui dizendo que a verdade “é interpretada, construída e reconstruída”.
Cada pessoa é co-construtor da realidade em que vive.
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EPÍLOGO - CAPÍTULO 8
Guilherme
Mattos
Evite
o senso comum. Acredite na sua linha de pensamento. Mas, vá com calma e com
cuidado. Não deixe escapar as melhores oportunidades da vida, pois sua
felicidade pode estar aonde você menos espera. Muitos vão te julgar, não ligue,
não tome partido, faça o que tiver que fazer sem se importar com a opinião
alheia.
O
exposto acima é bem claro e direto: aproveite de forma clara e objetiva a
oportunidade de felicidade que bate em sua porta. O rapaz não conhecia a garota,
e vice e versa, mas de repente com uma simples conversa os dois se entenderam e
entraram em acordo. Sem imaginar o que ainda poderia acontecer, mal sabem que
vão se tonar marido e mulher.
Ok!
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