Por:
Arthur Nascimento, Patrick Lima, Yolanda Magesty e Yuri Lira
Capítulo
1 – Investigando o conceito
O primeiro capítulo é
iniciado com um breve relato da primeira experiência do autor no “jornalismo
investigativo”. Leandro era estagiário do jornal Tribuna da Bahia, e certo dia
foi demandado a ele fazer uma matéria a respeito de um cão que incomodava os
moradores de um prédio por causa de seus latidos constantes, estes fizeram uma
queixa ao jornal que se prontificou a apurar a história. O relato mostra como a
apuração jornalística é importante. Ele foi ao prédio, conversou com o zelador,
apurou mais da história. Depois foi até ao apartamento e conseguiu entrar, após
convencer a empregada a liberar que vissem o cachorro. Os donos não estavam
presentes, e logo após uma investigar o porquê do cão tanto latir, descobriu
que ele viera do sitio da família, acostumado com a liberdade, não conseguia se
adaptar ao “cativeiro”. Sua coleira era apertada e estava distante de suas
vasilhas de água e comida. Algo simples, mas que demandou uma investigação por
sua parte. Após isso a matéria foi publicada e os donos da casa foram reclamar
ao jornal por invasão de domicílio.
O autor defende que o termo
“’jornalismo investigativo’ é mais marca do que conceito”. Leandro se âncora no
que outros jornalistas e estudiosos defendem, de que “jornalismo investigativo
é, antes de tudo, jornalismo”, como afirma Eugênio Bucci. O termo seria quase
um pleonasmo, porque não há como se fazer o jornalismo sem a investigação, ou
seja, não se pode ou não se deve criar uma categoria de jornalismo, como esta,
pelo fato de a investigação fazer parte de qualquer atividade jornalística.
Quando se ouve a expressão
“jornalismo investigativo”, a primeira coisa que vem a mente é a descoberta de
escândalos envolvendo corrupção na política ou no esporte, envolvimento de
pessoas públicas em coisas erradas, etc. A lista é interminável do que pode vir
na mente. O autor cita Marcelo Beraba, ombudsman da Folha dês. Paulo, que diz
que “este tipo de atividade tornou-se uma qualificação para matérias com mais
fôlego, de maior investimento ou apuração.
Segundo o autor, nem todas
essas matérias são de fato de natureza investigativa. Muitas delas estão
atreladas a manutenção de interesses econômicos ou de pessoas com interesses
políticos. Outro ponto colocado pelo autor que reforça o argumento é que a
“profusão de assessores de imprensa e, atualmente dublês de jornalistas-
consultores terceirizados a peso de ouro por políticos e grandes empresários
criou um ambiente... profissionalizado de condução de pauta, apuração, e em
alguns casos de edição do material jornalístico. O autor ainda aponta que “essa
aproximação afetou o modo de fazer o jornalismo, mudou o “caráter investigativo
da reportagem no país”.
Um erro que o jornalista não
pode ter, de acordo com o autor,é deixar-se moldar pelo pensamento da fonte,
deixando que ela conduza a matéria, os pensamentos e a forma de agir do
jornalista, este não deve deixar que a fonte tenha poder sobre ele.
O jornalismo investigativo
brasileiro é muito influenciado pelo que foi praticado nos EUA, segundo Leandro.
O autor cita o famoso caso Watergate, um episódio de escuta legal na sede do
partido dos Democratas, por ordem do Presidente Nixon. O episódio foi publicado
pelos jornalistas do The Washington Post, as escutas foram encontradas, o que
acabou levando a Nixon renunciar o cargo.
No Brasil, O caso do
impeachment de Fernando Collor de Melo foi o que levou o jornalismo brasileiro
a um novo patamar. De acordo com o autor, após este episódio a questão ética
foi colocada em xeque. Os jornalistas começaram a viver em um frenesi de dar
furos de reportagem, de buscar trazer a luz o que era feito as escondidas. Além
da ética, começou uma disputa interna entre os jornalistas, quem vai dar a
notícia em primeira mão.
Sobre ética e
circunstâncias, as fontes não podem, segundo o autor, serem omitidas, seria
algo antiético. “Em suma: checar e ouvir são preceitos éticos e essenciais”. O
problema é que a maioria dessas matérias possui este tipo de recurso, visando dar
mais credibilidade e barulho a reportagem. Isso vai contra os princípios éticos
do jornalismo. Às vezes é feito para o que aconteça o famoso “furo”, com a
intenção de trazer mais “status” ao jornalista ou ao veículo.
O autor termina o capítulo
citando diversos tipos de grupos e associações de jornalistas que tem como
objetivo financiar atividades jornalísticas investigativas e defender os
colegas de profissão em casos como perseguições por causa de matérias que
exponham poderosos, políticos e pessoas corruptas.
“A função do jornalismo é
democratizar a informação, isenta de significados, liberta de preconceitos e
pressões”
Capítulo
2 - O caminho das pedras
Leandro
Fortes aponta que as técnicas de fazer jornalismo no rádio, na internet e na TV
são parecidas, para ele “A apuração determina o bom resultado de uma
reportagem. Nesta área o repórter recorre às diversas fontes como documentais e
pessoais”. O Jornalismo investigativo é mais complexo, normalmente por causa do
tempo de duração que é necessário para realiza-la. O autor divide a prática
investigativa em algumas fases.
Na
primeira fase, Leandro descreve que a pesquisa deve ser realizada com olhar
crítico sobre todos os pormenores encontrados na apuração, ele cita como
exemplo o caso Watergate onde os jornalistas do The Washington Post seguiram esta
metodologia de apuração. O autor lembra que a curiosidade é fundamental na
prática do Jornalismo Investigativo.
Na
prática da apuração o jornalista investigativo deve se distanciar das fontes
consideradas óbvias. O autor cita alguns exemplos de fontes como informações de
empresas citadas por investigação policial, junta comercial das cidades. Na
política, pode haver erros em projetos de lei e discursos. “O olho do repórter
é que vai descobrir por entre qual brecha se pode chegar à notícia”.
Fernando
salienta que para investigar é preciso ter paciência, concentração, perseverança,
intuição, atenção especial e insistência. Ele completa que é preciso ter essas
características para debruçar-se sobre “relatórios anuais de empresas,
certidões, registros de imóveis, contratos, processos judiciais, transitados em
julgado, sites de internet, cadernos de revistas e jornais” Leandro. Para que a posteriores possa ser realizado o cruzamento
de vários desta variedade de documentos e fontes.
Capítulo 3 - No fio da
navalha
Ao
iniciar o capítulo, Leandro fontes já entra em uma polêmica acerca do limite do
Jornalismo Investigativo. O autor defende que os jornalistas devem usar da
legalidade na profissão. Usar de artifícios como microcâmeras, gravadores
escondidos, passar-se por outra pessoa, violar leis não são atitudes éticas e
honestas. Ele também lembra que existem jornalistas que defendem as investigações
livre das artimanhas citadas acima, um jornalismo puro, já outros defendem que
tudo deve ser feito em busca da melhor apuração.
Ao
relatar que muitos jornalistas já se arrependeram de usar de artimanhas a
margem da lei para conseguir o que queriam, Fortes cita Ricardo Noblat, que
também defende a exclusão desses meios na hora de investigar. Noblat se passou
por Major da polícia para conseguir informações em uma recepção de hotel,
historia contada em seu livro A arte de fazer um
jornal diário. Após
o arrependimento, ele faz uma reflexão a respeito do tema. “Porque sou
jornalista e porque vivemos em uma democracia estou liberado para valer-me de
qualquer recurso que assegure à sociedade o direito de tudo saber? Posso roubar
documentos, mentir, gravar conversas sem autorização, violar leis? Onde está escrito
que disponho de tais prerrogativas? Quem me deu imunidade para rasgar códigos
que regulam o comportamento das demais pessoas?”.
Continuando
no assunto da legalidade nas formas dos jornalistas fazerem suas investigações,
Fortes utiliza da posição da jornalista americana Janet Malcon no seu livro, O
jornalista e o assassino, que é um complemento da ideia de Ricardo Noblat.
“Qualquer jornalista que não seja demasiado obtuso ou cheio de si para perceber
o que está acontecendo sabe que o que faz é moralmente indefensável. Ele é uma
espécie de confidente que se nutre da vaidade, da ignorância ou da solidão das
pessoas [...] Os jornalistas justificam a própria traição de várias maneiras
[...] Os mais pomposos falam de liberdade de expressão e do ‘direito do público
saber’; os menos talentosos falam sobre a Arte; os mais decentes murmuram algo
sobre ganhar a vida”.
A
condescendência de seus chefes, prêmios que podem ser recebidos quando as
investigações dão certo e a cultura do jornalismo brasileiro dão sobrevida ao
uso desses tipos de métodos nas investigações. O autor defende a criação de um
Conselho Federal de Jornalismo, para que as ações dos jornalistas
investigativos sejam “limitas, organizadas e vigiadas”. Mesmo defendendo uma
ação dentro da lei dos jornalistas, Fortes acredita que a imprensa brasileira
deve muito à coragem dos jornalistas investigativos.
Missão e omissão
Leandro
Fortes relata nesse subcapítulo, um caso vivido por ele. Relatado em seu livro,
Cayman: o dossiê do medo, de 2002, ele fala que omitiu sua
identidade para conseguir uma informação e depois voltou a mentir para se
salvar. Tratava-se do caso envolvendo os então presidente da república Fernando
Henrique Cardoso, presidente do senado Antônio Carlos Magalhães, o ministro
Luiz Carlos Mendonça e um ex-diretor da Empresa Andrade Gutierrez. No livro,
Fortes relata detalhadamente tudo que aconteceu na investigação desse caso de
corrupção. Na época ele era jornalista da Revista Época.
O off partido
Uma
polêmica decisão tomada pelo jornalista Luiz Cláudio Cunha, da Revista IstoÉ é
outro caso relatado pelo autor no subcapitulo O off partido, em que o
ex-senador Antônio Carlos Magalhães também está envolvido.
O
caso refere-se à máfia dos grampos, imposta por ACM na Bahia. O próprio Senador
informou a Luiz Cláudio Cunha sobre esses grampos, mas o fez em pratica muito
comum nesse mundo, em off. Mas o repórter tornou público esse off. Luíz Cláudio
relatou o porque de vazar essa informação mesmo estando em off de uma investigação
jornalística? Com a palavra, o próprio Luiz Cláudio. "O off em qualquer
circunstância, é uma decisão solitária, crucial e exclusiva do repórter".
No caso, e em resumo, ele decidiu revelar a fonte de informação para não ser
cúmplice de um ato criminoso.
Muitos foram os que
criticaram Luiz Claudio, inclusive grandes jornalistas da época. Em um artigo
intitulado “O grampo que acabou com o grampo” do jornalista Alberto Dines, o
assunto foi tratado assim:
[...] O senador Antônio Carlos Magalhães, apelidado com toda a
justiça de Rei do Grampo, mais uma vez enredou-se numa gravação telefônica. Um
dos principais fornecedores de fitas, responsável pelo denuncismo irresponsável
que tomou conta da imprensa brasileira e colocou-a a reboque desinteresses
políticos mais escusos, está definitivamente envolvido no caso do megagrampo
baiano. Os repórteres recusaram manter em off uma confissão inequívoca:
publicaram o que ouviram e de quem o ouviram. Não poderiam compactuar com uma
ilegalidade admitida pelo próprio autor. E ainda gravaram a conversa em que o
senador confirma a declaração anterior. Um grampo acabou com a Era do Grampo.
li, de quebra, acabou com a matéria "soprada". O off tem limites. O
jornalista está comprometido com a sua consciência e seus princípios morais e
não com os interesses do entrevistado. A Era do Grampo estendeu-se ao longo de
cinco anos porque os jornalistas que recebiam as fitas (alguns da própria
IstoÉ) aceitavam manter em sigilo os nomes dos fornecedores da ilicitude.
Graças a Luiz Cláudio Cunha e Weiller Dinrz (o outro repórter da IstoÉ que
assinou as matérias dos grampos), políticos, autoridades ou bandidos vão pensar
duas vezes antes de distribuir com tanta generosidade o teor das gravações que
mandavam fazer (ou recebiam de terceiros). E pensarão dez vezes antes de fazer
declarações irresponsáveis imaginando-se protegidos pelo off. Abril de 2003 vai
marcar a despoluição das relações entre a mídia e o poder. O jogo brasiliense
será mai s limpo. O pacto de silêncio, a omertá (lei do silêncio imposta pela
máfia na Itália), foi rompida: bandidos de um lado, jornalistas de outro.
A decisão de divulgar um
off, nem sempre esta nas mãos do jornalista em si, mas de pressões dos chefes,
de donos de jornais etc. “Essa questão está diretamente ligada à discussão
geral sobre a liberdade de imprensa, e não somente no Brasil. Boa parte das
ações judiciais impetradas contra veículos e jornalistas no mundo todo tem como
objetivo primordial obrigar os profissionais a abrirem suas fontes”.
Leandro Fortes termina o
capítulo falando do resgate do verdadeiro Jornalismo Investigativo. Ele cita um
fundador da Abraji, Cláudio Tognolli. “Muita gente confia nessa história de
copiar boletim de ocorrência e falar que aquilo é resultado de uma
investigação, quando, na verdade, isso é uma grande mentira. Ou você vai
investigar o que apurou, ou você fica atrás da polícia", afirma. Confiar
em uma única fonte, sobretudo em off, é, normalmente, um risco profundo da atividade
jornalística”.
Capítulo
4 – Ossos do ofício (E que ofício)
No livro “Jornalismo
investigativo”, no capítulo quatro o autor, Leandro Fortes, começa fazendo a
afirmação de que a preguiça e jornalismo não combinam. Isso porque segundo ele
para se fazer jornalismo é preciso disposição para apurar, e no caso do
jornalismo investigativo, disposição para investigar.
Leandro cita que
nessa investigação podem-se incorrer vários riscos à vida do jornalista e que é
preciso bom senso para que não ultrapasse os limites da responsabilidade
profissional.
O autor usa exemplos como o caso do
jornalista Tim Lopes, morto no ano 2000 ao fazer uma investigação para uma
matéria da Globo, dentro da favela.
Tim correu os riscos que, em sua
visão, valeriam a pena. Ele pensava nas famílias, nas crianças, na sociedade. O
escrito colombiano Gabriel Garcia Marquez chamou essa vontade de Tim, de
“paixão insaciável” pelo jornalismo.
No caso de Tim, a emissora decidiu
não se responsabilizar pelo acontecido, e sim parabenizar o jornalista pelos
seus belos trabalhos já feitos, trabalhos que ajudaram a criar uma sociedade
mais consciente.
Leandro tenta mostrar neste capítulo,
por meio de uma frase de Ricardo Noblat, que o bom jornalista investigativo só
é bom quando vai além do superficial, além do óbvio. Um bom jornalista
investigativo precisa saber e precisa querer investigar, pois quando isso não
acontece, o jornalista torna-se seu próprio inimigo e acaba se tornando um mero
copiador de boletins de ocorrência.

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