Giselle Silva
Irreverente,
louco, fanático, ciumento, persistente, orgulhoso, canalha, entre outros
adjetivos suficientes para Chatô.
Após 20
anos de persistência para o lançamento do filme, Guilherme Fontes surpreende o
público brasileiro com um filme biográfico fora dos requisitos comuns e, o mais
admirável, totalmente atual. O longa é uma mistura do passado, com presente e
futuro, cenas rápidas, a dualidade entre o humor e a tristeza, tudo que compõe
a vida do jornalista. Chatô, o Rei do
Brasil aborda toda história de um dos maiores magnatas da comunicação,
desde seu prestígio com o Diário dos associados até a fase decadente da
trombose.
O diretor mostra
a vida de Assis Chateaubriand durante um programa de televisão ao vivo de
domingo com flashs dos momentos importantes de sua vida. Na platéia as pessoas
que participaram da história de Chatô como suas esposas, Getúlio Vargas, Carlos Rosenberg, entre outros.
E quem
imaginaria que um garoto com problemas de gagueira se tornaria um dos homens
mais influentes no Brasil nas décadas de 40 a 60? O longa aborda o início da
carreira de Assis, quando o sonho de ter seu próprio jornal se tornou realidade
ao se casar com Maria Henriqueta Barroso do Amaral, devido sua sogra que
possuía um jornal.
Surge aí um
grande império.
A cena da
noite de jantar onde conhece Vivi, a qual teve um grande caso de amor e apoio nos
negócios, mostra como era o perfil de Chatô: um homem sem medo de expressar sua
opinião e suas origens. Assis chega ao jantar vestido com trajes típicos da
Paraíba, exaltando sua terra e debatendo com convidados o potencial dos
paraibanos e discutindo com Vivi, a qual tenta o calar a todo instante.
O
envolvimento com Vivi deu-se a relação também com o então presidente Getúlio
Vargas. A partir de então surge a parceria de um presidente que apoia
financeiramente o Diário dos Associados e de um jornalista que exalta o governo do
presidente Vargas. Mas o suposto caso
entre Vivi e Vargas traz grande revolta à Assis, que já não mantinha um
casamento de sucesso. Com isso, Chatô emplaca um grande embate desmascarando
Vargas nas capas de seu jornal, revelando ao país a outra face do “Pai dos
Pobres”. Consequentemente, Assis é preso. Somente após muita persistência de
seu braço direito, Carlos Rosenberg, Chatô volta atrás e prossegue com laços
“amigáveis” com Getúlio.
O filme
mostra também como a vida de Chatô era regada de mentiras e traições. Seu
segundo casamento, também sem sucesso, envolveu até mesmo Vargas que implantou
uma lei para ter a filha de volta que havia sido afastada pela ex-esposa. Seu
escritório dividia-se entre um espaço para produção de matérias escandalosas,
como a da barata encontrada em um refri, como também uma espécie de “bordel”
regado de mulheres para satisfazer seus desejos sexuais.
Chatô, além
de um fanático por grandes notícias dizia que a essência do jornal era a
publicidade. “Anuncio é dinheiro, noticia é perfumaria”. O longa mostra seu desespero ao saber que um
dos anunciantes iria abandonar o jornal, como a empresa FiatLux, de palito de
fósforo. Como modo de chantagem, Assis mobilizou toda redação para contar o
número de palitos nas caixinhas a fim de constatar se o a quantidade condizia
com o rótulo. Por fim, a manchete de que a empresa não cumpria conforme a
quantidade anunciada fez que a empresa retorna-se com os anúncios no jornal.
Chatô não
se convencia ter somente um veículo impresso. Com isso criou a rádio Tupi e
teve a brilhante ideia de trazer a televisão para revolucionar o país, o que
era visto como loucura para muitos. Por fim, o sonho da TV se concretizou, a TV
Tupi, a primeira emissora do Brasil.
Entre
sucessos, conquistas, paixões, a maior luta do jornalista foi também a trombose
que o derrubou nos sete anos antes de sua morte. Mesmo assim, o filme mostra
como a figura persistente de Chatô permanecia com veemência até o último
segundo de vida.
Em menos de
duas horas, o filme tenta mostrar da melhor forma toda a história de Chatô, que
apesar de seu gênio orgulhoso e indômito, graças ao seu lado persistente trouxe
ao Brasil uma das maiores revoluções no meios de comunicação. No entanto, cabe
ressaltar que o longa deixa confuso o papel de alguns personagens, como por
exemplo qual o fim da primeira esposa, esclarecer quem são os personagens de
ficção e os que realmente fizeram parte da vida de Chatô.
Apesar de tal, a
espera de 20 anos pelo filme valeu a pena.
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