sábado, 18 de junho de 2016

O passado de um futuro presente


Por Lilia Santos


A política brasileira teve um dos mais simbólicos personagens de sua história. Getúlio Vargas, após 60 anos do seu suicídio, muitas questões ainda passam pela nossa cabeça. 

Sempre nos perguntamos como ele chegou ao poder? Como seria os bastidores dessa história? Samuel Wainer aproveitou as oportunidades que a vida lhe deu para nos revelar um cenário até o momento, inacessível por outro alguém. 

O livro “Minha Razão de Viver - Memória de um Repórter” não é uma aula de ética, traz momentos de conveniências, recheada de situações interessantes, ricas e desafiantes da vida de um jornalista traçando o perfil da história política do Brasil.

O livro que trata em 282 páginas as turbulências da Democracia brasileira revela a trajetória de um homem que se tornou um dos grandes amigos de Getúlio Vargas, feroz inimigo de Carlos Lacerda e um dos maiores jornalistas da história brasileira. 

Mas não podemos esquecer que a biografia nos apresenta apenas um lado da história. Fico imaginando como seria cobrir, sozinho, as reviravoltas do governo Dilma em seu segundo mandato. 

Eu, com certeza, teria que aprender com um dos grandes mestres da comunicação, Samuel Wainer, como entender o jogo de influência, corrupção e alianças desse meio para mostrar as verdades dos bastidores do poder.   

Algumas comparações entre o Governo Getúlio e Dilma não podem ser deixadas de fora como o caso da manifestação conservadoras do mês de março de 2015 e a Marcha com Deus Pela Família e pela Liberdade contra o governo Vargas que também aconteceu em março de 1964.  

Os rumores dos apocalípticos e dos esperançosos, o congresso hostil nos dois períodos e as posições de Getúlio e Dilma desagradaram os gregos e troianos. Em 1953 a economia oscilava, a inflação nas alturas e os investimentos pareciam não muito diferentes do momento atual, não é mesmo?

“Entre as semelhanças, algumas diferenças, e entre as diferenças, algumas semelhanças” diz Flávio Aguiar para a Rede Brasil Atual.

E assas diferenças vemos nos fatores ideológicos, Vargas sempre compreendeu o valor da mídia e aproveitou muito bem de seus benefícios ao ponto de ajudar na criação do Última Hora, de Samuel Wayner (um jornal que mudou a imprensa brasileira). 

Já o governo petista mostra-se mais prisioneiro da pressão midiática. Outra contestação é que, por mais difíceis que estejam as coisas no governo atual, não vemos a disposição das Forças Armadas. Se um golpe vier acontecer (acho que não é o caso) virá por meio do Parlamento ou Judiciário.   

Minha avó sempre me dizia que devemos aprender com os erros do passado e na minha singela opinião, Dilma deveria aprender e saber mais aproveitar a disposição da mídia em todos os seus aspectos. 

Getúlio, só tinha os meios tradicionais como, rádio, TV e impresso e nem por isso ele deixou de cuidar de sua imagem. Samuel Wayner, por estar sempre ao lado de Vargas, foi apelidado por Lacerda de Corvo, hoje não vemos, se quer uma geração de corvos na mídia. 

Em meados dos anos 50, a imprensa tinha sua posição clara, derrabar Getúlio, hoje a música é outra, todos os meios de comunicação “fingem” uma imparcialidade inexistente.


Um outro ponto que ouvimos falar muito é que, na verdade, não há provas que a Presidente afasta cometeu crime de responsabilidade e que ela não vai renunciar.

Mas se formos dá mais uma espiadinha em 1954, vemos que também não havia provas contra Getúlio Vargas e ele também não quis renunciar. 

Mas a diferença está em que a presidente não parece nem um pouco tentada a cometer suicídio, pelo o contrário, sua luta para voltar ao poder parece incansável. 

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