Por
Warley Carvalho
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O livro “Uma Razão de
Viver: memorias de um repórter” de Samuel Wainer, publicado em 1988,
aborda o cenário político do contragolpe no governo de João Goulart. Jornalista
e escritor, Samuel Wainer expõe os aspectos de conspiração e articulação
para que o presidente fosse deposto, além de expor, em tom confidencial, as estratégias
de arrecadação de dinheiro para financiar o golpe.
Só por aí, já é possível identificar
pontos de semelhança com o atual golpe cometido conta a primeira presidente mulher
do Brasil, Dilma Rousseff. Wainer, em exercício de sua profissão e por acesso
privilegiado aos departamentos do governo, pôde ser testemunha dos acontecimentos
que culminaram no golpe militar de 1964.
Hoje é possível presenciar
e acompanhar, quase em tempo real - pelos meios tecnológicos, acesso à
internet, à transmissão ao vivo dos debates na câmara - os feitos e desdobramentos
de conspiração conta o governo que não agrada a oposição. É só ficar de olho e
prestar atenção que está tudo ali.
O livro de Wainer é biográfico,
por dois motivos, primeiro por tratar da vida e carreira profissional do
jornalista ao se envolver na política e com isso construir o “império” do jornal
Última Hora, e, segundo, por falar da história política do país com abordagem
de bastidores, que muitos livros de história não contam.
Wainer viu na parceria com Getúlio Vargas a oportunidade
de trabalhar sua imagem, tanto para as campanhas política como para ganhos
financeiros que permitiram a estruturação da empresa jornalística. Porque na
política as trocas financeiras são a base, desde sempre, como já dizia o
economista Milton Friedman, que popularizou a frase: “não existe almoço
grátis”.
Em paralelo é possível observar
que, na atualidade, a política não está muito diferente que há cinquenta anos atrás.
O noticiário dos últimos dias não nos deixa esquecer o quanto a população está
sujeita aos interesses de uma classe que não pensa o bem-estar comum, mas sim, nos
próprios benefícios.
Prova disso são os escândalos
recorrentes que se assemelham aos episódios de um seriado americano, tamanha as
bizarrices que se vê noticiar por aí. Mas tenhamos fé!
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Wainer, em sua obra, já
alertava que a política é um jogo, onde se mata ou morre. A mídia, de uma forma
geral, está comprometida com as instituições políticas, pois é de lá que vem as
concessões e os financiamentos para que as empresas se sustentem.
Isso compromete as abordagens noticiosas, pois não se deve cuspir no prato que se come. Assim a imprensa, muitas vezes se cala diante dos abusos políticos, ou mudam a abordagem para se fazer ver aquilo que não está realmente acontecendo.
Como foi com Getúlio, impelido
ao suicídio por pressão a uma renúncia da qual não estava disposto a aderir. Assim
também com Dilma, levada por falta de apoio parlamentar, a renunciar à presidência
da república. Conspiração que ainda se arrasta e que tem desfecho incerto.
Pode-se dizer que a construção
de uma identidade política, e o amadurecimento da mídia no Brasil andam de mãos
dadas. A política não freia a mídia, porque precisa dela, e qualquer medida de
conter a impressa pode ser um tiro no pé, e um atentado à liberdade de
expressão. Já a imprensa, não ataca diretamente os políticos, pois nos “bastidores”,
muito se beneficia das finanças do governo.
O livro relata isso, na história
de Assis Chateaubriand ao construir suas empresas de comunicação, foi
forte os interesses e compromissos firmados com políticos, incluindo as
vantagens tiradas da proximidade com o presidente Vargas.
Evidente é a influência (e
não manipulação) que os jornalistas têm sobre a população. São formadores de
opinião e isso desde de Wainer (e certamente antes). Influenciam os políticos e
a opinião pública. Mas fato que não muda é necessidade de o jornalista ser um
apurador exímio, que faz seu
trabalho com lupa.
A intenção aqui, não é
julgar as atitudes de Samuel Wainer ou de qualquer outro, mas sim tomar
Wainer como exemplo, pois mesmo após sua morte, por causa de seu trabalho e seu
compromisso com os fatos, permitiu que tivéssemos conhecimento dos bastidores políticos
daquela época.
Elemento que hoje capacita muitos estudiosos e jornalistas a
olharem com desconfiança para os meios de comunicação - que por vez se gaba de
ser o defensor da verdade - como para a política que mais uma vez repete os
erros do passado.
Abramos os olhos, amigos!
Vivemos tempos de profunda observação.
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