sexta-feira, 24 de junho de 2016

Livro - Minha Razão de Viver

Samuel Wainer gravou memórias que, posteriormente, se transformaram no livro "Minha razão de viver", de 2005. Na obra, o jornalista que teve grandes relações no meio político, incluindo com o ex-presidente JK e Getúlio Vargas, narra histórias dos bastidores do cenário político brasileiro, da criação do jornal "Última Hora" e de diversos acontecimentos históricos do país.

Da narração da criação de sua razão de viver, o "Última Hora", percebemos semelhanças com o cenário atual do Brasil. Sonho antigo de Wainer, a publicação iniciou-se com a ajuda de Getúlio Vargas, já em seu segundo mandato na presidência. Certa vez, quando deslocado para fazer uma reportagem sobre o trigo no sul do país pelos Diários Associados, Wainer mudou o percurso do avião e pousou na fazenda do então senador Vargas, que lhe concedeu uma exclusiva e disse que voltaria ao comando da nação. Desse encontro nasceu uma amizade, recheada de interesses mútuos, entre Vargas e o jornalista, e Wainer viu sua carreira deslanchar. Quando assumiu a presidência novamente, Getúlio precisava de uma publicação que lhe apoiasse, já que a maioria esmagadora da imprensa brasileira era contra seu modo de governar. Daí nasceu o jornal de Samuel, que foi defensor de Vargas até sua venda, em 1971.

Vê-se então que, por interesses dos dois lados, Vargas e Wainer se apoiaram. E o mesmo acontece hoje na imprensa brasileira, com veículos de comunicação apoiando grupos políticos. Muitas das vezes essas mídias apoiam-se no princípio da imparcialidade, o que não costuma ser não é real. O que diferencia o trabalho de Wainer e o da imprensa de hoje é a parcialidade declarada: Wainer apoiava Vargas de diversas formas, inclusive publicando em sua primeira edição uma carta do governante; já os veículos de hoje dizem-se imparciais, quando "jogam" a partir de seus interesses e querem fazer seu público acreditar que, apesar de tudo o que divulgam, não têm "um lado". 

Carinna Viganor Horta

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