sexta-feira, 17 de junho de 2016

Minha Razão de Viver: Memórias de Wainer e o jornalismo de hoje


Giselle Silva

Samuel Wainer, jornalista célebre, Judeu do bairro do Bom Retiro, em São Paulo, de origem humilde. 

Em Minha razão de Viver conhecemos os lamentos, as revoltas versão de um jornalista em conflitos distribuídos em 36 capítulos e 282 páginas. Assim como detalhes de sua convivência com Getúlio Vargas, desde quando senador até o último momento como presidente do Brasil. 

Última Hora, de 1951,  foi seu veículo de grande prestígio com intuito de alcançar famílias populares brasileiras. Os próximos três anos as primeiras grandes dificuldades começaram para Wainer. No ano de 1953, Carlos Lacerda, do Jornal Tribuna da Imprensa, acusou o jornalista Samuel Wainer por receber favorecimentos para empréstimos. A partir disso, inicia-se um momento conturbado e a criação de uma CPI para verificar as transações realizadas pelo banco.

Assim como o jornal de Wainer, atualmente, principalmente em meio às complicadas questões políticas vivenciadas no Brasil, inúmeras impressas encontram-se envolvidas em algum tipo de favorecimento seja com empresas ou até mesmo em partidos políticos. Alguns veículos não escondem sua posição. O ex-presidente Lula, por exemplo, no momento em que foi indiciado como participante da Lava Jato, se reuniu com o presidente da revista Carta Capital, Mino Carta, a fim de ajudá-lo em meio a essas crises.

No livro, Wainer consta suas desavenças já com os grandes “chefes” dos veículos midiáticos. O jornalista descreve que jornais agiam como empreiteiras para serem utilizadas garantindo que seria pago. O veículo chantageava o governo para utilizar as empresas indicadas pelo veículo, caso contrário, o jornal discorreria de ataques contra o governo.

A questão partidária tem se tornando comum no Brasil. Como o custo de sustentar um meio de comunicação apenas via publicidade não é o necessário, vários meios encontraram um saída através de “barganhas” e chantagens. Os veículos de comunicação estão deixando a imparcialidade para serem parciais determinadas empresas e partidos políticos.

Para além disso,  Samuel Wainer relembra dos benefícios que o governo federal efetuava aos meios de comunicação que apoiasse o governo em questão. Com isso, os veículos beneficiados obtinham  isenção federal, os anúncios, baixo custo de importação de papel-jornal e maquinários. Ainda hoje, presenciamos como inúmeros veículos de comunicação continuam a se sustentar através de dos custos de políticos, desde pequenas prefeituras de pequenas cidades até mesmo grandes estados brasileiros.

E o que dizer da entrevista de Wainer com o “Pai dos pobres” que resultou em grande amizade? Por um longo tempo o jornalista foi criticado por favorecer o governo de Getúlio Vargas alegando sendo o então presidente, na verdade, responsável pelo jornal e fazer de seu governo promissor. Segundo o livro, a amizade e companheirismo se perpetuou até os últimos momentos de Getúlio que cumpriu sua promessa do dia anterior que seria noticiado no jornal: “Só morto sairei do catete”. 

Os anos se passaram, os meios de comunicação de evoluíram, progrediram. No entanto, o jornalismo de “favorecimentos”, de apoios políticos, de embates entre veículos permanece. Como poderemos chegar a conclusão de que um jornal pode ser totalmente imparcial? Quando veremos tal? Cabe a nós, jovens, futuros jornalistas a refletir, fazer da nossa profissão como sempre descrito em dicionários: discorrer em notícias acontecimentos e opinar sobre tal.  




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