sexta-feira, 24 de junho de 2016

Resenha do livro – Minha Razão de Viver 


Laura Sampaio 


Em sua autobiografia, Samuel Wainer conta através de suas memórias, experiências no universo do jornalismo, uma narrativa cativante organizada pelo colega de profissão Augusto Nunes em virtude de sua morte.   

O livro conta pouco da vida pessoal de Wainer, mas dedica sua maior parte a razão de viver do jornalista (sua atividade profissional). As poucas vezes em quem há passagens sobre a vida pessoal do autor, estão sempre vinculadas ao jornalismo e sua dedicação pela profissão. 

Sua admiração pelo ofício, o fez fundar seu jornal diário intitulado Última Hora, com o auxílio de Getúlio Vargas que na época não tinha o apoio dos donos de jornais. A princípio, a intenção era que o jornal pudesse trabalhar junto ao governo. Com o país contra a candidatura de Vargas, Wainer foi o único a acompanhar os comícios de Getúlio pelo Brasil, afrontando a imprensa conquistando assim inimigos como Carlos Lacerda e Chateaubriand. 

Preocupado com sua redação e ideologia esquerdista, os recursos que arrecadava através das influências que tinha durante o governo Vargas e Juscelino, poderiam tê-lo feito rico, mas todos eram investidos na redação de seu jornal procurando garantir ao seu leitor um jornal de qualidade. No entanto não sentiu vergonha de admitir que em muitos momentos de sua vida, se deixou envolver pela fama e reconhecimento. 

Última Hora se expandiu para outros estados e envolvido nos bastidores da imprensa, Wainer conta suas experiências tais como quando mentiu sobre enviar 200 profissionais para cobrir uma Copa do Mundo, quando na verdade as matérias eram produzidas por agências internacionais, e o texto era alterado aqui. Além disso, o jornal denunciava intrigas, falcatruas e acordos políticos da época, tendo ele participado em troca de financiamento para suas edições. 

O relato que mais se destaca na obra é sobre o início da Ditadura Militar no país e a censura da imprensa. Wainer narra um caso em que precisou de valer da amizade com um militar para que pudesse evitar ser preso novamente, além de buscar refúgio no exterior por conta do regime, tendo assim que deixar o jornal aos cuidados de amigos, até chegar ao ponto de ter que vender "sua razão de viver". 

No final de sua vida, Wainer volta a escrever para o Última Hora, quando estava sob os cuidados de Octávio Frias dono do jornal Folha de São Paulo. Faleceu aos 68 anos, vítima de insuficiência respiratória. 

A obra é marcada principalmente pela dedicação de Samuel Wainer ao ofício, marcando para sempre a história do jornalismo nacional. 


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