Os
relatos de Samuel Wanier sobre sua experiência como jornalista traz uma imagem
muito real do que se vive hoje no Brasil.
Semelhanças de fatos, acontecimentos e interesse. Conhecido como o profeta, apelido dado a ele
por Getúlio Vargas, Samuel chegou ao ápice do sucesso ao criar o jornal “Última
Hora” que propagava as ideias getulistas e despertava a fúria da opção que
queria o poder.
O
jornalista conseguiu uma entrevista exclusiva com Vargas e causou grande
alvoroço na política do país quando o ex-presidente anuncia sua nova
candidatura à presidência com a célebre frase: “Eu voltarei como líder das
massas”.
Ao
retornar ao poder em 1950, Vargas ainda criou a companhia “Petróleo Nosso”,
hoje conhecida como Petrobrás. Quatro anos depois Vargas, cometeu suicídio.
Estava sendo pressionado pelos militares e pela imprensa. A situação econômica
do país não estava positiva e isso gerava descontentamento da população.
Wainer,
no entanto, permaneceu fiel à Getúlio Vargas mesmo após se tornar uma ameaça
aos barões da imprensa dentre eles, Assis Chateaubriand, pois Waneir ganhava o
público com seus periódicos e também atraia anunciantes. Além dos barões da
imprensa, o jornalista Carlos Lacerda, apoiado pela oposição, lançou várias
acusações contra Getúlio e Wainer na Rádio Globo e TV Tupi e uma CPI foi
instalada. Wainer foi preso por falsidade ideológica e Vargas foi afastado do
poder.
Getúlio
Vargas havia governado por 15 anos até sofrer o golpe militar em 1945 e
retornar ao catete em 1950. Neste período, o país teve grandes ganhos como a
criação da Vale do Rio doce, a Companhia Siderúrgica Nacional, a criação da
hidroelétrica de São Francisco e também do IBGE – Instituto de Geografia e
Estatística Brasileira, além da consolidação dos diretos trabalhistas vigentes
até os dias atuais. Claro, que apesar da realização de todos esses feitos ao
país, Vargas também censurava e controlava manifestações contrárias ao seu
governo.
Semelhanças
na história política desse país não é coincidência. É apenas uma continuidade
de pensamentos e atitudes vindas da cultura política trazida pelos portugueses
desde a descoberta do Brasil. O cenário
político vivido no Brasil é uma espelho a Era Vargas, JK, Jânio Quadros,
Goulart até os militares tomarem o poder em 1964.
O
governo do PT, desde que Lula assumiu a
presidência, tinha como foco promover a ascensão das classes C,D, E diminuindo
a desigualdade no país. Deu oportunidade aos pobres, negros, índios de
frequentarem a faculdade. Deu espaço para mulheres no poder. Os pobres, agora, poderiam adquirir seus
bens, casas, carro, fazer viagens para o Brasil e para o exterior viajando na
mesma classe que muitos magnatas.
Tivemos o Pré-Sal, bolsa família, bolsa escola, vale gás, bolsa moradia,
bolsa craque. Lula disse não a
privatização da Petrobrás, aliás, o único patrimônio que nos restou, já que a
Vale de Getúlio foi privatizada.
Em
oito anos de Lula tivemos escândalos de corrupção, como o Mensalão e Lava -
Jato. Isso porque, Lula abriu as portas para
que Ministério Público, Polícia Federal investigassem esquema de corrupção. Até
então, não teve crise no Brasil. Nem mesmo em 2008 quando o mundo estava em
crise. Altas taxas de emprego, popularidade do PT nas graças da população.
Para
ficar mais uma vez na história, o PT lança a primeira mulher para governar o
país, Dilma Rousseff. A oposição, a
imprensa, “os barões desse país” já não aguentavam mais ficar tanto tempo fora
do poder. No segundo mandato de Dilma a
crise chegou. Muitos desempregados,
empresas em crise, cortes sendo feitos e pedaladas fiscais sendo expostas como
uma grande novidade no governo, (isso ocorre desde dos primórdios da democracia
neste país).
Com
ajuda da imprensa, a oposição começou plantar a ideia de impeachment da presidente. De qualquer maneira queriam ela fora do
poder. Era um golpe interno instaurado por seus aliados, que não tinham seus
interesses aprovados e viam na crise o momento de voltar com a direita ao
poder.
Nos
dias atuais a imprensa não é censurada.
As informações estão em todos os lugares. As pessoas já não acreditam somente no que leem.
E o senso crítico gritou que a Globo estava por trás do golpe. “Mídia
golpista”, “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo.” Eram gritos das
manifestações a favor do governo que não podiam ser controladas como no período
de Vargas. A parcialidade das informações repassadas pela emissora deixava
explicito seu interesse em querer a presidente fora do poder. A parcialidade descarada já não cabia mais
como era feito pelo Última Hora de Samuel Wainer e nem pelo jornal de oposição
de Carlos Lacerda.
Mas
a oposição conseguiu o afastamento da presidente quando foi aceito o pedido de
impeachment pelo Senado. Dilma, afirmou
várias vezes que não havia cometido nenhum crime. O que ela fez, outros presidentes fizeram e
nem por isso, sofreram impeachment. Ficava claro a perseguição política. E em
um dos seus discursos ela disse que não cometeria suicídio como Getúlio Vargas
e nem sairia pelos fundos como Gourlart. A presidente aguentou todas as
pressões políticas e populares. São 180 dias e muita coisa na história ainda
pode mudar.
São
histórias que se repetem em períodos diferentes. Getúlio Vargas, fez grandes feitos pelo
Brasil e pelos trabalhadores. O governo PT, também. Getúlio usou de influência e cometeu erros. O
governo PT também. A imprensa
influenciou diretamente em todos os períodos, só que agora a população pode
gritar o que pensa porque não é censurada.
Os erros estão mais fácies de serem identificados e expostos. Talvez
isso sim, seja o melhor desse período político que vive o Brasil.
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