sábado, 18 de junho de 2016

Minha razão de viver

Verônica Barbosa

Os relatos de Samuel Wanier sobre sua experiência como jornalista traz uma imagem muito real do que se vive hoje no Brasil.  Semelhanças de fatos, acontecimentos e interesse.  Conhecido como o profeta, apelido dado a ele por Getúlio Vargas, Samuel chegou ao ápice do sucesso ao criar o jornal “Última Hora” que propagava as ideias getulistas e despertava a fúria da opção que queria o poder.
O jornalista conseguiu uma entrevista exclusiva com Vargas e causou grande alvoroço na política do país quando o ex-presidente anuncia sua nova candidatura à presidência com a célebre frase: “Eu voltarei como líder das massas”.
Ao retornar ao poder em 1950, Vargas ainda criou a companhia “Petróleo Nosso”, hoje conhecida como Petrobrás. Quatro anos depois Vargas, cometeu suicídio. Estava sendo pressionado pelos militares e pela imprensa. A situação econômica do país não estava positiva e isso gerava descontentamento da população. 
Wainer, no entanto, permaneceu fiel à Getúlio Vargas mesmo após se tornar uma ameaça aos barões da imprensa dentre eles, Assis Chateaubriand, pois Waneir ganhava o público com seus periódicos e também atraia anunciantes. Além dos barões da imprensa, o jornalista Carlos Lacerda, apoiado pela oposição, lançou várias acusações contra Getúlio e Wainer na Rádio Globo e TV Tupi e uma CPI foi instalada. Wainer foi preso por falsidade ideológica e Vargas foi afastado do poder. 
Getúlio Vargas havia governado por 15 anos até sofrer o golpe militar em 1945 e retornar ao catete em 1950. Neste período, o país teve grandes ganhos como a criação da Vale do Rio doce, a Companhia Siderúrgica Nacional, a criação da hidroelétrica de São Francisco e também do IBGE – Instituto de Geografia e Estatística Brasileira, além da consolidação dos diretos trabalhistas vigentes até os dias atuais. Claro, que apesar da realização de todos esses feitos ao país, Vargas também censurava e controlava manifestações contrárias ao seu governo.
Semelhanças na história política desse país não é coincidência. É apenas uma continuidade de pensamentos e atitudes vindas da cultura política trazida pelos portugueses desde a descoberta do Brasil.  O cenário político vivido no Brasil é uma espelho a Era Vargas, JK, Jânio Quadros, Goulart até os militares tomarem o poder em 1964.
O governo do PT, desde  que Lula assumiu a presidência, tinha como foco promover a ascensão das classes C,D, E diminuindo a desigualdade no país. Deu oportunidade aos pobres, negros, índios de frequentarem a faculdade. Deu espaço para mulheres no poder.  Os pobres, agora, poderiam adquirir seus bens, casas, carro, fazer viagens para o Brasil e para o exterior viajando na mesma classe que muitos magnatas.  Tivemos o Pré-Sal, bolsa família, bolsa escola, vale gás, bolsa moradia, bolsa craque.  Lula disse não a privatização da Petrobrás, aliás, o único patrimônio que nos restou, já que a Vale de Getúlio foi privatizada.
Em oito anos de Lula tivemos escândalos de corrupção, como o Mensalão e Lava - Jato.  Isso porque, Lula abriu as portas para que Ministério Público, Polícia Federal investigassem esquema de corrupção. Até então, não teve crise no Brasil. Nem mesmo em 2008 quando o mundo estava em crise. Altas taxas de emprego, popularidade do PT nas graças da população.
Para ficar mais uma vez na história, o PT lança a primeira mulher para governar o país, Dilma Rousseff.  A oposição, a imprensa, “os barões desse país” já não aguentavam mais ficar tanto tempo fora do poder.   No segundo mandato de Dilma a crise chegou.  Muitos desempregados, empresas em crise, cortes sendo feitos e pedaladas fiscais sendo expostas como uma grande novidade no governo, (isso ocorre desde dos primórdios da democracia neste país).
Com ajuda da imprensa, a oposição começou plantar a ideia de impeachment da presidente.  De qualquer maneira queriam ela fora do poder. Era um golpe interno instaurado por seus aliados, que não tinham seus interesses aprovados e viam na crise o momento de voltar com a direita ao poder.
Nos dias atuais a imprensa não é censurada.  As informações estão em todos os lugares.  As pessoas já não acreditam somente no que leem. E o senso crítico gritou que a Globo estava por trás do golpe. “Mídia golpista”, “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo.” Eram gritos das manifestações a favor do governo que não podiam ser controladas como no período de Vargas. A parcialidade das informações repassadas pela emissora deixava explicito seu interesse em querer a presidente fora do poder.  A parcialidade descarada já não cabia mais como era feito pelo Última Hora de Samuel Wainer e nem pelo jornal de oposição de Carlos Lacerda.
Mas a oposição conseguiu o afastamento da presidente quando foi aceito o pedido de impeachment pelo Senado.  Dilma, afirmou várias vezes que não havia cometido nenhum crime.  O que ela fez, outros presidentes fizeram e nem por isso, sofreram impeachment. Ficava claro a perseguição política. E em um dos seus discursos ela disse que não cometeria suicídio como Getúlio Vargas e nem sairia pelos fundos como Gourlart. A presidente aguentou todas as pressões políticas e populares. São 180 dias e muita coisa na história ainda pode mudar.
São histórias que se repetem em períodos diferentes.  Getúlio Vargas, fez grandes feitos pelo Brasil e pelos trabalhadores. O governo PT, também.  Getúlio usou de influência e cometeu erros. O governo PT também.  A imprensa influenciou diretamente em todos os períodos, só que agora a população pode gritar o que pensa porque não é censurada.  Os erros estão mais fácies de serem identificados e expostos. Talvez isso sim, seja o melhor desse período político que vive o Brasil.



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