sábado, 18 de junho de 2016

Resenha Minha Razão de Viver.



 Rafaela Gouvêa Dias

O que mais surpreende no livro Minha Razão de Viver, biografia de Samuel Wainer, é ver sua coragem, ousadia e uma profunda entrega em sua profissão. Após uma trajetória no jornalismo, em 1938, Waner fundou a revista Diretrizes. Depois disso foi repórter dos Diários Associados, jornal de Assis Chateaubriand, onde entrevistou Getúlio Vargas no momento em que ele disse:”Eu voltarei como líder das massas”, e o apoiou em sua reeleição.   

Getúlio Vargas, que tinha uma relação de companheirismo com Wainer, viabilizou para que o jornalista pudesse criar o Última Hora, o seu próprio jornal.  O Última Hora serviria como a manifestação de Vargas na imprensa. Wainer publicava assuntos referentes ao governo, favorecendo-o, pois na época não existiam jornais que apoiava Vargas.

O jornalista fez o seu trabalho bem feito e conquistou certa influência. Wainer tinha uma grande preocupação em oferecer ao seu público um material bem feito e de qualidade, o dinheiro que recebia era usado em benefício do seu jornal, que tinha ótimas reportagens e pagava bem os seus repórteres.

Samuel se dedicou tanto em seu trabalho, que o seu jornal alcançou um grande sucesso e se estendeu para outros estados do Brasil, continuando como uma ferramenta política a favor de Getúlio. Além disso, o jornal era uma ameaça para parte da imprensa, que eram contrários a Vargas. Isso fez com que os importantes donos de jornais desenvolvessem uma campanha a fim de prejudicar Wainer e Vargas.

Essa campanha foi conduzida pelo jornalista Carlos Lacerda, que era inimigo de Getúlio. Diante das acusações de falsidade ideológicas feitas por Lacerda, pois Wainer não era brasileiro, ele imigrou para o Brasil com 2 anos de idade, com seus pais, judeus russos de Bessarabia. Samuel foi preso, mas, mesmo assim, não deixou com que o seus jornais fechassem, sua rede de jornais tinha verba própria para se manter de alguma forma. Wainer prosseguiu dando apoio ao presidente e ajudou os adeptos que vieram. Mas, Samuel devia muito a Getúlio que foi um grande impulsionador do seu trabalho. No ano de 1964, Samuel foi exilado, e voltou em 1968, mas em 1972 vendeu o Última Hora para Maurício Alencar.  .

Hoje vivemos em uma época parecida, de transições e crise política, mas muitos meios de comunicação não assumem que são parciais ou têm inclinação para algum lado da política, como o jornal Última Hora, que era defensor de Getúlio. Isso era explicito e fazia tudo da melhor forma possível para que as pessoas se interessassem por aquele meio. Outro fato é que, atualmente, os políticos se preocupam em ter suas imagens bem vistas nos jornais, assim como antigamente se fazia.


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