Rafaela Gouvêa Dias
O que mais surpreende no livro Minha Razão de Viver, biografia de Samuel
Wainer, é ver sua coragem, ousadia e uma profunda entrega em sua profissão. Após
uma trajetória no jornalismo, em 1938, Waner fundou a revista Diretrizes. Depois
disso foi repórter dos Diários Associados, jornal de Assis Chateaubriand, onde entrevistou
Getúlio Vargas no momento em que ele disse:”Eu voltarei como líder das massas”, e o apoiou em sua
reeleição.
Getúlio Vargas, que tinha uma relação de companheirismo com Wainer, viabilizou
para que o jornalista pudesse criar o Última Hora, o seu próprio jornal. O Última Hora serviria como a manifestação de
Vargas na imprensa. Wainer publicava assuntos referentes ao governo, favorecendo-o,
pois na época não existiam jornais que apoiava Vargas.
O jornalista fez o seu trabalho bem feito e conquistou certa influência.
Wainer tinha uma grande preocupação em oferecer ao seu público um material bem
feito e de qualidade, o dinheiro que recebia era usado em benefício do seu
jornal, que tinha ótimas reportagens e pagava bem os seus repórteres.
Samuel se dedicou tanto em seu trabalho, que o seu jornal alcançou um
grande sucesso e se estendeu para outros estados do Brasil, continuando como
uma ferramenta política a favor de Getúlio. Além disso, o jornal era uma ameaça
para parte da imprensa, que eram contrários a Vargas. Isso fez com que os
importantes donos de jornais desenvolvessem uma campanha a fim de prejudicar
Wainer e Vargas.
Essa campanha foi conduzida pelo jornalista Carlos Lacerda,
que era inimigo de Getúlio. Diante das acusações de falsidade ideológicas
feitas por Lacerda, pois Wainer não era
brasileiro, ele imigrou para o Brasil com 2 anos de idade, com seus pais,
judeus russos de Bessarabia. Samuel foi preso, mas, mesmo assim, não deixou com que o seus jornais
fechassem, sua rede de jornais tinha verba própria para se manter de alguma
forma. Wainer prosseguiu dando apoio ao presidente e ajudou os adeptos que
vieram. Mas, Samuel devia muito a Getúlio que foi um grande impulsionador do
seu trabalho. No ano de 1964, Samuel foi exilado, e
voltou em 1968, mas em 1972 vendeu o Última Hora para Maurício Alencar. .
Hoje vivemos em uma época
parecida, de transições e crise política, mas muitos meios de comunicação não
assumem que são parciais ou têm inclinação para algum lado da política, como o
jornal Última Hora, que era defensor de Getúlio. Isso era explicito e fazia
tudo da melhor forma possível para que as pessoas se interessassem por aquele
meio. Outro fato é que, atualmente, os políticos se preocupam em ter suas
imagens bem vistas nos jornais, assim como antigamente se fazia.
Ok
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