sábado, 18 de junho de 2016

Resenha do Livro: Minha razão de viver – Samuel Wainer

 Aluna: Vanessa Alves

A autobiografia de Samuel Wainer, que foi jornalista e também empresário, nos leva por uma viajem ao passado recente da história da política brasileira. Wainer, que foi parceiro de Getúlio Vargas e conviveu com a elite política do Brasil durante muitos anos, conta sobre o que viu e ouviu em momento decisivos para o cenário político brasileiro. Samuel Wainer dedicou sua vida profissional àquilo que ele acreditava, essa dedicação levou o jornalista a conseguir sucesso e reconhecimento pelo seu trabalho.

Wainer fundou a revista Diretrizes e após o fechamento da revista ela passou a trabalhar, como repórter, para os Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Posteriormente, Wainer, tendo Getúlio Vargas como seu apoiador, conseguiu abrir o jornal Última Hora. Vargas tinha interesses em ter um veículo de grande circulação que o apoiasse e com Wainer comandando o projeto era certo que o Última Hora assumiria esse papel. A parceria entre o jornalista e o político era próxima e os dois mantinham uma relação de interesses mútuos.

Com a criação do Última Hora, Samuel Wainer transformou a maneira como um jornal era feito, trazendo novas técnicas e maneiras de tornar o periódico mais atrativo para o leitor. Existia também nessa época uma forte oposição à Vargas e por consequência essa oposição se estendia ao Última Hora e a Samuel Wainer. Carlos Lacerda era quem encabeçava essa oposição e quem conseguiu, depois de tentar fechar o jornal sob a acusação de ilegitimidade do empréstimo que viabilizou a abertura, recorrendo ao fato de que Wainer não poderia ser dono do jornal por causa da sua nacionalidade, Samuel nasceu na Bessarábia, na época território do Império Russo, mas negou essa informação na época. Wainer foi absolvido, mas em sua autobiografia ele admite não ter nascido no Brasil.

O império jornalístico que Wainer criou durou até o Golpe Militar de 1964, depois disso o Última Hora foi invadido no Rio de Janeiro e em Recife e com a situação que se instaurou, Wainer precisou se exilar no Chile de onde só voltaria dois anos depois. O jornal foi vendido em 1972 e Wainer passou a morar em São Paulo em 1975, cidade onde morreu cinco anos depois.

Mais de 30 anos depois da morte de Wainer, a autobiografia do jornalista nos faz refletir sobre a política brasileira nos dias do hoje. Algumas semelhanças são impressionantes, como é o caso do papel dos veículos de comunicação no jogo político que envolve dinheiro, poder e muitas relações de interesses. Se no passado as linhas de interesses ficavam mais claras, como no caso da relação entre Wainer e Getúlio Vargas, atualmente as especulações ganham muito mais destaques que os fatos, muito embora todos saibam que os interesses, primordialmente daqueles que tem mais dinheiro, continuam a prevalecer em detrimento do resto da população brasileira.

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