quarta-feira, 15 de junho de 2016

Resenha do livro Minha Razão de Viver - David Santos - Jornalismo UniBH – Manhã – 2016/7º período

O livro “Minha Razão de viver” é conta a história de Samuel Wainer. Foi elaborado a partir da escuta de fitas de áudio gravadas pelo jornalista, e, minuciosamente transcritas por Augusto Nunes, em 1980. Nas fitas que originaram o livro, Wainer conta com detalhes sua experiência enquanto dono do Jornal “Última Hora”, veículo fundado com apoio do ex-presidente Getúlio Vargas, a quem Wainer foi fiel até seu último dia.

O jornal de Wainer era declaradamente favorável ao governo de Vargas. Populista, o veículo inovou ao levar para os leitores a lealdade de seu dono ao presidente da república. Wainer foi apelidado pelo presidente como “Profeta”. Na narrativa, ele defende suas atitudes, julga inimigos e relembra de momentos em que considerou sua presença no cenário político como essencial.

O apoio de Vargas ao jornal que o apoiava foi essencial para que ele ganhasse prestígio. Vargas não possuía apoio dos donos dos jornais, em especial dos Diários Associados, e considerava importante ter como aliado um veículo que prestigiasse seu governo.

A partir da obra é possível vislumbrar que a realidade vivida por Wainer não é muito diferente da enfrentada pelos jornais e jornalistas dos dias atuais. Veículos nascem e crescem fundados em ideologias. Assim como os governos. Estes atores são interdependentes. Ora há apoio de parte, ora outra parte é apoiada. Todas essas ações são parte da teia de interesses da política e das empresas.
Além da relação política que Wainer estabelece com Vargas, dois fatos, em especial, chamam atenção na leitura da obra: o primeiro, que demonstra a relação entre Samuel Wainer e seu pai, e o segundo, relacionado à venda do Jornal Última Hora, razão de viver de personagem principal.

Ao encontrar com seu pai na rua, Wainer o convida para um café. Vendo o estado em que seu pai se encontrava, Wainer, compadecido, olha para seus pés e percebe que os sapatos do velho e orgulhoso pai já estavam gastos, furados, inutilizáveis. Wainer, carinhosamente tira seus sapatos e lhes entrega ao pai. A descrição desta cena relata o zelo do filho para com o pai já no final da vida. Wainer calça os sapatos do pai e, após a despedida, entra em uma sapataria e compra um novo par de sapatos.

Já sobre a venda do Jornal, Wainer narra com angústia a decisão de vender o Última Hora. Sem ter mais como manter a empresa, o jornalista negocia a venda do jornal. Telefonemas para várias pessoas, ofertas recebidas. Wainer decide vender o Jornal por um preço que considerou justo. Para sua surpresa, o ofertante decidiu desfazer no negócio e abaixar a oferta.  Wainer fica sem saber o que fazer. Seu projeto de vida, sua empresa, estava sendo negociada a baixos custos.

Em seu depoimento Wainer também destaca sua inimizade com Carlos Lacerda e Assis Chateaubriand, ambos contrários ao governo de Getúlio. Foi Lacerda o responsável por um processo que o jornalista enfrentou, acusado de não ser brasileiro. A intenção de Lacerda era impugnar Wainer, pois, não sendo brasileiro, não poderia ser dono de um jornal.


Desigualdade social, momentos de fartura, crise, sofrimento e euforia.  Todos esses elementos estão presentes na obra que conta a história do jornalista Samuel Wainer.

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