quarta-feira, 15 de junho de 2016

Resenha do Filme Capote (2005) - David Santos - Jornalismo UniBH – Manhã – 2016/7º período

O filme “Capote”, rodado em 2005 e lançado nos cinemas em 2006, é um longa metragem de 1h 50min que conta a história do jornalista e escritor Truman Capote. O drama, que foi estrelado por Philip Seymour Hoffman e dirigido por Bennett Miller, conta a história do jornalista que, por meio de seus textos, procura provar que histórias reais podem ser tão envolventes para o leitor quanto as de ficção.

A trama se desenrola a partir da habitual leitura que Capote faz do jornal The New York Times. Em uma das edições do periódico do ano de 1959 é noticiado o assassinato de quatro membros de uma família do estado norte-americano do Kansas. Intrigado com brutalidade das mortes, Truman decide viajar para a cidade de Holcomb, a fim de investigar os crimes e escrever um artigo para a revista em que trabalha.

Acompanhado de sua amiga Harper Lee, Truman viaja até a cidade onde começa, por conta própria, uma investigação. Na tentativa de obter mais detalhes, ele se aproxima do responsável local pelas investigações, o Sheriff Alvin Dewey. Assim, Truman consegue acesso a fotos e informações privilegiadas. Surpreso com a quantidade de informações que descobre, o jornalista comunica ao seu chefe que não mais fará um artigo sobre o caso, pois considera mais relevante escrever um livro.

Truman representa o típico jornalista dos clássicos filmes americanos. Bebe, fuma, goza da vida e tem instinto investigador. Entretanto é irreverente. Não tem medo de ser original. É sua originalidade que o conduz pela investigação. Sua estratégia para extrair os detalhes mais fiéis sobre o assassinato é se aproximar dos assassinos, que, em julgamento, foram condenados à morte. Após subornar o responsável pela cadeia onde estão os condenados, Truman passa a ter acesso livre para visitá-los. Conversas, presentes, carinho e envolvimento emocional. Estas foram as armas usadas pelo jornalista para criar laços com os assassinos.

No período entre a condenação e a execução da sentença, Truman vai até a cadeia inúmeras vezes. Sua tática foi não ir direto ao ponto, se passando somente por amigo interessado em ajudar para extrair a confissão, algo que considerava essencial para terminar seu livro.  É exatamente neste período de tempo que seu livro é elaborado. Deste a leitura do artigo até a execução dos condenados. Todos os detalhes foram apurados por Truman.

As informações recolhidas pelo jornalista o fazem viajar pela vida dos assassinos. Ao ler o diário de um deles, o Truman identifica vários pontos interessantes que o deixam ainda mais intrigado, fato que o leva a visitar a irmã de um deles. Na visita, ele lida com a indiferença da irmã e recolhe fotografias que o ajudaram a recompor a história de Perry Smith.

A trama faz refletir sobre o papel do jornalista na sociedade. É possível questionar: Até onde vale a pena se envolver em um caso a fim de escrever a melhor história? O que Truman faz vai além do amor à profissão. Sua investigação é carregada de sentimentos. Ele se deixa envolver pelos fatos. Passa a sentir que faz parte da história e que é sua obrigação contar em seu livro o desfecho da melhor forma possível. O livro originário desta saga, intitulado “A Sangue Frio” foi um dos maiores sucessos da história do jornalismo norte-americano. No filme, Truman é aplaudido de pé pela plateia ao ler um trecho de sua obra.

“A Sangue Frio” faz referência ao modo como aconteceram os crimes. Revelados pelo assassino, Truman descobre no final da narrativa as razões que os levaram a cometer os crimes. Em busca de dinheiro, os criminosos matam toda a família e saem da cena do crime com uma quantia inferior a 50 dólares.


É possível refletir, também, sobre a ética profissional. Investigações como as feitas por Truman ultrapassam o limite de envolvimento que os jornalistas têm com suas histórias. Truman, enquanto homem, sente-se mal por mentir, persuadir e subornar. No entanto, como jornalista, sente que sua tarefa foi cumprida. Após o lançamento de “A Sangue Frio”, Truman não concluiu nenhum outro livro. 

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