Resenha do livro Minha Razão de Viver – Samuel Wainer
Elisângela Arantes
As memórias de Samuel Wainer são
contadas nesta autobiografia organizada pelo jornalista Augusto Nunes. Os
relatos foram cedidos por sua filha Pink Wainer. O lançamento se deu em 1988,
oito anos após sua morte.
Judeu, viveu uma infância pobre no
bairro do Bom Retiro em São Paulo. Sua vida pessoal é comentada é reduzida a
breves comentários, mais especificamente, sobre o casamento com Danuza Leão,
pois, assim, convivia com a sociedade carioca. Mas, o livro deixa claro que com
os filhos Wainer era bem diferente. Seus três filhos conheciam o seu lado mais
emocional.
Apaixonado pela profissão, Wainer
vivia o jornalismo em tempo integral. Tudo o que aprendeu nesse ofício foi na
prática. Era um homem curioso, tinha vontade de aprender. Inteligente e sagaz, ele conta como se tornou
jornalista, numa época em que apenas a elite conseguia manter um jornal.
Wainer conheceu e se relacionou
com grandes nomes do jornalismo e da literatura brasileira. Acompanhou grandes
acontecimentos da política no país. Ele também dirigiu e fundou a revista
Diretrizes pelos Diários Associados em 1938 quando começou sua relação com
Vargas e foi o único brasileiro a cobrir o Julgamento de Nuremberg.
Quando trabalhava no jornal de
Chateaubriand, foi levado ao sul do país para fazer uma matéria sobre o trigo,
mas, desviou o caminho e chegou até a fazenda de Getúlio Vargas que estava
afastado da vida pública. Buscando um pronunciamento para acalmar os ânimos
devido as conspirações das Forças Armadas, Wainer consegue um furo de
reportagem com a seguinte manchete: “Eu voltarei como líder das massas.” Daí,
então, começou uma parceria entre Vargas e Wainer que, sobretudo, acompanhou os
bastidores dos seus discursos, ganhando, assim, sua confiança. No entanto,
quando nenhum veículo noticiava sobre Getúlio, este pede para que Wainer crie
um jornal. O jornal Última Hora - sua
razão de viver - o único veículo que cobria o governo de Vargas, teve em sua
primeira edição uma carta assinada pelo próprio Getúlio. Havia, também, entre
outras inovações, uma parte chamada de Dia do Presidente, dedicado ao governo
Desse modo, ganhou dois inimigos
Chateubriand e Carlos Lacerda, que ganhou o apelido de “Corvo”, pois teria
denunciado o fato dele ser estrangeiro. Mas, não só isso. Enquanto Wainer
noticiava sobre Getúlio, Carlos Lacerda usou todos os meios de comunicação para
acusar Getúlio sobre corrupção sem ter prova nenhuma. Getúlio Vargas foi
acusado de favorecer por meio do Banco do Brasil o financiamento do jornal de
Wainer. No entanto, outra acusação, a de
responsabilidade o levou ao processo de impeachment, em que foi derrotado. Assim, segue-se a perseguição política no
Brasil. A acusação de responsabilidade também ocorre no governo Dilma. Muitas
acusações são feitas sem provas, processo de impeachment e acusações de “golpe”
são tidas como verdadeiras pelos apoiadores do governo. As manobras políticas
acontecem, dado que, Michel Temer era seu aliado, o que deixou o partido sem
apoio político.
Ainda no livro, Wainer deixa
claro de que tudo o que fez foi pelo jornalismo. Depois de Getúlio, o
jornalista se aproximou de JK, mas,
como foi perseguido pela ditadura militar, Wainer abandona o jornal Última Hora e passa a trabalhar na Folha
de São Paulo. Samuel Wainer participou de uma época história do país e marcou
em profundidade o jornalismo brasileiro ao contribuir e mostrar um lado da
história que outros jornais não queriam mostrar.
Boa!
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