quinta-feira, 16 de junho de 2016

Minha razão de viver



Resenha do livro  Minha Razão de Viver – Samuel Wainer

Elisângela Arantes

As memórias de Samuel Wainer são contadas nesta autobiografia organizada pelo jornalista Augusto Nunes. Os relatos foram cedidos por sua filha Pink Wainer. O lançamento se deu em 1988, oito anos após sua morte.

Judeu, viveu uma infância pobre no bairro do Bom Retiro em São Paulo. Sua vida pessoal é comentada é reduzida a breves comentários, mais especificamente, sobre o casamento com Danuza Leão, pois, assim, convivia com a sociedade carioca. Mas, o livro deixa claro que com os filhos Wainer era bem diferente. Seus três filhos conheciam o seu lado mais emocional.

Apaixonado pela profissão, Wainer vivia o jornalismo em tempo integral. Tudo o que aprendeu nesse ofício foi na prática. Era um homem curioso, tinha vontade de aprender.  Inteligente e sagaz, ele conta como se tornou jornalista, numa época em que apenas a elite conseguia manter um jornal. 

Wainer conheceu e se relacionou com grandes nomes do jornalismo e da literatura brasileira. Acompanhou grandes acontecimentos da política no país. Ele também dirigiu e fundou a revista Diretrizes pelos Diários Associados em 1938 quando começou sua relação com Vargas e foi o único brasileiro a cobrir o Julgamento de Nuremberg.

Quando trabalhava no jornal de Chateaubriand, foi levado ao sul do país para fazer uma matéria sobre o trigo, mas, desviou o caminho e chegou até a fazenda de Getúlio Vargas que estava afastado da vida pública. Buscando um pronunciamento para acalmar os ânimos devido as conspirações das Forças Armadas, Wainer consegue um furo de reportagem com a seguinte manchete: “Eu voltarei como líder das massas.” Daí, então, começou uma parceria entre Vargas e Wainer que, sobretudo, acompanhou os bastidores dos seus discursos, ganhando, assim, sua confiança. No entanto, quando nenhum veículo noticiava sobre Getúlio, este pede para que Wainer crie um jornal. O jornal Última Hora - sua razão de viver - o único veículo que cobria o governo de Vargas, teve em sua primeira edição uma carta assinada pelo próprio Getúlio. Havia, também, entre outras inovações, uma parte chamada de Dia do Presidente, dedicado ao governo

Desse modo, ganhou dois inimigos Chateubriand e Carlos Lacerda, que ganhou o apelido de “Corvo”, pois teria denunciado o fato dele ser estrangeiro. Mas, não só isso. Enquanto Wainer noticiava sobre Getúlio, Carlos Lacerda usou todos os meios de comunicação para acusar Getúlio sobre corrupção sem ter prova nenhuma. Getúlio Vargas foi acusado de favorecer por meio do Banco do Brasil o financiamento do jornal de Wainer.  No entanto, outra acusação, a de responsabilidade o levou ao processo de impeachment, em que foi derrotado.  Assim, segue-se a perseguição política no Brasil. A acusação de responsabilidade também ocorre no governo Dilma. Muitas acusações são feitas sem provas, processo de impeachment e acusações de “golpe” são tidas como verdadeiras pelos apoiadores do governo. As manobras políticas acontecem, dado que, Michel Temer era seu aliado, o que deixou o partido sem apoio político.


Ainda no livro, Wainer deixa claro de que tudo o que fez foi pelo jornalismo. Depois de Getúlio, o jornalista se aproximou de JK, mas, como foi perseguido pela ditadura militar, Wainer abandona o jornal Última Hora e passa a trabalhar na Folha de São Paulo. Samuel Wainer participou de uma época história do país e marcou em profundidade o jornalismo brasileiro ao contribuir e mostrar um lado da história que outros jornais não queriam mostrar.

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