quarta-feira, 15 de junho de 2016

Jornalismo de Revista

O livro ‘Jornalismo de Revista’, de Marília Scalzo (2011), é uma edição da ‘Coleção Comunicação’ publicada pela editora Contexto. A coleção fala de diversos temas e editorias jornalísticas, neste caso a abordagem é o jornalismo de Revista escrito por Scalzo, que foi diretora do Curso Abril de Jornalismo durante 12 anos.

Scalzo (2011) conta detalhes que não são aparentemente expostos nas editorias de revistas, tais como: problemas, dificuldades e as questões que mantem a saúde financeira das publicações. A autora explica, inclusive, como revistas de grande porte com tiragens muito altas não conseguiram sobreviver nesse mercado editorial.

Além disso, Scalzo (2011) apresenta um breve histórico sobre o universo das revistas, desde seu surgimento, a mudança que sofreu ao longo do tempo e como ela se apresenta para a sociedade contemporânea.

Na visão de Scalzo (2011), a revista é um misto de informação e entretenimento. Muitas vezes o leitor cria uma afinidade com determinada editoria e passa a acompanhá-la de uma forma muito próxima. É como se criasse por aquela revista uma identificação.
A autora esclarece que a segmentação é algo necessário para o jornalismo de revista. Buscar o público ideal e levar até ele aquilo que de fato o interessa é o primeiro passo para se ter um bom público.

Segundo Scalzo (2011), a primeira segmentação de revista, por tema, surge em 1827. O Propagador das Ciências Médicas, órgão da Academia de Medicina do Rio de Janeiro, é considerada a primeira revista brasileira especializada.

No final da década de 1950 e na década de 1960, as revistas já eram reconhecidas como bons veículos para a publicidade, ou seja, traziam lucro. Segundo a autora, a partir de então, elas passaram a acompanhar o desenvolvimento da indústria. É nessa época também, segundo Scalzo (2011), que começa a se delinear o conceito de segmentação editorial.

O termo “magazine” para revistas femininas surge com a Lady’s Magazine, publicação que circulou até 1837. No Brasil, as revistas femininas existem desde que esse veículo chegou ao país. Contudo, segundo a autora, ainda no início das publicações a maioria era escrita por homens.

Em 1950, o mercado de revistas femininas começa a ganhar destaque. De acordo com Scalzo (2011), é nessa época que surgem as revistas fotonovelas, que, segunda a autora, “atingiram em cheio” o público feminino.

A partir de 1970, essas revistas passam a abordar, além de assuntos sobre família, moda e comportamento, temas como vida profissional e realização pessoal, modelos que podem ser facilmente encontrados nas publicações de hoje.

Nos três primeiros capítulos, a autora apresenta um panorama geral sobre o que é jornalismo de revista, o estilo de cada uma e um breve histórico:

A autora inicia o capítulo explicando a definição de revista. Segundo ela, revistas são veículos de comunicação, uma junção de entretenimento com jornalismo, e um contato entre o leitor e editor, explica Scalzo (2011).

Além disso, Scalzo (2011) elucida que as revistas possuem informações mais extensas que outros veículos de comunicação, “Quem quer saber informações com mais profundidade deve, obrigatoriamente, buscá-las em letras de formas” (SCALZO, 2011, p.13).

Para Scalzo (2011), as revistas praticamente chamam o leitor pelo nome, criando uma maneira de familiaridade entre ela e seu público.

Enquanto o jornal ocupa o espaço público, do cidadão, e o jornalista que escreve em jornal dirige-se sempre a uma plateia heterogênea, muitas vezes sem rosto, a revista entra no espaço privado, na intimidade, na casa dos leitores. (SCALZO, 2013, p.14).

No capítulo 2, Scalzo (2011) aborda sobre a história da revista. A primeira revista publicada no mundo, nomeada de Erbauliche Monaths – Unterredungen, saiu da Alemanha em 1663, semelhante a um livro, mas trazendo artigos sobre o mesmo assunto, o que a caracterizava como revista, analisa a autora.

A partir dessa revista, começou a surgir novas magazines, com o mesmo estilo e linguagem da Erbauliche Monaths – Unterredungen. Três anos mais tarde surge, na França, o Journal des Savants, Gornali dei Litterat na Itália, entre outros, descreve Scalzo (2011).

Scalzo (2011) também explica que anos mais tarde, as revistas começaram a ganhar outros tipos de características. Em 1672, nasce na França a Le Mercure Galant, uma revista com anedotas, poesias e notícias curtas, explica a autora. Desde então esse exemplo começou a ser copiado em outros países.

“Ao longo do século XIX, a revista ganhou espaço, virou e ditou moda. Principalmente na Europa e também nos Estados Unidos” (SCALZO, 2011, p.20). Segundo a autora, essa ampla expansão se deu pelo fato de que a taxa de analfabetismo começara a diminuir, e as pessoas sentiam a necessidade de se informar e ler mais.

Tempos mais tarde a produção gráfica também começou a se inovar. E as revistas foram o objeto ideal para explorar assuntos com imagens e ilustrações, retrata Scalzo (2011). Além de melhorar a qualidade visual das revistas, os avanços técnicos também ajudaram no aumento de exemplares, atraindo assim, anunciantes que se dispuseram fazer propagandas de seus produtos para o público cada vez maior, explica Scalzo (2011).

A autora ressalta, ainda, que com o aumento das propagandas e exemplares foi possível diminuir o preço das vendas de revistas, e assim começaram a aumentar o número de leitores. Começando, portanto, a crescer o mercado de revistas, o que a autora chama de indústria de comunicação de massa.

Porém, no capítulo V, Scalzo (2011) destaca que a disputa por anúncios é hoje muito mais agressiva, pois os modelos comerciais tradicionais já não bastam e infelizmente eles se mostram insuficientes para garantir a saúde financeira do negócio. “Contudo, as revistas já descobriram que não podem depender só (ou pelo menos nem tanto) de receita publicitária” (Scalzo, 2011, p.43).

Atualmente são vendidos aproximadamente 600 milhões de exemplares no Brasil explica Scalzo (2011). Hoje, existe uma ampla oferta de estilo e gênero de revistas espalhadas pelo mundo, são magazines de culinária, femininas, masculinas, esportivas, moda, cultura, arte etc.

No capítulo 3 a autora dedica-se a falar sobre a evolução das revistas no Brasil. Segundo Scalzo (2011), a história das revistas no país, é confundida com o histórico industrial e econômico brasileiro. As revistas, juntamente com a imprensa, chegaram no Brasil com a corte portuguesa, no século XIX, fugindo de Napoleão Bonaparte.

A primeira revista publicada no Brasil foi intitulada de As Variedades, ou Ensaio de Literatura, surgindo no ano de 1812, em Salvador (Bahia). A autora explica que a revista tinha estilo de livro e publicava assuntos como virtudes morais, sociais e costumes.
Um ano depois, surge a segunda revista brasileira. Dessa vez, a publicação, cujo nome foi O Patriota, é do Rio de Janeiro e publicava assuntos sobre temas da terra e autores, analisa Scalzo (2011).

Com o passar do tempo, a autora conta que começaram a surgir no país, outros tipos de revistas. Em 1827, surge a primeira revista segmentada, voltando-se para os médicos em início de carreira, chamada de O Propagador das Ciências Medicas. No mesmo período surge também a primeira revista de segmentação feminina, intitulada de Espelho Diamantino. E a partir daí, começam a surgir outros exemplares segmentados.

Em 1928, começam a aparecer os fenômenos editoriais, explica Scalzo (2011). O Cruzeiro, criado por Assis Chateaubriand, era uma publicação voltada para o jornalismo com grandes reportagens e deu uma atenção diferenciada para o fotojornalismo também, analisa a autora. Após os surgimento da revista O Cruzeiro, nasce as revistas Realidade e mais adiante a Veja, todas voltadas para o segmento jornalístico.

Além disso, as revistas científicas começaram a crescer na segmentação, diz Scalzo (2011). “A partir de 1980, aumenta a preocupação em cuidar do corpo e, junto com ela, começam a surgir as publicações como Saúde, Boa Forma, Corpo a Corpo, Plástica, Dieta” (SCALZO, 2013, p.36). Hoje, no Brasil, existem inúmeras revistas de segmentação. Segundo a autora, são magazines para todos os estilos e gostos específicos.

A autora também se propõe a falar de conceitos técnicos de uma revista, como no capítulo VII. Ela afirma que antigamente era possível manter uma revista sem submetê-la a transformações gráficas e editoriais por um longo período de tempo. Scalzo (2011) diz que uma boa revista começa com um bom plano editorial e uma missão definida.

Para ela, a capa também deve conquistar os leitores e convencê-los a levá-la para casa. Porém, Scalzo lembra que não existe uma fórmula exata ou uma regra fácil para se produzir uma boa capa. Sobre a pauta, a autora diz que é preciso cuidar da diversificação e do equilíbrio das pautas de cada edição. Scalzo (2011, p.65) afirma que o “como”, em revistas, é fundamental. A autora também discorre sobre projeto gráfico, infográficos, e o próprio texto, este último ela o define como bom, “aquele que deixa o leitor feliz, além de suprir suas necessidades de informação, cultura e entretenimento”.

No final do livro Scalzo (2011) conta sua experiência na revista Capricho onde trabalhou de 1990 e 1992. A autora lembra que naquela época foi quando realmente entendeu como uma revista sobrevive, como funciona sua relação com o leitor, como ela mantém sua credibilidade e como ela deve repensar suas publicações a cada edição para continuar viva, interessante e surpreendente. “Para mim, os conceitos de integração de equipe, de diálogo contínuo entre design, texto e fotografia, de trabalho com a linguagem e de foco no leitor, tudo isso, de alguma maneira, nasceu ali” (Scalzo, 2011, p. 87).

Um pouco mais...
O que é um bom jornalista de revista?
·         Não importa onde trabalha- seja bom;
·         Quem se prepara melhor para a profissão e quem se dedica a ler e entender mais sobre imprensa, o país e o mundo;
·         Independente do meio que irá trabalhar deve ir sem preconceitos e olhar crítico sobre o próprio ofício;
·         Jornalista deve se perguntar se está fazendo o melhor e se está se dedicando a aprimorar a qualidade do trabalho;
·         Nunca deve ser arrogante, confiando apenas em seus impulsos. Deve duvidar de tudo, principalmente de si mesmo;
·         Princípios básicos- apurar, compromisso com a verdade, ouvir ambos os lados, respeito e princípios éticos;
·         1º regra – não escrever para si mesmo;
·         2º - imaginar-se como prestador de serviços, alguém que dá informações corretas;
·         Jornalista é especialista em ‘generalidades’; quando ele se especializa em determinada área corre o risco de se comportar exatamente como o especialista que entrevista; Além de problemas de linguagem, outro perigo é o jornalista começar a ver a vida de maneira demasiadamente estreita; e é difícil manter o texto jornalístico;
·         O desafio para o jornalista é fazer o texto acessível aos leitores, mas que possa ser lido sem constrangimentos por um especialista da área;

Escrever bem
·         Ler muito, conhecer bem a língua. Peça orientação de bons autores para ler;
·         ‘Jornalismo não é literatura’ para uma boa reportagem o importante é a apuração;
Texto
·         Sem opinião
·         Bom jornalista consegue imaginar a matéria editada com fotos, infográficos, etc.
·         Entender um pouco de tipologia
·         É obrigatório a interação entre jornalista, design e fotógrafos;
·         Entender um pouco de administração (recursos e processos)

Cap. VII- O que é uma boa revista?
·         Definição evolui todos os dias;
·         Muitas revistas morrem porque elas não acompanham as mudanças dos leitores;
·         A revista ‘O Cruzeiro’ teve uma seção ‘As garotas’ que durou 28 anos;
·         Boa revista começa com um bom plano editorial e uma missão definida;
·         Antigamente era possível manter uma revista sem submete-la a transformações gráficas e editoriais por um longo período;
·         Capa deve conquistar os leitores e convence-los a levá-la para casa. Não existe uma fórmula para fazer uma boa capa. Necessária boa imagem;
·         Sobre a pauta, Scalzo diz que é preciso cuidar da diversificação e do equilíbrio das pautas de cada edição;
·         Chamada principal e a imagem devem se complementar passando mensagem coesa e coerente;
·         O ‘Como’ em revistas é fundamental. O jornalista precisa aprender a pensar de acordo com a periodicidade do veículo;
·         É preciso da ênfase a todos os eixos em cada edição, exemplo: modo, beleza e comportamento;
·         Algumas marcas de identidade seção...-  que vão fazer que o leitor reconheça e mantenha a relação de familiaridade com sua revista;
·         Equilíbrio e coerência editorial da pauta, ordenamento das seções, colunas e entrevistas;
·         Tom e a linguagem se não forem os mesmo devem ser o mais semelhante;
·         Design da revista é informação, não é arte.
·         O universo dos leitores é que irá definir o corpo do texto, entrelinha, largura das colunas, etc.
·         Trabalho para definir cada edição deve ser feito em equipe – jornalistas, design...
·         A mesma necessidade de rever periodicamente o conteúdo das revistas vale para seu projeto gráfico. É preciso fazer ajustes o tempo todo. Ex: revistas para adolescentes tendem a mudar mais;  É preciso acompanharas tendências;
·         A especificidade da revista também serve para estabelecer os recursos e limitações industriais do processo;
·         Fotos provocam reações emocionais. Todas devem ter legenda;
·         Deve se discutir a manipulação da fotografia nas revistas. É apenas um pulo para alterar a foto. Algumas revistas não tem o compromisso com a verdade.
·         ‘fotos produzidas’ para reportagem visual precisam de uma equipe de produção;
·         Bom repórter deve dialogar;
·         Infografia é o mesmo princípio de foto;
·         Checar informações é muito importante;
·         Leitor espera receber a notícia de forma prazerosa
·         Título é a explicação do porquê daquela matéria ser publicada;
·         ‘Bom texto é aquele que deixa o leitor feliz, além de suprir suas necessidades de informação, cultura e entretenimento;



Cássia André
Denise Melo
Izabella Medeiros
Luana Aparecida

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