domingo, 26 de junho de 2016

Resenha – Confidencial (2006)


Thiago Martins

O modo de vida divertido que levava Truman Capote, interpretado por Toby Jones, no início do filme, nem de longe anunciava o quão intensa, grande e dramática a trama iria se tornar. Foi lendo uma pequena nota de um jornal que falava sobre uma chacina no Kansas, EUA, em 1959, que o escritor se interessou pelo caso e decidiu desvendar a história – mas não sem convencer a amiga de infância Nelle Harper Lee, vivida por Julia Roberts, a ir junto com ele para o local do crime.

A medida em que Capote vai se aproximando da realidade do crime, o filme se aproxima de realidade do personagem. Ele conhece os dois autores dos assassinatos, Perry Smith (Daniel Craig) e Dick Hickock (Lee Pace), e dá à eles e ao espectador a oportunidade de conhecê-lo também. Ao final, as noites luxuosas e badaladas de Truman em meio à alta sociedade nova-iorquina e nada se assemelham aos dias inteiros dedicados a entender o porquê de dois homens terem assassinado uma família inteira de camponeses.

Da relação com a justiça americana, passando pelo contato com os moradores da pequena cidade e chegando a uma espécie de romance entre Capote e Smith, o filme nos faz pensar sobre várias questões que cerceiam o jornalismo, como a apuração dos fatos, o faro jornalístico, a relação com a fonte e com as autoridades e a forma de transformar um fato em notícia. No caso do escritor, em livro, e de romance de não-ficção, como ele mesmo definiu.


A Sangue Frio, o livro original que reúne toda essa história, foi e continua sendo uma publicação capital no que diz respeito ao jornalismo literário. A obra-prima de Truman Capote foi, também, talvez o seu último grande lançamento. Talvez pelo impacto causado pela morte de Perry Smith, condenado à forca pelos assassinatos no Kansas. A certeza é que a partir daí, a forma de se fazer e de se pensar em literatura mudou completamente.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Resenha do livro – Minha Razão de Viver 


Laura Sampaio 


Em sua autobiografia, Samuel Wainer conta através de suas memórias, experiências no universo do jornalismo, uma narrativa cativante organizada pelo colega de profissão Augusto Nunes em virtude de sua morte.   

O livro conta pouco da vida pessoal de Wainer, mas dedica sua maior parte a razão de viver do jornalista (sua atividade profissional). As poucas vezes em quem há passagens sobre a vida pessoal do autor, estão sempre vinculadas ao jornalismo e sua dedicação pela profissão. 

Sua admiração pelo ofício, o fez fundar seu jornal diário intitulado Última Hora, com o auxílio de Getúlio Vargas que na época não tinha o apoio dos donos de jornais. A princípio, a intenção era que o jornal pudesse trabalhar junto ao governo. Com o país contra a candidatura de Vargas, Wainer foi o único a acompanhar os comícios de Getúlio pelo Brasil, afrontando a imprensa conquistando assim inimigos como Carlos Lacerda e Chateaubriand. 

Preocupado com sua redação e ideologia esquerdista, os recursos que arrecadava através das influências que tinha durante o governo Vargas e Juscelino, poderiam tê-lo feito rico, mas todos eram investidos na redação de seu jornal procurando garantir ao seu leitor um jornal de qualidade. No entanto não sentiu vergonha de admitir que em muitos momentos de sua vida, se deixou envolver pela fama e reconhecimento. 

Última Hora se expandiu para outros estados e envolvido nos bastidores da imprensa, Wainer conta suas experiências tais como quando mentiu sobre enviar 200 profissionais para cobrir uma Copa do Mundo, quando na verdade as matérias eram produzidas por agências internacionais, e o texto era alterado aqui. Além disso, o jornal denunciava intrigas, falcatruas e acordos políticos da época, tendo ele participado em troca de financiamento para suas edições. 

O relato que mais se destaca na obra é sobre o início da Ditadura Militar no país e a censura da imprensa. Wainer narra um caso em que precisou de valer da amizade com um militar para que pudesse evitar ser preso novamente, além de buscar refúgio no exterior por conta do regime, tendo assim que deixar o jornal aos cuidados de amigos, até chegar ao ponto de ter que vender "sua razão de viver". 

No final de sua vida, Wainer volta a escrever para o Última Hora, quando estava sob os cuidados de Octávio Frias dono do jornal Folha de São Paulo. Faleceu aos 68 anos, vítima de insuficiência respiratória. 

A obra é marcada principalmente pela dedicação de Samuel Wainer ao ofício, marcando para sempre a história do jornalismo nacional. 


Resenha - Minha razão de viver

A autobiografia de Samuel Wainer nos conta a história de um garoto que saiu fugido do seu país, devido a perseguições, para construir a história da sua vida nos jornais brasileiros.

O livro navega pelas memórias de Wainer. Momentos marcantes na história do jornalismo. Em meio de grandes acontecimentos e grandes coberturas, Wainer teve a oportunidade de descrever fatos históricos, como por exemplo, o suicídio de Getúlio Vargas, que se tornou seu amigo.
  
A amizade com Getúlio Vargas, permitiu que Wainer conhecesse o que se tinha por traz da política brasileira da época. O jornal Última Hora teve papel importante no governo que antecedeu o suicídio de Vargas e o momentos de manifestações populares.

Tanto Getúlio quanto o governo do PT se mostram como governo do povo, para o povo. Um governo que busca elevar os mais pobres a ter uma vida melhor e mais próximas aqueles que são das classes média e alta. Assim como no momento de crescimento do partido dos trabalhadores, com Lula, Getúlio visava um crescimento da classe operária. Tanto as medidas que foram dadas no governo petista quanto as medidas de Vargas levaram a elite brasileira a uma rusga com o governo.

Crises e cobranças são e foram as tônicas dos governos de Vargas e Lula\Dilma. As pressões políticas e sócias fazem com que parte da imprensa tome partido a favor ou contra. Notícias criadas, fatos descobertos, população furiosa e assustada com a crise e com a falta de emprego.

É possível ver que o interesse político e a influência das mídias podem alterar o rumo de um governo e a vida de toda uma população, tanto na década de 50 quanto nos anos 2000.


Yuri Carlos Lira Fonseca - 11311530

Resenha do Filme - Cidadão Kane

Encontrando nosso íntimo. Assim podemos nos sentir após o final do filme “Cidadão Kane”. O diretor, produtor e ator Orson Welles nos leva a uma reflexão sobre quem somos em nosso interior mais íntimo.

Usando de uma palavra que ninguém sabia o significa, o personagem Foster Kane morre deixando um mistério para as pessoas que o cercavam responder. Um homem que podia ter tudo, e que tinha tudo, ao fim de sua vida se mostrava vazio, e com uma palavra nos leva a entender que apesar de famoso e bastante influente, Kane tinha o seu lugar especial dentro de si.

Com uma lembrança de sua infância conseguimos entender o que nenhum personagem conseguiu descobrir, que aquele homem cheio de pessoas ao seu lado, cheio de bens, teve sua vida retirada quando criança. Passou sua vida vivendo sem poder viver aquilo que mais queria.

Com uma equipe técnica muito qualificada, o filme de 1941, foi considerado pela Associação de Diretores de Cinema o segundo melhor filme de todos os tempos, ficando atrás apenas do lendário “Poderoso Chefão”.


Yuri Carlos Lira Fonseca - 11311530

Livro - Minha Razão de Viver

Samuel Wainer gravou memórias que, posteriormente, se transformaram no livro "Minha razão de viver", de 2005. Na obra, o jornalista que teve grandes relações no meio político, incluindo com o ex-presidente JK e Getúlio Vargas, narra histórias dos bastidores do cenário político brasileiro, da criação do jornal "Última Hora" e de diversos acontecimentos históricos do país.

Da narração da criação de sua razão de viver, o "Última Hora", percebemos semelhanças com o cenário atual do Brasil. Sonho antigo de Wainer, a publicação iniciou-se com a ajuda de Getúlio Vargas, já em seu segundo mandato na presidência. Certa vez, quando deslocado para fazer uma reportagem sobre o trigo no sul do país pelos Diários Associados, Wainer mudou o percurso do avião e pousou na fazenda do então senador Vargas, que lhe concedeu uma exclusiva e disse que voltaria ao comando da nação. Desse encontro nasceu uma amizade, recheada de interesses mútuos, entre Vargas e o jornalista, e Wainer viu sua carreira deslanchar. Quando assumiu a presidência novamente, Getúlio precisava de uma publicação que lhe apoiasse, já que a maioria esmagadora da imprensa brasileira era contra seu modo de governar. Daí nasceu o jornal de Samuel, que foi defensor de Vargas até sua venda, em 1971.

Vê-se então que, por interesses dos dois lados, Vargas e Wainer se apoiaram. E o mesmo acontece hoje na imprensa brasileira, com veículos de comunicação apoiando grupos políticos. Muitas das vezes essas mídias apoiam-se no princípio da imparcialidade, o que não costuma ser não é real. O que diferencia o trabalho de Wainer e o da imprensa de hoje é a parcialidade declarada: Wainer apoiava Vargas de diversas formas, inclusive publicando em sua primeira edição uma carta do governante; já os veículos de hoje dizem-se imparciais, quando "jogam" a partir de seus interesses e querem fazer seu público acreditar que, apesar de tudo o que divulgam, não têm "um lado". 

Carinna Viganor Horta

Filme - Confidencial

Confidencial (2006) é baseado no livro A sangue frio que pertence ao jornalista Truman Capote, que intitulou a própria obra como o primeiro romance de não-ficção que abriu as portas para o Novo Jornalismo. A história retrata o assassinato dos quatro membros da família Clutter, que ocorreu no Kansas em 1959 nos Estados Unidos.

A proposta inicial era produção de uma reportagem especial para a revista New Yorker, por isso o autor desembarcou com a sua amiga também escritora, Nelle Harper Lee, na cidade de Holcomb para apurar as informações da tragédia que abalou os moradores.

Mas ao decorrer do processo de apuração o autor ficou tão fascinado com o acontecido, que o projeto inicial de se produzir uma reportagem passou para a produção de um livro. 

Capote mergulhou profundamente nos fatos para que nenhum detalhe escapasse dos seus registros. O interesse em descobrir o motivo do crime era tanto, que o escritor passou a conviver diariamente com Perry Smith - um dos assassinos - na prisão.

Toda essa aproximação com Perry resultou em um romance vivido durante o período de elaboração do livro. Nessa mesma época o criminoso também esperava por seu julgamento. Após a sentença e a decisão de que Perry seria condenado com pena de morte, Capote ficou fortemente abalado.

Com a morte de Perry, Capote se entregou ao álcool e a drogas, e acabou falecendo em Los Angeles, em 1984, após uma parada cardíaca. A sangue frio é considerado sua última grande obra de relevância. Foram seis anos intensos vividos pelo jornalista para que o livro-reportagem fosse finalizado.  

Carinna Viganor Horta


quinta-feira, 23 de junho de 2016

Resenha do filme "Confidencial"

Izabella Medeiros


Baseado no livro A sangue frio, de Truman Capote, o filme Confidencial, interpretado pelos protagonistas Toby Jones, Sandra Bullock e Daniel Craig, apresenta-nos a biografia do que viria a ser o primeiro livro-reportagem feito por um comunicador. Sob o roteiro e a direção de Douglas McGrath, a obra foi lançada em 2006.

O longa conta a história de uma densa e persistente investigação, realizada no ano de 1959. O então repórter Truman Capote lê um artigo sobre um brutal assassinato de uma tradicional família no estado do Kansas, nos Estados Unidos, e decide se dedicar ao caso. Ao lado de uma colega de trabalho, ele tem a devida permissão para tratar o caso.

Capote presenciou o julgamento dos acusados e se dispôs a ir atrás deles busca de respostas. As conversas de Capote com os assassinos Perry Smith e Dick Hickock são peças-chave do filme. Aos poucos, o jornalista ganha a confiança de um dos assassinos e consegue as respostas que tanto queria.
O filme nos conduz a pensar, ainda no início, que o objetivo de Capote era apenas a criação de uma reportagem especial para a revista New York, onde ele era um renomado repórter. Contudo a exaustiva dedicação e até mesmo ousada forma como o escritor se aprofunda no caso mostra-nos que Capote, na verdade buscava um romance, um olhar diferente para o acontecimento, algo especial que ele desejava ver.

Confidencial nos faz refletir sobre os limites do envolvimento com a fonte e a história que quer se contar. A todo instante, o bom jornalista se preocupa em olhar para fatos do cotidiano de forma peculiar e sensível. O filme também meche com nossas emoções, medos e desejos. Admiramos a paixão e se de Truman Capote pelo gosto de contar histórias, mas nos questionamos sobre aquela velha pergunta: até onde vale a pena abandonar princípios éticos para realizar uma satisfação pessoal?

Resenha do Filme: “Confidencial”

Resenha do Filme: “Confidencial”
Por Cássia André

Produzido em 2006, com 117 minutos de duração e dirigido por Douglas McGrath, Confidencial conta a história de Truman Capote (Toby Jones), que durante seis anos escreveu o livro-reportagem, intitulado de “A Sangue Frio”, onde analisa um assassinato de quatro pessoas, que ocorreu nos anos 50, na pequena cidade de Kansas (EUA).

Truman estava no que podemos chamar de momento ímpar da fama literária e então decidiu criar um novo gênero, chamado de romance não-ficção, que demorou seis anos para o desenvolver. “A Sangue Frio” foi um dos seus grandes sucessos, além das inumeráveis vendas, o livro o fez se tornar ainda mais respeitado e admirado no universo literário. Durante o processo de criação do livro, Truman convidou a escritora e amiga Harper Lee (Sandra Bullock) para acompanha-lo nessa longa caminhada.

Movido por curiosidade e muita sede de investigação, os dois partem para o interior e começam a investigar o crime da família Clutter, pouco comentado na cidade. Truman não concretizava facilmente as amizades, porém, com os poucos aliados que conseguiu, soube aproveitar e realizar uma boa investigação.

Entre idas e vindas dessa investigação, Truman consegue entrevistar os assassinos do crime Perry Smith (Daniel Craig) e Dick Hickock (Lee Pace). Entretanto, ele consegue um contato mais amplo com Perry, que resulta em uma paixão e diversas confidencias, por parte do criminoso. A sentença de Perry, assim como dos outros criminosos, foi a morte, o que deixou Truman desmotivado e sem forças para escrever novas obras, terminando os seus dias de vida combalido pelas drogas e o alcoolismo.


Por esse motivo, o filme provoca emoções, por se tratar de um romance complicado e até mesmo impossível. No que se refere ao jornalismo, percebe-se que o principal personagem se viu totalmente envolvido com a sua fonte. Além disso, nos instiga a curiosidade sobre as diretrizes do jornalismo investigativo e sobre até onde podemos e devemos ir por uma investigação.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O mercado de notícias


O mercado de notícias, cujo roteiro e direção é de Jorge Furtado, tem 94 minutos e foi aprovado no projeto do Ministério da Cultura, Apoio à Produção de Obras Audiovisuais Cinematográficas do Gênero Documental, em 2011.

O filme fala sobre mídia e democracia, e ao longo da narrativa apresenta brevemente a história da imprensa, desde seu surgimento até os dias atuais e destaca seu papel na construção da opinião pública, interesses políticos e econômicos.

O documentário destaca a questão da credibilidade da notícia e a crescente demanda por informações, que muitas vezes podem acabar se tornando entretenimento. Sendo assim, o documentário de uma forma muito interessante propõe o debate acerca dos critérios jornalísticos, critica a profissão, mas também defende a atividade jornalística.

O jornalista Bob Fernandes destaca que é necessária determinação na atividade jornalística, e que é fundamental para um bom jornalista ter muito conhecimento e noção da função exercida pelo jornalista.

O filme utiliza recursos muito interessantes ao mesclar os depoimentos e cenas de teatro. Estás opções são propícias para captar a atenção do espectador, além de que os exemplos dados são uma forma de aprender. O documentário permeia a essência da atividade jornalística. A produção é baseada numa peça de teatro de 1626, criada por Bem Johson.  


Luana Aparecida

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Um olhar sobre o filme “Confidencial”: do livro as telas do cinema, da realidade à ficção.

Por Warley Carvalho

Imagem da internet


Jornalistas são conhecidos por sua imensa curiosidade pelas coisas, e muitos são aqueles que se beneficiam quando algo do cotidiano ganha destaque nas páginas dos jornais. Mas não é todo assunto que ganhar esse pódio. Transformar um fato em notícia depende de vários fatores, entre eles, o inusitado e o trato que o escritor da ao assunto na hora de redigir a matéria.

Foi um fato assim, simples, que deu origem a obra literária, “À Sangue Frio” (1966), do escritor Truman Capote, considerado um dos maiores romances do século XX e precursor do estilo que viria a ser conhecido como livro-reportagem.

 O livro relata a história do brutal assassinato de uma família na cidade de Holcomb, localizada no interior do estado do Kansas, nos Estados Unidos da América, da ideia inicial do crime até a execução dos assassinos. Capote dedicou seis anos de sua vida para criação da obra, empregando técnicas de reportagem, dados históricos e técnicas de narrativas de ficção.

O livro foi adaptado para o cinema e deu origem a dois filmes: “Capote” (Bennett Miller, 2005) e “Confidencial” (Douglas McGrath, 2006). Ambos contam a mesma história, entretanto com propostas diferentes.

O filme “Confidencial” (2006), nosso foco aqui, traz uma abordagem de mergulho nas emoções de cada personagem. Tudo começa com a curiosidade de Truman Capote sobre a nota curta, no New York Times, sobre o assassinato de uma família que havia chocada toda uma cidade do interior.



O inicio do filme discorre lentamente, é necessário ter folego para os trinta minutos iniciais. Mas aguente firme, o restante das uma hora e vinte oito minutos da trama promete (o filme tem uma hora e cinquenta e oito minutos de duração).

O filme busca mostrar a graduação e a crescente intensidade, tanto da história quanto do envolvimento dos personagens. De forma a levar o espectador do aparente descaso com o cotidiano ao entusiasmo com o suspense regado à romance. Seja pela vida de Capote em festas e ao frequentar o “rai sossaith”, quanto pela rotina pacata dos moradores do interior.

A trama prende o espectador e quando já se está prestes a desistir do filme a surpresa de adentrar a cena do crime e a mente dos assassinos é o ponto certo, como convite e chave, para guiar a atenção nas investigações até o fim.

O filme gira em torno do personagem excêntrico de Truman Capote (interpretado por Toby Jones). Esse pequeno gigante mantém sobe controle, (as vezes não) as forças de fofocas sobre sua relação com o presidiário Perry Smith (interpretado por Daniel Craig).

Sua forte ironia e seu apurado sendo de humor são cartas usadas, com inteligência, ao lidar com os poderes da justiça a fim de conseguir as concessões para as entrevistas. Material que seria minuciosamente usado na redação de seu livro “À sangue frio”, livro este que veio há ser um marco na escrita jornalística.

Marco que também veio ocorrer na vida pessoal do escritor, pois as relações que deveriam ser levadas no mais alto padrão do profissionalismo são fortemente abaladas pela proximidade afetiva de Capote com Smith. Ponto que deixa no ar questionamentos como a relação entrevistador/fonte.

O filme faz uso de elementos comuns como: amor, solidão, medo, amizade, afeto... para humanizar, e em alguns momentos nos colocar familiar ao assassino. Que perturbado, pode ter agido, em sua ação animalesca, num ímpeto de compaixão a fim de minimizar sofrimentos. Pelo olhar de Capote o homicida é digno de compaixão, pois poderia ser qualquer um de nós.

A história do filme se adensa e começa a lançar luz sobre a personalidade do entrevistador. Na medida em que o assassino é pressionado e lavado a fazer confissões sobre o crime, é possível perceber que Truman também é colocado, como diante de um confessionário, em confronto com suas intimas lembranças.

Para ter mais do assassino, terá também que confessar seus mais escondidos pecados. Essa troca entre os atores é que torna os diálogos interessantes e que dá o tom envolvente ao drama.

O fato lamentável é que com um orçamento de estimados US$ 13 milhões o filme não tenha faturado nem 10% deste valor. Ficando à sombra do premiado “Capote” que com um custo em torno de US$ 7 milhões rendeu mais que o quádruplo deste valor, somente nas bilheterias americanas.

Fica agora nas mãos do leitor/espectador assistir e dizer qual é o melhor filme “Capote” ou “Confidencial”?

O filme Cidadão Kane de Orson Welles merece ser classificado como  "o clássico do cinema", e assim o é, não só graças a ele, mas também ao elenco e a equipe técnica que o realizara

Patrick dos Santos

Habilidoso, adjetivo e substantivo que classifica George Orson Welles com objetividade. Ele foi ator, diretor e produtor do filme Cidadão Kane que entrou para história do cinema com o seguinte status,  “clássico”.  O sucesso ultrapassou a marca do tempo e, resinificou o cinema desde o lançamento que ocorrera no dia 16 de junho de 1941.

A equipe técnica que trabalhara com Orson Welles também é merecedora dos créditos, ora, o som, a edição (montagem), a cenografia, a direção de fotografia de Gregg Toland e as marcações de cena também foram realizados com primazia. Sem esta, “obviamente”, ele não teria conquistado tal proeza. Dessa forma, o filme Cidadão Kane entrara para a história impressionando críticos e espectadores até os dias de hoje.

O filme fora realizado no estúdio Mercury Pictures / RKO Radio Pictures dos Estados Unidos. Participara do elenco: Agnes Moorehead, Buddy Swan, Dorothy Comingore, Erskine Sanford, Everett Sloane, Fortunio Bonanova, George Coulouris, Georgia Backus, Gus Schilling, Harry Shannon, Joseph Cotton, Orson Welles, Paul Stewart, Phillip Van Zandt, Ray Collins, Ruth Warrick, Sonny Bupp, William Alland.  

Recentemente, a Associação de Diretores de Cinema e TV dos Estados Unidos, “Directors Guild of América (DGA)”, elegera e divulgara a lista dos 80 melhores filmes dirigidos do mundo. Ficou registrado nesta, os nomes de diretores como: “Alfred Hitchcock, Francis Ford Coppola, Woody Allen, Stanley Kubrick, Stiven Spielberg, e claro, Orson Welles”, o filme deste assumiu a segunda posição, ficando atrás de O Poderoso Chefão, conforme classificara a lista da associação.
    


O Profeta Samuel Wainer


Por Paula Alves

Minha Razão de Viver: Memórias de Um Repórter é um livro autobiográfico de Samuel Wainer. Seus relatos foram ditados, em forma de entrevista, a Sérgio de Souza e a Marta Góes. A vontade de Wainer era que o texto viesse à tona 25 anos após sua morte. Assim aconteceu. Sua filha Pinky Wainer, na companhia de Danuza Leão, transcreveu o material. Augusto Nunes organizou-o.

Os fatos enumerados no livro sucedem da relação de Wainer com o Jornalismo, materializada na fundação do jornal Última Hora, em junho de 1951. À época (como hoje), pensar a informação era pensar, também, no conflituoso cenário político, na indissociável correspondência entre os dois campos. Samuel tinha o hábito de não anotar o que seus entrevistados diziam. Para ele, quanto mais livres eles se sentissem, mais coisas poderiam ser ditas.

Tinha, no sangue, a habilidade de entrevistar com maestria. E foi por meio dessa arte que o jornalista resgatou Getúlio Vargas do esquecimento e colaborou para que o político voltasse ao poder. Em solo gaúcho, Wainer foi incumbido de realizar uma grande reportagem sobre o trigo. Assis Chateaubriand orientou-o que a defender que o País não poderia produzir, de modo autossuficiente, a commodity. Inquieto, convicto do contrário, Samuel mudou o rumo da pauta. Da história.

Há dois anos, desde 1947, o ex-presidente não falava com a imprensa, e aceitou ser entrevistado pelo jornalista. Esse fato é considerado divisor de águas. No livro, é relatado minuciosamente, com riqueza de detalhes. São Borja foi palco do início de uma grande – e multifacetada – amizade. A promessa de Vargas, de que voltaria, cumpriu-se em 1950. Fez brotar em Wainer o sentimento de missão cumprida. Mudou, assim, a concepção que ele tinha sobre o Getúlio de outrora, do Estado Novo.

No poder, sob oposição que tinha como protagonista Lacerda, Getúlio estreitou os laços com Wainer. Este o apresentou a Assis Chateaubriand. A relação entre Chatô e Wainer não era saudável, e as conturbações mais intensas são descritas na obra. Desse impasse, e da sugestão de Getúlio, nasceu o periódico Última Hora. Veementemente, Lacerda voltou-se contra o jornal, seu dono e, claro, contra Vargas. Desse embrólio, duas acusações exploradas na autobiografia: que o jornal fora construído com operações de crédito fraudulenta e que Wainer era estrangeiro, fato que impedia seu vínculo societário com veículos de comunicação, levando em consideração a lei vigente.

Como desdobramento dessas acusações: a traição de Getúlio, os tiros efetuados em Lacerda. A conspiração. O suicídio do presidente. O golpe de 1964. Em 68, o jornalista, depois de percalços financeiros para manter o Última Hora, retorna ao Brasil. Em 77, não mais dono do jornal, ingressou-se na Folha. Lá esteve até sua morte – 2 de setembro de 1980. Minha Razão de Viver: Memórias de Um Repórter dá conta dos mínimos e despercebidos detalhes de vida de Samuel Wainer e de figuras caras à nossa história. Não só do jornalismo, mas também da política. Daquilo que nos define.

A MUDANÇA NO MUNDO DAS LETRAS

Por Paula Alves

Capote, lançado há dez anos, é um filme dirigido por Bennett Miller. Pertence ao gênero biografia; conta, assim, a história de sucesso – de transformação da Literatura e do Jornalismo – do icônico Truman Capote. A leitura que ele fizera em 1959, de um artigo no New York Times, que falava sobre o assassinato de quatro membros de uma família de fazendeiros (Clutter) em Holcomb, cidade do estado americano Kansas, localizada no Condado de Finney, mudaria substancialmente o modo de narrar acontecimentos factuais. Sua inquietação e sua devoção às palavras são interpretadas magistralmente por Phillip Seymour Hoffman.

Capote confia. Capote prova que histórias reais podem ser tão ou mais emocionantes que as ficcionais. Impulsionado e acompanhado por Harper Lee, amiga de infância, ele viaja até o local do crime. Leva seu jeito irreverente, de modos espontâneos e repletos de liberdade. Para comunicar-se com todos, demonstra autenticidade; não muda a voz considerada infantil, não subtrai as maneiras convencionadas feminina. Ganha a confiança do agente líder da investigação, Alvin Dewey. Ganha o temor e vai até a prisão encontrar-se com os autores do crime, Perry Smith e Dick Hickock. Ousado, dá vazão às suas ânsias, colhe material suficiente para, de modo magnífico, revolucionar narrativas já estabelecidas como únicas e passíveis de crédito.

Tal ensejo possibilitou a construção de A Sangue Frio, livro reportagem consagrado dentro do Jornalismo e da Literatura, sobretudo na hibridização dos dois gêneros – na prática de reportagem denominada Jornalismo Literário. Capote tinha prestígio quando se aventurou a investigar e escrever sobre o caso. Talvez por isso, permitiu-se ser envolvido pelos personagens – nota-se, por exemplo, sua manifestação emotiva quando conhece a história de infância de Perry Smith.

Para além das cinco indicações ao Oscar 2006, Capote coloca-nos no debate que se arrasta ao longo dos anos sobre a ética na condução do fazer jornalístico. Envolve questões como a relação que deve ser estabelecida com a fonte e os limites a serem respeitados. A questão, de modo sumário, é: “Vale tudo pela narrativa?.

Seis meses foram necessários para que o jornalista escrevesse o livro sobre o acontecimento. Os condenados foram executados, e o mundo das Letras não seria mais o mesmo. Na discussão que envolve a permanência do Jornalismo e sua consequente inovação, a ousadia de Capote é essencial aos profissionais da comunicação. Novas narrativas, novas formas de contar coisas reais. Reside aí o chão da posteridade.

domingo, 19 de junho de 2016

Minha Razão de Viver- Memórias de um repórter

A grande história de Minha Razão de Viver- Memórias de um repórter gira em torno de Samuel Wainer, jornalista e amigo de Getúlio Vargas. O livro de 282 páginas também narra a relação de ódio entre Carlos Lacerda e Wainer.

O Jornalista trabalhou no Diário dos Associados e em 1938 fundou com Azevedo Amaral pelo jornal, a revista “Diretrizes”. Foi por meio desta revista que Wainer iniciou suas relações com Vargas, tornando- a com o perfil populista.

 Wainer realiza o seu grande sonho de criar o próprio jornal, conhecido como “Última Hora”, o jornal apoiava Getúlio, já que foi financiado pelo mesmo. A trajetória da mídia no Brasil e sua ligação com a política é muito antiga. A primeira relação da imprensa no Brasil com a política veio com a família real, em 1808, com a criação da Impressão Régia. Nesta época tudo que se publicava na Impressão passava por uma comissão para fiscalizar que nenhum conteúdo contrário a religião, governo e bons costumes fosse publicado.

Um exemplo bem próximo a história de Samuel Wainer é a própria história de Assis Chateaubriand que construiu um império na comunicação. Segundo historiadores, tudo que Assis conquistou foi com interesses e compromissos políticos, incluindo a proximidade com o próprio presidente Getúlio Vargas.

A situação política atual de ‘parcerias’ entre os políticos e empresários da comunicação permanece em muitos lugares intacta. Neste ano, o prefeito de Montes Claro, Ruy Muniz, assumiu o controle do jornal Hoje em Dia. A empresa Ediminas, proprietária do jornal, foi criada em 1988 pelo então governador Newton Cardoso, segundo ele, a ação foi em resposta a uma suposta perseguição que o político sofria por parte do jornal Estado de Minas.

Podemos dizer que também atualmente existe um oligopólio na mídia brasileira que é influenciada pela política, já que grandes políticos como Ruy é que estão à frente da comunicação.

A biografia de Wainer foi lançada pela sua filha, Débora Pinky Wainer e pelo jornalista Augusto Nunes, oito anos após sua morte. Baseada em 53 fitas gravadas narradas em primeira pessoa sobre sua infância  no bairro Bom Retiro, em São Paulo, até os momentos vividos em seu jornal Última Hora. O jornalista nasceu em Bessarábia, Rússia, em 19 de dezembro de 1910 e chegou ao Brasil aos dois anos de idade com seus pais.

Luana Aparecida



Resenha do filme: Confidencial


Laura Sampaio

Lançado em 2006, o filme "Confidencial" dirigido por Douglas Mcgrath, conta a história por trás do romance A sangue frio, obra do escritor e jornalista Truman Capote, sobre um caso de assassinato ocorrido no ano de 1959 no Kansas, Estados Unidos.  

Interpretado por Toby Jones, o filme retrata a investigação de Capote após se interessar pelo o caso de assassinato dos quatro membros da família Clutter que tomou conhecimento através de uma pequena nota em um jornal.  

Fascinado pela história, Capote parte junto a sua amiga e escritora Nelle Harper Lee (Sandra Bullock) em direção a uma cidade interiorana do oeste, povoada por famílias que mantêm convivência de confiança, mas que a pouco recebiam a notícia da tragédia.  

Interessado em investigar com o objetivo inicial de produzir uma reportagem especial para a revista New Yorker, começa a apurar os fatos. Diante do conhecimento das informações, Truman percebeu que aquela infortuna história era digna de ser contada com uma maior riqueza de detalhes, que mais tarde, se tornaria um livro novela intitulado "A sangue frio". 

Com boa capacidade de relacionamento, tornou-se amigo de todos que poderiam ser possíveis fontes e usou de todos os artifícios para que pudesse contar os pormenores daquele caso.  

Determinado e estimulado por sua curiosidade, a forma com que conseguia cativar as pessoas, lhe garantia as informações que precisava. Mesmo enfrentando dificuldades como a indisposição dos moradores em falar do caso e o sigilo das autoridades, Truman conseguiu se infiltrar na casa de uma das autoridades encarregada do caso, assim ficando mais próximo das investigações do crime.  

Após também conseguir acesso ao presídio para que pudesse conversar com os dois autores do crime Perry Smith e Richard Dick Hickock, com custo conseguiu ganhar a confiança dos assassinos. 

Com a grande frequência de visitas aos presos, Capote conseguiu a declaração dos próprios autores do crime, detalhes da brutal cena do crime, podendo explorar sensações e sentimentos de Perry e Richard. 

Entre as frequentes visitas, Truman que era homossexualtinha desenvolvido uma ligação amorosa por um dos homens e sentindo-se atraído, trocou um beijo com Perry. Mas ainda focado na produção de seu livro, com a confissão dos presos, os assassinos foram condenados a forca. 

Com este fim, Capote e Perry não tiveram a oportunidade de desfrutar a fundo o relacionamento, o que possivelmente levou aos amigos do autor a acreditarem que após a morte de seu amor ele mudou de tal forma. que se quer era capaz de escrever como antes.  

A trama nos revela de forma curiosa como a relação entre um jornalista e uma fonte pode se aprofundar através do jornalismo investigativo. Além claro da aplicabilidade e implementos do jornalismo investigativo, que exige de seus profissionais inteligência, persistência e sobretudo uma excelente capacidade de analisar o que se passa nas singularidades de um caso.