domingo, 26 de junho de 2016

Resenha – Confidencial (2006)


Thiago Martins

O modo de vida divertido que levava Truman Capote, interpretado por Toby Jones, no início do filme, nem de longe anunciava o quão intensa, grande e dramática a trama iria se tornar. Foi lendo uma pequena nota de um jornal que falava sobre uma chacina no Kansas, EUA, em 1959, que o escritor se interessou pelo caso e decidiu desvendar a história – mas não sem convencer a amiga de infância Nelle Harper Lee, vivida por Julia Roberts, a ir junto com ele para o local do crime.

A medida em que Capote vai se aproximando da realidade do crime, o filme se aproxima de realidade do personagem. Ele conhece os dois autores dos assassinatos, Perry Smith (Daniel Craig) e Dick Hickock (Lee Pace), e dá à eles e ao espectador a oportunidade de conhecê-lo também. Ao final, as noites luxuosas e badaladas de Truman em meio à alta sociedade nova-iorquina e nada se assemelham aos dias inteiros dedicados a entender o porquê de dois homens terem assassinado uma família inteira de camponeses.

Da relação com a justiça americana, passando pelo contato com os moradores da pequena cidade e chegando a uma espécie de romance entre Capote e Smith, o filme nos faz pensar sobre várias questões que cerceiam o jornalismo, como a apuração dos fatos, o faro jornalístico, a relação com a fonte e com as autoridades e a forma de transformar um fato em notícia. No caso do escritor, em livro, e de romance de não-ficção, como ele mesmo definiu.


A Sangue Frio, o livro original que reúne toda essa história, foi e continua sendo uma publicação capital no que diz respeito ao jornalismo literário. A obra-prima de Truman Capote foi, também, talvez o seu último grande lançamento. Talvez pelo impacto causado pela morte de Perry Smith, condenado à forca pelos assassinatos no Kansas. A certeza é que a partir daí, a forma de se fazer e de se pensar em literatura mudou completamente.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Resenha do livro – Minha Razão de Viver 


Laura Sampaio 


Em sua autobiografia, Samuel Wainer conta através de suas memórias, experiências no universo do jornalismo, uma narrativa cativante organizada pelo colega de profissão Augusto Nunes em virtude de sua morte.   

O livro conta pouco da vida pessoal de Wainer, mas dedica sua maior parte a razão de viver do jornalista (sua atividade profissional). As poucas vezes em quem há passagens sobre a vida pessoal do autor, estão sempre vinculadas ao jornalismo e sua dedicação pela profissão. 

Sua admiração pelo ofício, o fez fundar seu jornal diário intitulado Última Hora, com o auxílio de Getúlio Vargas que na época não tinha o apoio dos donos de jornais. A princípio, a intenção era que o jornal pudesse trabalhar junto ao governo. Com o país contra a candidatura de Vargas, Wainer foi o único a acompanhar os comícios de Getúlio pelo Brasil, afrontando a imprensa conquistando assim inimigos como Carlos Lacerda e Chateaubriand. 

Preocupado com sua redação e ideologia esquerdista, os recursos que arrecadava através das influências que tinha durante o governo Vargas e Juscelino, poderiam tê-lo feito rico, mas todos eram investidos na redação de seu jornal procurando garantir ao seu leitor um jornal de qualidade. No entanto não sentiu vergonha de admitir que em muitos momentos de sua vida, se deixou envolver pela fama e reconhecimento. 

Última Hora se expandiu para outros estados e envolvido nos bastidores da imprensa, Wainer conta suas experiências tais como quando mentiu sobre enviar 200 profissionais para cobrir uma Copa do Mundo, quando na verdade as matérias eram produzidas por agências internacionais, e o texto era alterado aqui. Além disso, o jornal denunciava intrigas, falcatruas e acordos políticos da época, tendo ele participado em troca de financiamento para suas edições. 

O relato que mais se destaca na obra é sobre o início da Ditadura Militar no país e a censura da imprensa. Wainer narra um caso em que precisou de valer da amizade com um militar para que pudesse evitar ser preso novamente, além de buscar refúgio no exterior por conta do regime, tendo assim que deixar o jornal aos cuidados de amigos, até chegar ao ponto de ter que vender "sua razão de viver". 

No final de sua vida, Wainer volta a escrever para o Última Hora, quando estava sob os cuidados de Octávio Frias dono do jornal Folha de São Paulo. Faleceu aos 68 anos, vítima de insuficiência respiratória. 

A obra é marcada principalmente pela dedicação de Samuel Wainer ao ofício, marcando para sempre a história do jornalismo nacional. 


Resenha - Minha razão de viver

A autobiografia de Samuel Wainer nos conta a história de um garoto que saiu fugido do seu país, devido a perseguições, para construir a história da sua vida nos jornais brasileiros.

O livro navega pelas memórias de Wainer. Momentos marcantes na história do jornalismo. Em meio de grandes acontecimentos e grandes coberturas, Wainer teve a oportunidade de descrever fatos históricos, como por exemplo, o suicídio de Getúlio Vargas, que se tornou seu amigo.
  
A amizade com Getúlio Vargas, permitiu que Wainer conhecesse o que se tinha por traz da política brasileira da época. O jornal Última Hora teve papel importante no governo que antecedeu o suicídio de Vargas e o momentos de manifestações populares.

Tanto Getúlio quanto o governo do PT se mostram como governo do povo, para o povo. Um governo que busca elevar os mais pobres a ter uma vida melhor e mais próximas aqueles que são das classes média e alta. Assim como no momento de crescimento do partido dos trabalhadores, com Lula, Getúlio visava um crescimento da classe operária. Tanto as medidas que foram dadas no governo petista quanto as medidas de Vargas levaram a elite brasileira a uma rusga com o governo.

Crises e cobranças são e foram as tônicas dos governos de Vargas e Lula\Dilma. As pressões políticas e sócias fazem com que parte da imprensa tome partido a favor ou contra. Notícias criadas, fatos descobertos, população furiosa e assustada com a crise e com a falta de emprego.

É possível ver que o interesse político e a influência das mídias podem alterar o rumo de um governo e a vida de toda uma população, tanto na década de 50 quanto nos anos 2000.


Yuri Carlos Lira Fonseca - 11311530

Resenha do Filme - Cidadão Kane

Encontrando nosso íntimo. Assim podemos nos sentir após o final do filme “Cidadão Kane”. O diretor, produtor e ator Orson Welles nos leva a uma reflexão sobre quem somos em nosso interior mais íntimo.

Usando de uma palavra que ninguém sabia o significa, o personagem Foster Kane morre deixando um mistério para as pessoas que o cercavam responder. Um homem que podia ter tudo, e que tinha tudo, ao fim de sua vida se mostrava vazio, e com uma palavra nos leva a entender que apesar de famoso e bastante influente, Kane tinha o seu lugar especial dentro de si.

Com uma lembrança de sua infância conseguimos entender o que nenhum personagem conseguiu descobrir, que aquele homem cheio de pessoas ao seu lado, cheio de bens, teve sua vida retirada quando criança. Passou sua vida vivendo sem poder viver aquilo que mais queria.

Com uma equipe técnica muito qualificada, o filme de 1941, foi considerado pela Associação de Diretores de Cinema o segundo melhor filme de todos os tempos, ficando atrás apenas do lendário “Poderoso Chefão”.


Yuri Carlos Lira Fonseca - 11311530

Livro - Minha Razão de Viver

Samuel Wainer gravou memórias que, posteriormente, se transformaram no livro "Minha razão de viver", de 2005. Na obra, o jornalista que teve grandes relações no meio político, incluindo com o ex-presidente JK e Getúlio Vargas, narra histórias dos bastidores do cenário político brasileiro, da criação do jornal "Última Hora" e de diversos acontecimentos históricos do país.

Da narração da criação de sua razão de viver, o "Última Hora", percebemos semelhanças com o cenário atual do Brasil. Sonho antigo de Wainer, a publicação iniciou-se com a ajuda de Getúlio Vargas, já em seu segundo mandato na presidência. Certa vez, quando deslocado para fazer uma reportagem sobre o trigo no sul do país pelos Diários Associados, Wainer mudou o percurso do avião e pousou na fazenda do então senador Vargas, que lhe concedeu uma exclusiva e disse que voltaria ao comando da nação. Desse encontro nasceu uma amizade, recheada de interesses mútuos, entre Vargas e o jornalista, e Wainer viu sua carreira deslanchar. Quando assumiu a presidência novamente, Getúlio precisava de uma publicação que lhe apoiasse, já que a maioria esmagadora da imprensa brasileira era contra seu modo de governar. Daí nasceu o jornal de Samuel, que foi defensor de Vargas até sua venda, em 1971.

Vê-se então que, por interesses dos dois lados, Vargas e Wainer se apoiaram. E o mesmo acontece hoje na imprensa brasileira, com veículos de comunicação apoiando grupos políticos. Muitas das vezes essas mídias apoiam-se no princípio da imparcialidade, o que não costuma ser não é real. O que diferencia o trabalho de Wainer e o da imprensa de hoje é a parcialidade declarada: Wainer apoiava Vargas de diversas formas, inclusive publicando em sua primeira edição uma carta do governante; já os veículos de hoje dizem-se imparciais, quando "jogam" a partir de seus interesses e querem fazer seu público acreditar que, apesar de tudo o que divulgam, não têm "um lado". 

Carinna Viganor Horta

Filme - Confidencial

Confidencial (2006) é baseado no livro A sangue frio que pertence ao jornalista Truman Capote, que intitulou a própria obra como o primeiro romance de não-ficção que abriu as portas para o Novo Jornalismo. A história retrata o assassinato dos quatro membros da família Clutter, que ocorreu no Kansas em 1959 nos Estados Unidos.

A proposta inicial era produção de uma reportagem especial para a revista New Yorker, por isso o autor desembarcou com a sua amiga também escritora, Nelle Harper Lee, na cidade de Holcomb para apurar as informações da tragédia que abalou os moradores.

Mas ao decorrer do processo de apuração o autor ficou tão fascinado com o acontecido, que o projeto inicial de se produzir uma reportagem passou para a produção de um livro. 

Capote mergulhou profundamente nos fatos para que nenhum detalhe escapasse dos seus registros. O interesse em descobrir o motivo do crime era tanto, que o escritor passou a conviver diariamente com Perry Smith - um dos assassinos - na prisão.

Toda essa aproximação com Perry resultou em um romance vivido durante o período de elaboração do livro. Nessa mesma época o criminoso também esperava por seu julgamento. Após a sentença e a decisão de que Perry seria condenado com pena de morte, Capote ficou fortemente abalado.

Com a morte de Perry, Capote se entregou ao álcool e a drogas, e acabou falecendo em Los Angeles, em 1984, após uma parada cardíaca. A sangue frio é considerado sua última grande obra de relevância. Foram seis anos intensos vividos pelo jornalista para que o livro-reportagem fosse finalizado.  

Carinna Viganor Horta


quinta-feira, 23 de junho de 2016

Resenha do filme "Confidencial"

Izabella Medeiros


Baseado no livro A sangue frio, de Truman Capote, o filme Confidencial, interpretado pelos protagonistas Toby Jones, Sandra Bullock e Daniel Craig, apresenta-nos a biografia do que viria a ser o primeiro livro-reportagem feito por um comunicador. Sob o roteiro e a direção de Douglas McGrath, a obra foi lançada em 2006.

O longa conta a história de uma densa e persistente investigação, realizada no ano de 1959. O então repórter Truman Capote lê um artigo sobre um brutal assassinato de uma tradicional família no estado do Kansas, nos Estados Unidos, e decide se dedicar ao caso. Ao lado de uma colega de trabalho, ele tem a devida permissão para tratar o caso.

Capote presenciou o julgamento dos acusados e se dispôs a ir atrás deles busca de respostas. As conversas de Capote com os assassinos Perry Smith e Dick Hickock são peças-chave do filme. Aos poucos, o jornalista ganha a confiança de um dos assassinos e consegue as respostas que tanto queria.
O filme nos conduz a pensar, ainda no início, que o objetivo de Capote era apenas a criação de uma reportagem especial para a revista New York, onde ele era um renomado repórter. Contudo a exaustiva dedicação e até mesmo ousada forma como o escritor se aprofunda no caso mostra-nos que Capote, na verdade buscava um romance, um olhar diferente para o acontecimento, algo especial que ele desejava ver.

Confidencial nos faz refletir sobre os limites do envolvimento com a fonte e a história que quer se contar. A todo instante, o bom jornalista se preocupa em olhar para fatos do cotidiano de forma peculiar e sensível. O filme também meche com nossas emoções, medos e desejos. Admiramos a paixão e se de Truman Capote pelo gosto de contar histórias, mas nos questionamos sobre aquela velha pergunta: até onde vale a pena abandonar princípios éticos para realizar uma satisfação pessoal?